Postado em 28/04/2017
por Nelson Ascher
SENTIDO
p/antonio cícero
1
Sinto que nada
mais tem sentido
algum nem quanto
tenha sentido
nada de tudo
que sinto e muito
menos de quanto
logo mais sinta.
2
Pouco que tenha
sentido ainda
há pouco tinha
sentido quanto
sinto mal tem
algum e tudo
que sinta mal
terá tampouco.
3
Nada que sinto
tem mais sentido
algum nem quando
me sinto bem
mal quando mal
me sinto ou sinto
que nem sequer
sinto mais nada.
4
Muito do muito
pouco que ainda
sinto nem é
ao menos mais
nada que tenha
sentido e pouco
importa tudo
mais sinto muito.
PRESENTE
p/geraldo carneiro
Tudo que tinha
futuro logo
terá passado
todos que tinham
futuro logo
terão passado
tudo que tenha
passado é como
se nem tivesse
jamais estado
todos que tenham
passado são
como se nunca
tivessem sido
já nós que sabe
lá deus por quanto
tempo acharemos
sempre que nunca
há de faltar-nos
tempo alugamos
uma fugaz
eternidade
cujo futuro
é ter passado.
SABER
1
Ninguém mais pode
mais saber mais
que ao menos nada
de mais ninguém
ninguém jamais
ao menos soube
de mais que nada
sobre ninguém
ninguém mais nunca
mais sobre mais
ninguém vai mais
saber mais nada
2
tudo o que ainda
dá pra saber
é que ainda não
dá pra saber
tudo o que ainda
há pra saber
e ainda por cima
o que se sabe
ainda é muito
menos que tudo
que ainda assim
se crê saber
(coda)
assim quem crê
saber um pouco
mais do que o muito
pouco que ainda
assim não há
muitos que saibam
quem sabe creia
saber demais
ISMOS
(i.m. jp paes)
Maneirismo
Barroquismo
Neoclassicismo
Romantismo
Indianismo
Realismo
Simbolismo
Decadentismo
Modernismo
Regionalismo
Neorrealismo
Surrealismo
Concretismo
Tropicalismo
Construtivismo
Pós-modernismo
Desconstrucionismo
Cataclismo
GEOLÍRICA LEMINSKIANA
Eu Rio Bonito
Tu Vinhas do Cabo
Ele Amazonas
Nós Lemos
Vós Cascais
Eles São Marcos da Serra
Nelson Ascher é poeta, tradutor e crítico literário. É autor de O Sonho da Razão (Editora 34, 1993), Algo de Sol (Editora 34, 1996) e Parte Alguma (Companhia das Letras, 2005), entre outros.
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