Postado em 07/08/2017
Uma geração que nem estuda e nem trabalha, será que isso é verdade? Segundo dados do Dieese, o tempo médio despendido pelos desempregados na procura por trabalho aumentou pelo segundo mês seguido em São Paulo, atingindo 43 semanas, em maio de 2017. Além disso, 19,9% dos jovens de 18 a 24 anos no Brasil estão desocupados, segundo dados do IBGE para o 1º trimestre de 2017.
Na atual situação político-econômica do Brasil, até mesmo quem tem experiência no mercado tem encontrado dificuldades para uma recolocação. Portanto, a situação deve ser analisada de forma mais complexa para compreender o afastamento dos jovens do mercado de trabalho formal.
Em entrevista para Eonline, Regina Novaes, cientista social, que foi Secretária Nacional de Juventude – Adjunta e Presidente do Conselho Nacional de Juventude de 2005 a 2007, além de professora do programa de pós-graduação em Sociologia e Antropologia da UFRJ, comentou que uma das maneiras de se enfrentar essa situação é o investimento em educação:
“Para enfrentar esta situação será preciso construir as bases para um novo casamento entre escola e trabalho. Mudanças curriculares; uso de novas tecnologias de informação e comunicação; transformações em espaços e tempos escolares são imprescindíveis para estabelecer novas conexões e complementariedades que considerem as diferentes trajetórias de vida dos jovens, ampliando suas possibilidades de escolha e de construção de projetos de vida. A partir daí seria possível tanto melhorar a qualidade da educação quanto combater a precarização do trabalho da juventude, fortemente marcado pela rotatividade e insegurança” - Regina Novaes
Nesse sentido, iniciativas da organização da sociedade civil, como Ação Educativa e CENPEC (Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária), trabalham na direção da educação. Criado em 1987, o CENPEC vem desenvolvendo projetos, pesquisas e metodologias voltadas à melhoria da qualidade da educação pública. Entre os seus projetos, o programa Jovens Urbanos tem como objetivo ampliar o repertório sociocultural de jovens que vivem em territórios urbanos vulneráveis. O projeto foi selecionado pelo Ministério da Educação (MEC) para compor o seu Guia de tecnologias educacionais.
A relação entre juventude e trabalho passa por profundas transformações, influenciadas pelo contexto socioeconômico, mas também marcada pela ressignificação do próprio trabalho:
“Eu não vejo muito o trabalho só como algo empresarial, eu vejo trabalho também na arte. A arte é um trabalho. Há várias formas de você trabalhar dentro da arte, se inscrever em um edital, vender espetáculos” – Iris Guimarães, ex-participante do programa Jovens Urbanos
Para saber mais sobre o CENPEC, a Eonline entrevistou Wagner Santos, Coordenador do Núcleo de Juventudes, e Íris Guimarães, ex-participante do programa Jovens Urbanos, mostrando um pouco mais como trabalho e educação devem estar juntos para garantir um futuro melhor.
Quer saber mais sobre as experiências do CENPEC, assim como outras iniciativas como Levante Popular da Juventude, Cooperativa de Artistas, Jovem Monitor Cultural, Ocupa Colaborativa, Ação Educativa, Infopreta e A Banca?
Acompanhe o Seminário “Jovens e Trabalho: Dilemas, Invenções e Caminhos”, que acontecerá nos dias 13 e 14 de setembro no Sesc Bom Retiro. O encontro tem como objetivo discutir o atual contexto socioeconômico, político e cultural relacionado com a educação e a inserção produtiva dos jovens.