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Como são feitas as escolhas alimentares hoje?

Por Marle Alvarenga*

As escolhas sobre o que comer não são simples, mas determinadas por múltiplos fatores, ligados à própria comida (sabor, valor nutricional, aparência...), ao ambiente (disponibilidade, cultura local, mídia), e ao comedor. No caso deste último, a pessoa que come, os determinantes podem ser divididos entre biológicos, socioeconômicos, antropológicos e psicológicos.

Portanto, pensar a escolha como algo automático e simplista é equivocado. As motivações para alguém escolher e comer o que come são múltiplas e complexas, e passam por processos (mesmo que não conscientes) de avaliação, decisão, até chegar às ações de fato.

Nesse processo é fundamental pensar a cultura e a sociedade como fatores também múltiplos focados neste seminário. Esses fatores mudam com o tempo, o local, as influências. Em um mundo hoje muito globalizado e transformado, eles têm efeito também sobre as escolhas alimentares, com ruptura de tradições e valores. Mas, mesmo em meio a essas influências, persistem valores pessoais e familiares, que devem ser pensados e destacados.

Com relação à saúde, é fundamental considerar que todos hoje sabem, de alguma forma, da importância de uma alimentação saudável. O acesso à informação se ampliou muito, e nutrição e alimentação estão sendo discutidos em vários cenários e por várias pessoas. No entanto, as pessoas não estão mais saudáveis – física ou emocionalmente.

Falar mais de nutrição não faz as pessoas terem melhores escolhas necessariamente; algumas, na verdade ficam mais neuróticas. Daí a importância de entender as escolhas alimentares em seus múltiplos determinantes, fazer um resgate da comida – que é mais importante que o nutriente – e pensar o comedor além de suas questões biológicas.

 

* Marle Alvarenga é Nutricionista, Pós-doutora, doutora e mestre em Nutrição pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP). Orientadora pelo Programa de Pós-graduação em Nutrição em Saúde Pública, na Faculdade de Saúde Pública da USP, e supervisora do Grupo de Nutrição do Programa de Transtornos Alimentares (AMBULIM), do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da FMUSP. Coordenadora do Grupo Especializado em Nutrição, Transtornos Alimentares e Obesidade (GENTA). Idealizadora do Instituto Nutrição Comportamental. Ela foi uma das palestrantes do Seminário Internacional Conexão Comida. As gravações completas das mesas e conferências está disponível aqui