Sesc SP

Matérias do mês

Postado em

Em La Bête, quem observa também faz

La Bête [Foto: Caroline Moraes]
La Bête [Foto: Caroline Moraes]

 “Eu não lido com a reação das pessoas, eu as escuto. La Bête são as pessoas que estão ali.” 

Esta é a verdadeira proposta de Wagner Schwartz ao se colocar em um tablado quadrangular na performance La Bête (O Bicho), no Belenzinho de 15 a 17/4. Nascido em Volta Redonda, no Rio de Janeiro, o bailarino e coreógrafo que atualmente trabalha em São Paulo e Paris, é conhecido por projetos coreográficos fortemente influenciados pela literatura e as artes plásticas. Para ele, uma linguagem se identifica com a outra até o momento que o objeto aparece. “Não existe um método, mas experiências - pessoais, culturais, artísticas - que se tornam imagens, pensamentos que viram conceitos, que agindo ao mesmo tempo, ganham corpo”.

La Bête (O Bicho), traz o bailarino nu, em cena com uma réplica de plástico de uma das esculturas da obra Bichos, criada em 1960, pela artista plástica Lygia Clark. A obra é formada por figuras geométricas articuladas, que permitem a interação do público. O bailarino movimenta o objeto, provoca e incentiva os espectadores a participar e, ao mesmo tempo, torna-se o bicho.

Sempre sozinho em cena, Schwartz consegue se conectar a diferentes referências estéticas, que incluem Oswald de Andrade, Machado de Assis, Vilém Flusser, Lygia Clark, Hélio Oiticica, Wally Salomão e Jards Macalé. “Se a pessoa se mistura com o trabalho e o trabalho com a pessoa a ponto de ambos se perderem entre o que está fora e o que está dentro, a arte acontece.” diz o artista, que estudou letras na Universidade Federal de Uberlândia e neste mesmo período teve o primeiro contato mais aprofundado com a dança.

A performance é uma criação absolutamente dependente da participação do público. Schwartz movimenta-se lentamente ao lado do objeto, disposto à iniciativa do espectador transformado em coautor da própria obra ao fazer desaparecer o lugar do eu-que-faz e do eu-que-observa.  Seu desejo é retomar este contato, esquecido em espetáculos tradicionais onde há o triângulo público, palco e plateia. Ao convidar diretamente aqueles que o assistem a movimentar a réplica, o performer provoca as reações mais diversas. Sucede uma explosão, levando em conta a solidão e a nudez do bailarino, o público se aproxima iniciando uma série de sensações que buscam testar os limites do corpo.

Wagner Schwartz é dobrado, apertado, enrola-se, arrasta-se de um lado a outro obedecendo à vontade do espectador. Mas em meio a surpreendentes situações, surge também a doçura de massagens e mesmo abraços. Decorrido o tempo estabelecido, Schwartz agradece e se retira ao som de aplausos.

La Bête integrou a programação da 25ª edição do Festival de Teatro de Curitiba, realizada em março deste ano. A nova curadoria, assinada por Guilherme Weber e Marcio Abreu trouxe ao evento espetáculos de expressões físicas e visuais, com trabalhos que estimulavam o contato entre autor e plateia.

Além do espetáculo, acontece também a oficina "Os Bichos" com Wagner Schwartz onde os participantes serão convidados a observar as articulações e as variações que movem o corpo da escultura Bicho, da artista plástica Lygia Clark e depois a explorar suas formas no próprio corpo. 

o que: Oficina Os Bichos
quando:

Dias 13 e 14/4  

onde:

Sesc Belenzinho | Rua Padre Adelino, 1000

ingressos:

Grátis.

Inscrições antecipadas, através do envio de carta de interesse para o e-mail osbichos@belenzinho.sescsp.org.br até 9 de abril.
o que: La Bête (O Bicho)
quando:

De 15 a 17/4. Sexta e Sábado às 21h30 e Domingo às 17h

onde:

Sesc Belenzinho | Rua Padre Adelino, 1000 

ingressos:

De R$ 6,00 a R$ 20,00