Postado em 12/11/2016
Foi ouvindo os discos de Caju e Castanha, ainda na infância, que Zé Brown se iniciou no universo do repente e da embolada. E uma lata de goiabada serviu como matéria prima para a construção de seu primeiro pandeiro, onde ensaiava a levada que o envolvia naqueles discos. O tempo passou, e Zé tornou-se b-boy, apresentando-se nas feiras temáticas que aconteciam no Recife, sua cidade natal:
“Fui me aprofundando no assunto do hip hop. Comecei a rimar, comecei a compor (…) me influenciei pela coisa do rap e do repente. E no decorrer desse estudo todo, desse laboratório que fiz com a embolada, eu me transformei em embolador”, conta.
Há vários estudos que mostram as semelhanças entre o rap e o repente, além da feliz coincidência sonora entre as palavras que tem origens diferentes. Enquanto o rap é a sigla para o termo Rithim and Poetry (ritmo e poesia), repente veio do latim, e significa algo feito de súbito.
As duas manifestações têm suas origens nas camadas mais populares da sociedade e são formas de poesia oral em que tanto rappers quanto emboladores falam da sua visão da realidade. Se no hip hop existe a batalha de MCs, as praças das cidades nordestinas tradicionalmente são palco dos desafios entre emboladores que devem pensar rápido e encaixar suas ideias na batida.
E é o encontro dessas manifestações culturais que pauta o trabalho do disco Repente Rap Repente, lançado em 2009 por Zé Brown. O MC embolador, que começou a carreira musical no grupo Faces do Subúrbio, apresenta o trabalho influenciado também por outros ritmos, como o maracatu e a black music, no palco do Sesc Taubaté, dia 20/11, às 16h.