Postado em 15/11/2016
Novembro é o mês em que se celebra o Dia Nacional da Consciência Negra e a data é uma boa oportunidade para refletirmos e colocarmos em pauta temas como empoderamento feminino e a representatividade da mulher negra em nossa sociedade. Dentro deste contexto não podemos deixar de falar em uma das maiores ativistas dos direitos civis, que lutou contra o racismo e a desigualdade de gênero nos EUA: a cantora, compositora e pianista Nina Simone.
Por toda sua luta e o que ela simboliza até hoje é que Nina Simone foi uma das escolhidas para ser homenageada em um tributo que o Sesc Campo Limpo realizará no dia 20 de novembro, às 18h. O show Tributo à Nina Simone faz parte do projeto Realezas: Mulheres Negras e o Poder, que apresenta diversas personalidades que ocupam diferentes papeis sociais.
A ideia é promover uma reflexão crítica sobre a representatividade da mulher negra, ressaltar as trajetórias individuais e coletivas, além de revelar as estratégias utilizadas na superação da discriminação racial. A proposta ainda tem como objetivo fortalecer os laços comunitários e o protagonismo deste grupo étnico nos processos de participação social.
O Tributo à Nina Simone será comandando pela cantora britânica Jesuton, que estará acompanhada da banda Afrojazz, uma das revelações da música instrumental contemporânea. Jesuton, nome artístico de Rachel Jesuton Olaolu Amosu, começou a fazer sucesso no Brasil em 2012, cantando nas ruas do Rio de Janeiro. Ela é conhecida por fazer covers de artistas como Adele, Amy Winehouse, Roberta Flack e The Rolling Stones. Com o Tributo à Nina Simone, surgiu a chance de homenagear uma figura importante na sua vida e também uma referência para sua trajetória musical. “Eu cresci ouvindo as músicas dela, sempre fui influenciada por seu trabalho e por seu ativismo no movimento negro. Por isso, estou muito empolgada com esse tributo”, comenta a cantora.
Jesuton acredita que esse show é uma oportunidade de agregar pessoas de diferentes origens e culturas, em um ambiente em que todos se sintam livres e possam se divertir juntos. Para ela, a música é uma forma de influenciar o pensamento das pessoas, mostrando que as mulheres negras têm seu lugar na sociedade e que suas vozes são relevantes. “É um desafio estar nessa posição, no mundo em que vivemos. Eu tento ser um modelo de comportamento para mulheres negras, mostrar um espírito resistente e lutador, sem medo, mandando uma mensagem de orgulho e força para as novas gerações”, revela Jesuton.
De acordo com a cantora, as pessoas estão começando a perceber que é importante garantir a qualidade de vida, a segurança e a estabilidade das mulheres e homens negros, assim como de que qualquer ser humano. Ainda há um longo caminho até que isso seja alcançado, uma vez que assassinatos e falta de oportunidades, episódios de preconceito e injustiça, ainda são constantes nos dias de hoje. “Não estamos falando apenas de mais oportunidades e de justiça social para as mulheres, mas para todas as pessoas que sofrem esse tipo de abuso. Precisamos nos proteger, nos ajudar, nos unir para questionar e não aceitar esse tipo de coisa. É um assunto crítico que, mais do que nunca, merece reflexão”, completa.
Nesse contexto, o objetivo de Jesuton como artista é continuar abordando as questões de empoderamento feminino e luta contra a discriminação racial. Para ela, a arte é uma forma de educar o público: provocar, influenciar, questionar e envolvê-lo em questões importantes. “Eu me identifico com o trabalho de Nina Simone porque muito do que ela fazia tinha aspectos políticos. Shows como esse tributo são oportunidades de esclarecer quem não conhece a história de ativismo da cantora pela causa negra e sua importância social”, finaliza a cantora britânica.