Postado em 30/06/2016
Mudanças simples nas residências facilitam atividades cotidianas e ajudam a diminuir o risco de quedas em idosos
As quedas estão entre as principais responsáveis pelo adoecimento, incapacidade e morte acidental na velhice. Segundo levantamento do Ministério da Saúde, os acidentes – dos quais as quedas fazem parte – são a quinta causa de mortalidade em idosos. Segundo o estudo Hazzard’s Geriatric Medicine and Gerontology, publicado nos Estados Unidos em 2009, entre 30% e 40% dos idosos com 65 anos ou mais caem ao menos uma vez ao ano, taxa que aumenta para 50% a partir dos 80 anos. A estimativa é que 70% dos acidentes ocorram no ambiente domiciliar, onde condições relacionadas à arquitetura, iluminação e mobília podem aumentar as chances de quedas.
Além da adoção de hábitos saudáveis, como alimentação adequada, prática de exercícios e controle de medicamentos, é preciso conscientização sobre a importância de residências que possibilitem uma mobilidade mais segura. As quedas resultam, em geral, de uma interação de múltiplos fatores de risco e situações: desde alterações naturais do envelhecimento, como redução da visão, menor percepção de profundidade, fraqueza muscular, até fatores relacionados ao meio ambiente, como calçadas inadequadas, obstáculos e pisos escorregadios. O professor Tiago Alexandre, do Departamento de Gerontologia e do Programa de Pós-Graduação em Fisioterapia da Universidade Federal de São Carlos, explica que é preciso atenção para esses fatores de risco, já que o impacto da queda no idoso é maior. “A queda pode resultar em hospitalização, perda de funcionalidade, perda de mobilidade e até mesmo a institucionalização precoce e óbito”, explica.
Prevenir é melhor que remediar
Para evitar o problema, um dos pontos primordiais é eliminar obstáculos em casa, realizar as adaptações necessárias e adotar hábitos no cotidiano que evitem as quedas nesses ambientes residenciais. “Usar calçados abertos atrás no calcanhar, por exemplo, aumenta muito o risco de tropeçar e cair, então recomenda-se o sapato emborrachado que tenha uma estrutura que não permita escorregamentos e que seja fechado atrás para evitar o tropeço”, exemplifica o fisioterapeuta. “Quanto às adaptações nas casas, o recomendado é que essas orientações sejam pensadas já no planejamento do domicílio, independentemente da idade. A gente precisa começar a pensar que o envelhecimento chega para todos e planejar as nossas vidas pensando nisso, incluindo essas questões ambientais.”
O ideal é elaborar projetos arquitetônicos a longo prazo, indica a arquiteta Andréa Pfützenreuter, que trabalha com design de moradia para idosos. “É preciso reavaliar os nossos valores desde a fase jovem. As pessoas, geralmente, querem muita mobília dentro de um mesmo espaço, e isso faz com que o espaço de mobilidade seja restrito”, explica Andréa. “Você sempre tem que pensar o uso do ambiente e o espaço de locomoção. O ideal é pensar no mínimo 80 centímetros para uma passagem entre um estofado e a televisão, por exemplo”, completa.
“Envelhecer é um processo diário, então você tem que pensar que vai desenvolver um projeto com o qual você possa criar uma identidade, ficando o maior tempo possível naquele local, com família, filhos, netos”, explica Andréa. “É um processo de conscientização necessário.”
Algumas soluções para deixar a casa mais segura
É preciso atenção com a iluminação interna, evitando ambientes pouco iluminados. Além disso, deve-se ter cuidado com o ofuscamento devido à luminosidade externa.
Evitar pisos lisos, que podem ser escorregadios, e de cor uniforme, pois podem gerar confusão visual.
Evitar utilizar prateleiras e armários muito baixos ou muito altos. Procure colocar os utensílios e recipientes que utiliza habitualmente ao alcance da mão – sem que, para pegá-los, precise subir em banquinhos ou se abaixar rapidamente.
Nada de cortinas escuras, espaços muito restritos e salas com muitos objetos que prejudiquem a locomoção (mesas de centro, por exemplo, devem ser evitadas). Não use tapetes.
É preciso que haja acesso dos dois lados para a cama e que a altura da cama permita que a pessoa consiga subir e descer colocando os dois pés no chão. Evite tapetes.
É ideal que existam barras de condução ou apoios na ducha, dentro do boxe, e também na saída.
Prefira rampas, mas caso precise utilizar degraus, o ideal é ter corrimão dos dois lados e uma cor diferenciada da ponta do degrau para o restante do piso, pois muitas pessoas perdem a sensação de profundidade.
Fonte: Andréa Pfützenreuter
Campanha de prevenção de quedas 2016 alerta para fatores que podem provocar quedas em idosos dentro de casa
Na última semana de junho, as unidades do Sesc fizeram parte da edição 2016 da Semana de Prevenção de Quedas, em parceria com a Secretaria de Estado da Saúde. Com o objetivo de conscientizar sobre fatores de risco de quedas em idosos nos domicílios, a programação teve como slogan “Era uma casa nada engraçada: tinha tapete, tinha escada”.
A estratégia para a prevenção de quedas de pessoas idosas a ser adotada pelo Sesc e parceiros se ancora na conscientização do problema e na disseminação da importância da adoção de hábitos e mudanças de comportamento que possam evitar acidentes domésticos numa casa mais segura e confortável.
Conheça a programação da Semana de Prevenção de Quedas em Pessoas Idosas.