Postado em 29/11/2019
Quando eu tinha 11 anos, minha fantasia irrealizável de pré-adolescente era receber em casa a carta de aprovação para a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Quem é fã de Harry Potter, assim como eu, sabe do que estou falando!
Mergulhar algumas horas por dia nesse mundo fantástico criado por J. K. Rowling me encantava como nenhuma outra coisa, e meu desejo era estar sempre imersa naquelas histórias.
Entre a seleção da Casa pelo Chapéu Seletor, a escolha de um animal de estimação – coruja, gato ou sapo (claro que seria um gato!) – e um passeio pelo Beco Diagonal para comprar os itens da lista escolar, eu ia sendo conduzida pela autora ao lado de seus personagens no Expresso de Hogwarts.
De todos esses cenários, e muitos outros, a biblioteca era o lugar que capturava a minha atenção de forma especial. Arrisco dizer que esse ambiente tem importância fundamental em toda a saga.
Chamava minha atenção o fato de que, à medida que os acontecimentos iam se sucedendo e os desafios se impondo de forma inescapável, era naquele ambiente que o trio inseparável Harry Potter, Rony Weasley e Hermione Granger procurava as respostas para os mistérios e o caminho para a superação.
Era revelador que o dom de Harry Potter, o coração de Rony e a astúcia de Hermione não poderiam produzir uma mágica tão poderosa sem estarem combinados, sem esforço, sem determinação e sem a busca pelo conhecimento.
Nunca recebi a desejada carta de aprovação para a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, mas no dia em que recebi a carta de aprovação para ser bibliotecária no projeto BiblioSesc eu entendi que poderia levar conhecimento sobre quatro rodas para quem quisesse produzir a mágica de modificar a própria realidade.
Com 10 anos de existência na Grande São Paulo, nosso projeto promove o estímulo e o acesso à leitura em regiões distantes e com poucas opções de cultura para a população.
Assim como o trio inseparável da saga fantástica de Harry Potter, somos três na equipe do BiblioSesc: auxiliar, bibliotecário/a e motorista, combinando nossos dons, nossos corações e nossa astúcia para colaborar de forma positiva na saga da vida de cada usuário.
Diferentemente de Sibila Trelawney, professora do corpo docente de Hogwarts, que utiliza a sua bola de cristal para a prática de adivinhação, nós utilizamos palavras mágicas que promovem o encontro entre leitores e obra.
Além da consulta e empréstimo de livros, o BiblioSesc oferece intervenções artísticas e ações formativas, como mediação, contação de histórias e oficinas que aproximam os leitores das multilinguagens que dialogam com a literatura, tornando o BiblioSesc um espaço de convivência e descobertas.
Frases como “eu gostaria de morar aqui” ou “tia, posso passar o dia com vocês?” mostram que a magia está presente. Ao receber um abraço ou um sorriso tímido, posso afirmar que os maiores beneficiados somos nós, que temos a oportunidade de trabalhar neste projeto e vermos a mudança de perto.
Como diria Rúbeo Hagrid: “Happee Birthdae, BiblioSesc”!
Rebeka Lopes Savickas é formada em Biblioteconomia e Ciência da Informação pela FESPSP, tecnóloga em Gestão de Eventos pela UAM e pós-graduada em Gestão de Projetos e Portfólios pela UAM. É bibliotecária no BiblioSesc Interlagos.