Postado em 29/11/2016
Grupos em São Paulo unem caminhada, corrida e ocupação de espaços públicos
O Centro de São Paulo parece seguir um ciclo: aquieta-se todos os dias após o horário comercial, para retomar o movimento apenas na manhã seguinte. Ao contrário da ampla circulação diurna, à noite é raro encontrar grupos de pessoas deslocando-se pelos bairros centrais. Há algum tempo, porém, coletivos de caminhada e corrida procuram subverter essa lógica.
Despertar novos olhares e compartilhar conhecimentos sobre a capital paulista foram as motivações para a criação do grupo Caminhada Noturna, que já realizou mais de 500 percursos desde 2005. “Recebemos de 50 a 100 pessoas em cada caminhada, a maior parte moradores da cidade. Os paulistanos terminam encantados, falando como a cidade é bonita e não sabiam”, diz o criador, Carlos Beutel. Gratuitas, as caminhadas ocorrem às quintas-feiras, às 20h, com duas horas de duração e costumam ser temáticas, tratando de personagens históricos, elementos da arquitetura, curiosidades e assuntos inusitados, como os relógios do centro velho e os insetos de São Paulo.
Outro grupo que realiza percursos coletivos, noturnos e diurnos, é o Desbravadores de Sampa. A ideia surgiu quando o designer Hugo Peroni decidiu trocar os parques e a esteira pela corrida nas ruas, e passou a perceber detalhes do ambiente urbano que antes passavam despercebidos e mereciam ser compartilhados. Hoje, o grupo realiza duas saídas por mês, com média de 20 pessoas nas caminhadas e corridas coletivas, que têm participação aberta e gratuita. “Cada local guarda coisas novas e faz com que o treinamento seja mais leve, além de quebrar o paradigma de que São Paulo é uma cidade onde não podemos estar nas ruas. É uma cidade que pode, sim, ser contemplada”, diz Hugo. “Muitas vezes, as pessoas acham que conhecem seu bairro ou a cidade, mas mesmo no nosso contexto diário há locais que não conhecemos muito bem e passamos a entender prestarmos atenção e compartilharmos esses olhares.”
Esse aspecto coletivo, além de proporcionar um olhar diferente para o ambiente urbano, pode ser um bom impulso para quem quer movimentar o corpo. “No clube de caminhada e corrida a gente observa que, mesmo sendo um esporte individual, a questão da sociabilidade é muito forte”, explica o educador físico e monitor de esportes do Sesc Bom Retiro Miguel Brito. A unidade, uma das que oferecem clubes de corrida e caminhada, tem cerca de 90 participantes, que, aos sábados, realizam percursos em seus arredores. “A interação, o convívio e os objetivos em comum fazem com que as pessoas tenham um motivo a mais para se dedicarem à atividade física”, completa Brito.
Após quatro anos, campanha MOVE Brasil chega ao fim com legado positivo para a prática esportiva
A campanha MOVE Brasil foi criada em 2012 com o objetivo de facilitar o acesso aos esportes e às atividades físicas no país e construir uma rede de parceiros (os movedores) e ações para aumentar o número de brasileiros praticantes de esportes e atividades físicas até 2016. Quatro anos depois, a campanha chega ao fim com um balanço positivo. De sete movedores no começo da campanha, atualmente há 46 instituições envolvidas. Além disso, houve aumento nas informações sobre a prática de esportes, com realização de uma pesquisa nacional, e uma programação intensa: somente no ano passado, foram realizadas 5.409 atividades no país.
Para encerrar o ciclo, de 19 a 27 de novembro foi realizada a Semana MOVE, que a partir do ano que vem passará a ser um evento com adesão internacional em semanas a serem realizadas também na Argentina, Colômbia, Cuba, Peru, Chile, Nicarágua, Venezuela, México, República Dominicana e Uruguai. Internacionalmente, também foi lançado o programa de capacitação de jovens Youth On The Move, do qual participaram 30 jovens latinoamericanos e 30 europeus, num processo de capacitação para elaboração de projetos realizados durante a Semana MOVE, em novembro.
“O MOVE Brasil é, acima de tudo, uma causa que une diversas organizações em torno do mesmo objetivo de conscientizar as pessoas para a importância de incluir o esporte e a atividade física na rotina diária. É uma rede que se fortaleceu a partir de sua diversidade, agregando diferentes tipos de ações, conforme o conhecimento e a experiência de cada instituição”, relata a gerente de desenvolvimento físico-esportivo do Sesc São Paulo, Maria Luiza Souza Dias.
Entre os legados da campanha, está a informação sobre o esporte no país. Em 2013, foi feita uma pesquisa nacional (IPSOS 2013) sobre os hábitos da prática esportiva, e firmou-se uma parceria com o Ministério do Esporte para a realização do Diagnóstico Nacional (DIESPORTE 2015), com cerca de 9 mil entrevistados e dados das cinco regiões do Brasil que mostraram, por exemplo, que 45,9% da população se declara sedentária. A partir da aproximação com o Ministério do Esporte, o Sesc foi convidado a integrar o grupo de trabalho que ajudou a escrever o do documento-base que deu início às discussões sobre o novo Sistema Nacional de Esportes.
“Sem dúvida, a campanha foi uma importante ação em prol do esporte e da atividade física, e as pesquisas como a DIESPORTE 2015 nos mostram o quanto ainda há por fazer para mudar o cenário de sedentarismo no país. O MOVE Brasil deixa seu legado, abrindo caminho para que ações conquistem a continuidade necessária para sensibilizar cada vez mais pessoas para a importância de reverter os quadros de sedentarismo mundial”, avalia Maria Luiza.
CIRCUITO SESC DE CORRIDAS
• Corrida Noturna 2016
Sesc Consolação, 3/12;
largada às 20h no Parque Minhocão
(Elevado Presidente João Goulart)
• Corrida do Fogo 2016
Sesc Birigui, 4/12;
largada às 8h na Avenida Abraão Buchala
(Jd. Umuarama), em Araçatuba
• Meia Maratona Sesc
de Revezamento 2016
Sesc Ipiranga 11/12; largada às 7h
no Parque da Independência