Postado em
Aquela que ilumina a escuridão
Esse ano celebra-se o 50º aniversário da primeira vez que o homem andou sobre a Lua. Com isso, o Sesc Santo André apresenta a exposição Selenograma Lua Tempo Design, com curadoria da designer Mari Pini. A mostra, que ocupa a Galeria da unidade até novembro, se divide em diversas frentes e reflete sobre as influências lunares nos mais diferentes campos do conhecimento.
Selenograma Lua Tempo Design nos leva para uma viagem gráfica por calendários lunares minimalistas editados anualmente por Mari Pini desde 1977, trabalho que captou 15.340 luas em suas trajetórias ao longo de sucessivas noites até os dias atuais. Além da ocupação na Galeria, o Gramado do Sesc Santo André recebe A Grande Lua, intervenção iluminada que representará as diferentes fases da Lua ao longo dos próximos meses.
[Foto: Guilherme Luiz de Carvalho]
Ainda fazendo parte da exposição, A Voz da Lua, vídeo com concepção da curadora Mari Pini, direção e produção da Bijari, tem como base um longo sobrevoo sobre a Lua, captada pela Sonda Espacial Kaguya do Japão, com imagens lentas sobre sua superfície.
Para a curadora, a mostra elenca “a Lua como objeto de multiplicidade de projeções do homem, observação, contemplação, estudos, inspiração, imaginação, desejo, conquista. Recria o universo lunar através de um ambiente cenográfico com percurso multifacetado com abordagem científica, astronáutica, poética e simbólica, apoiado no trabalho visual e de ampla pesquisa”.
O Almanaque da Lua, preparado por Mari Pini, imerge o público nas mais variadas temáticas que envolvem o único satélite natural da Terra: dos conceitos científicos aos simbolismos; dos fenômenos terrestres e calendários às conquistas do território lunar; das teorias e mistérios às obras de ficção científica.
A cosmologia, ciência responsável pelo estudo do cosmos, propõe diversas teorias para o surgimento da Lua. Que idade tem a Lua? De onde ela surgiu? São questões que levantam uma série de hipóteses: Terra e Lua poderiam ser formações contemporâneas; ou que nosso satélite natural já tenha sido outro planeta, raptado agora pelo campo gravitacional terrestre; ou que, devido à rotação acelerada da Terra, a Lua tenha se formado a partir de uma grande porção de terra que se desprendeu da superfície e passou a orbitar a atmosfera. Ou ainda, a teoria mais aceita, a Lua tenha se formado após uma colisão de grandes proporções entre planetas.
Apesar de ser chamada única e popularmente de “Lua”, nosso satélite natural tem nome próprio: Selene. O nome dado pelos gregos faz homenagem ao culto da deusa iluminada, que representa feminilidade, fecundidade, fertilidade e tudo que é ligado ao feminino. Sua permanência transitória lhe afere o papel de guardiã das noites, aquela que ilumina a escuridão, penetra no subconsciente dos sonhos, evoca o psiquismo e a intuição, se liga à forma afetiva de se relacionar. Não à toa, o período das fases da Lua (29 dias) se assemelha ao ciclo menstrual da mulher.
No lado da razão e da ciência, a Lua é único corpo celeste já alcançado pela presença da humanidade. O astro, que está a meros 380.400 km de distância da Terra, se tornou o emblema da disputa entre EUA e a antiga URSS durante a Guerra Fria. Do lado russo, o Sputnik, primeiro satélite artificial, lançado em 1958, e a viagem de Iuri Gagarin, primeiro homem a viajar pelo espaço, em 1962, impulsionaram forte investimento financeiro e tecnológico dos americanos. Após as novidades dos russos, o ex-presidente John F. Kennedy lançou o desafio de “enviar homens à Lua e retorná-los a salvo até o fim da década”. Como resultado, as missões do Programa Apollo levaram Neil Armstrong e Edwin Aldrin a serem os primeiros homens a pisarem em solo lunar, em 1969. Depois deles, mais dez homens pisariam na Lua até hoje.
A partir de sua pesquisa, Mari Pini nos convida a refletir sobre o que esses feitos nos referenciam atualmente: como a conquista do território lunar nos aproximou do objeto? Como a ciência avançou em seus propósitos? Quais conhecimentos se renovaram em relação ao nosso satélite natural? Com essas e outras questões, Selenograma Lua Tempo Design aproxima o público de medidas do tempo, as fases da Lua e sua relação com homem, a percepção dos fenômenos lunares e um mergulho no imaginário simbólico evocado pela Lua durante toda a história da humanidade.
Exposição Selenograma Lua Tempo Design segue em cartaz na Gleria do Sesc Santo André até o dia 17 de novembro de 2019.