Postado em 30/03/2020
A disseminação do coronavírus, causador da COVID-19, moléstia cujo alcance e efeitos ainda não podemos ao certo mensurar, remete a momentos históricos em que os seres humanos se viram diante de desafios tão complexos que pessoas, grupos, organizações da sociedade civil e governos, sozinhos, eram incapazes de resolver. Se, por um lado, há ineditismo na atual conjuntura, por outro, a receita para sua travessia é bem conhecida e pode ser condensada numa só palavra: cooperação.
Em meados dos anos de 1940, quando o mundo ainda se recuperava dos impactos da Segunda Guerra Mundial, problemas estruturais como a pobreza, a desigualdade e a precariedade dos serviços públicos bloqueavam o desenvolvimento do Brasil. A situação exigia a mobilização e a colaboração de todos os cidadãos em prol do bem estar e da melhoria da qualidade de vida das pessoas. Um compromisso envolvendo amplos setores sociais permitiu a criação de entidades mantidas e administradas por empresários da indústria e do comércio – entre as quais, o próprio Sesc – para atuar no aperfeiçoamento cultural e profissional dos trabalhadores e de suas famílias, em complementariedade às ações do Estado.
Momentos de crise nos colocam diante da responsabilidade de observar aquilo que estamos fazendo e considerar o que ainda podemos fazer. Convocam a avaliar o que precisa ser realizado imediatamente e o que pode ficar para depois. Exigem a capacidade de ações emergenciais – realocando recursos, reorganizando fluxos – sem, contudo, perder de vista a essencialidade do trabalho ordinário.
O empresariado do comércio de bens, serviços e turismo tem acompanhado os desdobramentos da pandemia e está empenhado, junto aos órgãos públicos, em conter a expansão e mitigar suas consequências. Para isso, colocou a própria infraestrutura das instituições pelas quais é responsável à disposição das autoridades competentes. Além disso, tomou medidas no sentido de resguardar frequentadores, equipes profissionais e seus familiares, e está zelando para garantir o abastecimento dos suprimentos básicos e vitais que é parte sua atuação.
Apesar das dificuldades que se avizinham, esta pode ser uma oportunidade de aprendizado, especialmente para as gerações mais jovens, para quem circunstâncias dessa magnitude constituem novidade. Para aproveitá-la, será preciso reforçar o espírito fraterno e o sentimento de solidariedade e confiança que, no passado, serviram de ferramentas sem as quais grandes obstáculos seguiriam intransponíveis.
Abram Szajman
Presidente do Conselho Regional do Sesc no Estado de São Paulo