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Desde a barriga

Vivências musicais na primeira infância abrem portas para a sensibilidade
 


Foto: Maynara Aguiar
 

É nos primeiros meses de gestação que o bebê começa a desenvolver a audição. A partir daí, está aberto a estímulos sonoros, como vozes, cantigas e sons de instrumentos. As vivências musicais possibilitam não só cantarolar, fazer sons, ouvir música e experimentar objetos sonoros, mas também podem funcionar como uma espécie de ponte entre o bebê e o mundo externo durante a gravidez e, mais tarde, como um processo ativo presente vida afora.

“Assim como na primeira infância, desde o nascimento, aprendemos nossa língua materna, a aprendizagem musical também pode acontecer nesse período, a partir da formação de um repertório de escuta e do nosso potencial natural para esse desenvolvimento”, explica o músico-educador Wlad Mattos. “Como no desenvolvimento da linguagem, a aprendizagem musical acontece desde a infância e principalmente na primeira infância, de zero a quatro anos. Por isso, a forma mais eficiente é ‘conversar musicalmente’ cantando, tocando e ouvindo música com a criança, da mesma forma que para ensinar uma criança a falar é preciso falar com ela.”

A intenção principal das vivências musicais, segundo a educadora musical Teca de Alencar Brito, não é preparar o bebê para um futuro fazer musical, para tocar instrumentos ou se tornar um pequeno compositor. “É mais para poder compartilhar, brincar com a música, entrar em contato com diferentes materiais adequados à faixa etária da criança que a permitam explorar e  responder de forma espontânea e criativa”, explica ela. Teca observa que, muitas vezes, a procura por vivências musicais na primeira infância está ligada à busca dos pais pelo desenvolvimento da concentração, atenção e raciocínio, mas que o mais importante é a experiência com a música em si. “A postura tem que ser aberta para que aos poucos os bebês, dependendo da idade, cantarolem, peguem o instrumento e descubram os sons, criem relações entre o gesto e a escuta, por exemplo ao manipular um chocalho. O resto dos benefícios será consequência”, completa.

Trabalhar a música na infância não quer dizer apenas lançar mão de um repertório tradicional já existente, explica Teca. “Junto disso é importante poder fazer brincadeiras musicais, ouvir e também ter a liberdade de inventar, tocar instrumentos não necessariamente ‘como manda o figurino’, produzir gestos, entrar no jogo com a criança e a potência que a música tem”, completa.
 

Desafios

Um dos desafios, segundo Wlad, é tratar a escuta musical como um fazer ativo. “Isso quer dizer ouvir música não enquanto fazemos alguma coisa, e sim que o ato de ouvir música seja um fazer. É importante estimular isso na infância”, observa o educador.

Outro ponto importante, avalia Teca, é o aprendizado a que determinados gestos podem estar associados à produção de certos sons, o que pode começar a ser explorado em casa desde cedo. “Se há um chocalho no berço, o bebê pega, independentemente de fazer aula de música ou não. Tudo isso é muito importante, e quando ocorre de forma orientada, respeitando a singularidade de cada bebê, é possível que eles explorem por si próprios os brinquedos sonoros”, explica. “É muito importante que esse trabalho com a música desde criança seja um fator de abertura da percepção, da sensibilidade, de uma postura criativa, sem esquecer que o trabalho vai crescendo com a criança. As crianças crescem, mudam os modos de se relacionar com a música e os materiais que buscam, mas, se elas tiverem uma oportunidade de vivenciar coisas sensíveis e que ao mesmo tempo apontem para o criativo, elas vão agregando complexidade ao que fazem e levam isso para a vida.”

 

Espaços para experimentar

Programa oferece atividades para estimular o brincar como expressão legítima da criança

Ligadas ao Programa Espaço de Brincar, do Núcleo Infâncias e Juventudes da Gerência de Estudos e Programas Sociais, as atividades direcionadas à primeira infância desenvolvidas pelo Sesc têm como foco o brincar como expressão legítima da criança. Por isso, o espaço físico e a programação em torno da temática se apoiam em diferentes linguagens, como a música. Conheça algumas atividades:

Oficina Sensorial | Sesc Santo Amaro
Voltada ao público de 0 a 3 anos, a oficina realizada nos dias 5 e 19 de março, às 11h, reúne pais e os curadores Virgínia Walton e Yasmim Flores para uma vivência sensível que possibilita que as crianças descubram o mundo externo e o interno, passando por um circuito sensorial.

Mais informações no Portal SescSP


Pequenos Gestos | Sesc Itaquera
Encontros, vivências, oficinas e intervenções artísticas voltadas para a primeira infância. O projeto Pequenos Gestos traz atividades que destacam principalmente a interação e o cuidado das famílias com seus bebês, valorizando esse momento de descobertas no mundo das artes, natureza, sociedade, além de propor momentos de conversa e troca de experiências sobre ser mãe e ter um bebê na família.

Confira mais informações
 

Bebê a céu aberto | Sesc Interlagos
Com brincadeiras, vocalização, contato físico e estímulos ambientais positivos, vivências lúdicas, intervenções e apresentações musicais para o público infantil, as atividades promovem espaço de acolhimento, aconchego, liberdade e interação entre pais, mães e filhos de 0 a 3 anos. 


Caixinha de Música | Sesc Belenzinho
Projeto Caixinha de Música traz para o Sesc Belenzinho shows infantis buscando o encantamento e a descoberta dos diferentes gêneros musicais que compõem o imaginário infantil, promovendo o encontro entre os adultos e as crianças ao compartilharem canções e momentos de convívio.

Saiba mais no Portal SescSP

 

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