Postado em 07/01/2020
Assumir o compromisso com o desenvolvimento humano e a transformação social pelo esporte tem me permitido viver experiências muito significativas, conhecer pessoas incríveis, acessar espaços e trabalhos que não fazia ideia que existiam.
Quando incorporamos esse compromisso, passamos a vislumbrar no esporte toda a riqueza de sentidos e possibilidades para o desenvolvimento humano pelo afeto, compreendendo-o como um fenômeno sociocultural absolutamente complexo que nos anima o espírito a partir da experiência do corpo em contexto. O compromisso com a transformação social faz reformular a nossa percepção sobre este tempo e lugar chamado esporte, e a partir daí não tem volta, saímos da (ou entramos na) “matrix” de experiências que passam a nos afetar profissional e pessoalmente.
Os próximos meses serão especiais! Janeiro e fevereiro anunciarão, pelas realizações do Sesc Verão, em todo estado de São Paulo, nossa narrativa para o ano de 2020. No Sesc 24 de Maio, elencamos o conceito de sinergia como fonte de inspiração para as nossas programações. Sinergia pressupõe uma experiência vivida em conjunto, que gera conexão, vínculos, e que afeta todos os envolvidos. O Sesc Verão desta forma inaugura esta narrativa com programações inspiradas no fortalecimento do vínculo com as pessoas e com o território, contribuindo para o surgimento de mais e mais comunidades de práticas esportivas no centro de São Paulo, e sugerindo um entendimento do centro como território de convivência e afeto a partir dos profundos significados e valores produzidos pela forte experiência da prática esportiva.
A unidade 24 de Maio está localizada na República, um território que durante o dia é repleto de prédios, pessoas em trânsito, trabalho, barulho. À noite, o território assume uma configuração diferente, mudando sua conformação a partir da profusão de diferentes manifestações culturais, dos encontros de pessoas de diferentes comunidades.
O esporte aparece timidamente nesse cenário através dos skatistas, alguns grupos de dança, grupos de ciclistas e a partir de algumas outras práticas relacionadas ao que convencionou-se chamar esportes urbanos.
O esporte ainda não é compreendido como uma das principais possibilidades de fruição cultural no centro de São Paulo. O centro é um “território de misérias”, onde os problemas sociais são vividos em sua forma mais precarizada traduzida pelas famílias em situação de rua, drogadição, pelos muitos prédios abandonados e lacrados. É também um território de resistência e de luta, a partir dos muitos movimentos sociais por direitos humanos que se organizam.
A ideia do compromisso com a transformação social pelo esporte me traz estas questões. Ao receber o convite para esta escrita, quis publicizar, mesmo que de forma singela, a narrativa que estamos construindo na nossa unidade de gerar sinergia com as pessoas e o território pelo esporte, com vistas à construção de um legado: que o esporte figure como uma das principais possibilidades de fruição cultural no Centro através do surgimento de mais e mais comunidades de práticas esportivas.