Postado em 28/06/2017
Os educadores da exposição passaram os últimos três meses imersos no universo da arte naïf. Perguntamos quais são para eles as obras ou questionamentos mais interessantes que a 13ª Itinerância e a Evidências trazem para o público.
1) Qual o seu papel na sociedade?
"A Bienal Naïfs permite muita discussão política e social. É algo necessário a gente enxergar o nosso lugar e principalmente, enxergar o lugar do outro".
Larissa Dias
2) Arte: é quando a imagem delira
“Penso muito na questão da imagem que não se adequa a nada, algo que te permite e que não se encerra em si mesmo. Ao conviver com essas obras de arte naïf quis entender a potencialidade dessas imagens. A obra Santa Luzia de Isabela Stampononi é emblemática porque a artista traz um símbolo que pertence a uma determinada iconografia, mas a subverte completamente. É uma imagem poderosa”.
Mateus Mendonça
3) O que é ser ingênuo?
"Esse é o conceito que a curadoria está querendo desconstruir sobre a questão do naïf. A palavra vem do francês e uma das traduções mais próximas significa ingênuo. A curadoria entra muito na questão do que é ser ingênuo, o por que esse termo é atribuído. Acredito ser uma palavra perigosa porque parece que a pessoa não tem uma captação do que está acontecendo ao redor, é um alguém meio bobo. Sinto que atribuir o termo ingênuo é como tirar o senso crítico dessas pessoas. Acho que esta obra, Os dois lados da vida, é muito emblemática porque tem um senso crítico muito forte, então não tem como falar que é uma obra ingênua, espontânea".
Laila Pereira
4) Provocações
“É uma curadoria provocativa. As obras daqui têm muitas camadas. Em um primeiro momento ela te seduz, de uma forma muito sutil, e depois que você acessa as outras camadas isso desperta discussões muito fortes como questões de gênero, racismo, classe, preconceitos diversos e relações sociais”.
Marília Casaro
5) Saboreio
"Neste vídeo da Evidências, a educador brasileira Ana Mae Barbosa chama a atenção para uma característica que é própria da obra naïf ou da arte popular que é o saboreio da imagem. Desde o começo, quis perceber esse termo na exposição e vi que ele realmente existe. É a capacidade do público de saborear devagar aquela obra, vários sentidos, várias características e significados".
Samuel Barbosa
6) Cotidiano
“A maioria das obras da Itinerância retrata muito o cotidiano. Olhando o trabalho dos artistas, parece que as obras não estão relacionadas ao dia a dia, mas na verdade que as essas pessoas passam e as marcaram. Por isso elas reproduzem nas suas obras. As obras Meninos da Vila Cristina e Gabriel Fuzilado, de Randolpho Lamonier, são duas crônicas em tecido. Gosto muito como ele explora materialidade”.
Thabata Vecchio