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Batuk com K
2013 já está na reta final e as famosas listas de melhores do ano já pipocam nas revistas e em sites especializados. No mundo da música, um nome feminino começa a tomar a frente das seleções entre os mais relevantes veículos do gênero. Karol Conka já chama a atenção naturalmente e deve chamar ainda mais, seja pelas faixas de seu álbum de estreia, o aclamado Batuk Freak, seja pelo inspirado dueto com Boss in Drama, Toda Doida, a MC, cantora e compositora curitibana deve fechar o ano como a maior porta-voz das mulheres na música urbana brasileira.
Não é para menos. Após somar mais de 1 milhão de visualizações de seus videoclipes no YouTube e receber o prêmio de “Aposta MTV” no VMB de 2011, Karol superou todas as expectativas em seu álbum de estreia, amadureceu sua performance de palco e criou uma nova diretriz para a música pop nacional, que deve ser muito imitada daqui para a frente. Com visual colorido, que lembra um pouco o das anti-divas M.I.A. e Nick Minaj, Karol traz letras descontraídas, bem humoradas e eficientes, mescladas à batidas fortes e empolgantes que já lhe renderam, nesta temporada, o troféu de "Revelação" do Prêmio Multishow. Mas a artista Karol Conka vai além da produção original e bem cuidada. "A alegria não se cria, ela acontece." - avisa Karol. "Jamais teria conseguido criar um disco nessa vibração se eu não fosse assim." - arremata.
Prestes à se apresentar no Sesc em Rio Preto, para fechar com louvores a programação musical da unidade neste ano, Karol falou à EOnline sobre sua trajetória, seu estilo e principais influências. Confira a entrevista a seguir.
EOnline: Sua primeira mixtape foi lançada com o grupo Agamenom, em 2002. Como foi a transição da Karol, de MC de um quarteto para a carreira solo? Artisticamente, como é ter o seu nome à frente de um projeto?
Karol Conka: Ter participado do Agamenom foi muito bom para aprender a trabalhar em grupo. Tive momentos ótimos, mas sempre tive o perfil de uma artista solo. É uma grande responsabilidade carregar um nome, senti necessidade de expor minhas canções de uma maneira clara e única. Antes de entrar para o grupo, eu já fazia aparições solo, o que me rendeu um convite para ser uma das integrantes.
EOnline: Sua trajetória vem sendo muito bem sucedida. Desde as primeiras músicas solo lançadas, os videoclipes, as participações em trabalhos de outros artistas e os formatos de lançamentos dos singles e do álbum Batuk Freak, tudo aparentemente soma 100% de acerto. Houve um planejamento prévio ou foi tudo feito intuitivamente?
K.C.: De uma certa forma houve planejamento de lançar um disco diferente, mas as coisas foram fluindo instintivamente. Demorei um ano e meio na produção. Queria ter certeza de que era aquilo que ia tocar as pessoas.
EOnline: Você enfrentou algum tipo de preconceito na sua carreira? Seja por ser mulher, MC, ou por suas letras fugirem do discurso crítico-social já pré-estabelecido pelos artistas do hip-hop?
K.C.: Sim, mas nada me abalou ou me impediu de acreditar no que meu coração dizia. As pessoas julgam por ingenuidade, apenas pelo simples fato de se sentirem corretos ao citar um discurso padrão. No rap foi assim. Cheguei com letras coloridas e fui criticada por limitados que só passaram a respeitar e entender meu propósito depois que me viram subir em palcos onde o rap nunca esteve antes! Acabei atingindo um público versátil e muito querido.
EOnline: O álbum Batuk Freak é um dos mais elogiados de 2013. Em sua crítica ao disco, Rodrigo Levino, do jornal Folha de S. Paulo, diz que o disco “cumpre a expectativa e dá um passinho para a frente”, tirando você da casa das “apostas”. Durante as gravações você sentiu alguma pressão por ser considerada uma “aposta” no meio musical?
K.C.: Por alguns meses, sim. Depois desencanei. Aprendi que não devemos nos sentir pressionados mesmo havendo pressão. A arte tem que ser livre!
EOnline: O que determinou a escolha do produtor Nave para a produção do seu primeiro álbum?
K.C.: Me identificava com as batidas dele. Considero-o um dos maiores beatmakers do Brasil!
EOnline: Embora as críticas destaquem a originalidade de sua música, alguns ainda citam M.I.A. e Nick Minaj como influências ao seu trabalho. Esta influência existe? Quais outros artistas inspiram Karol Conka enquanto cantora, MC e compositora?
K.C.: Existe uma influência, sim, mas nada muito significativo. Gosto dessas comparações por considerar essas artistas fantásticas. Minha maior influencia é Lauryn Hill, depois vem Erykah Badu, Missy Eliot, Eve, Cassia Eller, Beyonce, Rihanna.
EOnline: O Batuk Freak é um disco alegre e festivo. Este “clima” veio naturalmente ou o trabalho foi pensado como tal?
K.C.: A alegria não se cria, ela acontece. Jamais teria conseguido criar um disco nessa vibração se eu não fosse assim. Quem já foi a um show meu sabe que sou até mais alegre do que o disco! Tudo que eu queria era mostrar para a sociedade meu jeito livre de sorrir!
EOnline: Ao longo de sua carreira, você dividiu palcos e faixas com diversos artistas, como Projota, Bonde do Role e mais recentemente Boss in Drama. Como é trabalhar em parceria com artistas de vertentes tão distintas? Você busca por algo em comum com o seu trabalho?
K.C.: Aprendo muito com outros artistas. Gosto do que faz bem, do que faz sorrir, do que faz refletir, enfim, não me prendo a regras, eu apenas vivo.
EOnline: Gostaria de trabalhar com algum artista específico?
K.C.: Gostaria de criar uma canção com o Criolo. Acho ele fantástico.
EOnline: Como é a Karol Conka nos palcos? O que o público de Rio Preto pode esperar pelo show do próximo dia 26/12?
K.C.: Karol Conka é toda doida e ama cantar com vontade pra sociedade. Pode esperar a batucada!
Toda Doida (Karol Conka e Boss In Drama)
Deckdisc
"Gandaia" - Videoclipe
Tonny Ivon