Postado em 06/10/2020
O consumo de frutas, legumes, verduras e outros alimentos frescos é um dos pilares da alimentação saudável. A comida é fundamental para que o corpo consiga se organizar para fazer tudo o que precisa no dia a dia e estar melhor preparado para lidar com doenças e momentos de estresse, exatamente como os que estamos vivendo hoje.
Assim que a pandemia começou, um dos maiores receios das pessoas foi o de ficarem desabastecidas, mas os locais de vendas de alimentos, como as feiras livres e supermercados, continuaram funcionando ininterruptamente, pois são considerados serviços essenciais. Passados alguns meses, foi possível notar que a alimentação continuou sendo uma preocupação para grande parte das pessoas, envolvendo desde a questão da segurança alimentar e nutricional – com o fortalecimento e criação de diversos projetos para distribuir alimentos para a população mais vulnerável – até o fato de encarar a comida como uma aliada da saúde.
Resultados preliminares do estudo Nutrinet Brasil, realizado pelo Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (Nupens/USP) com 10 mil participantes, indicaram um aumento no consumo de frutas, hortaliças e feijão (de 40,2% para 44,6%) durante os primeiros meses da pandemia.
Foi o raciocínio da arquiteta Ariana Mattos Martins, 39 anos, de Osasco, que decidiu aumentar o consumo de orgânicos, frutas e hortaliças. “Senti que comer melhor e praticar exercícios era uma das poucas coisas que eu podia fazer para aumentar minha imunidade, então fui buscar opções na minha região”. Ela hoje consome e é voluntária do Ecoz, um projeto que visa unir pequenos produtores a consumidores da região de Osasco e também auxiliar mães solo em situação de vulnerabilidade por meio da doação de alimentos.
Seja durante a pandemia ou antes dela, quem vive nas grandes cidades precisa de intermediários para obter alimentos frescos. As feiras, os grupos de consumo e os serviços de cestas são o caminho mais curto, já que geralmente conectam produtores com consumidores diretamente. Entender os trajetos que a comida percorre, da terra até o estômago é um exercício curioso e importante.
O Guia Alimentar para a População Brasileira divide os alimentos em in natura ou minimamente processados, ingredientes culinários, alimentos processados e ultraprocessados. A recomendação é evitar o consumo dos últimos (que são formulações industriais com adição de diversos produtos como açúcares, sódio, gorduras e outros ingredientes sintetizados para expandir sua durabilidade e padronizar sabores, cores e texturas) e preferir sempre os primeiros.
Para o nosso corpo, é melhor lidar com os alimentos in natura ou minimamente processados. “O ferro que está em uma folha de verdura é o mesmo elemento químico adicionado aos produtos industrializados, só que um nutriente não cumpre sua função no nosso organismo quando ingerido isoladamente. Na verdura, ele já está associado a outras coisas boas de um jeito melhor para o nosso corpo utilizá-lo. Acontece o mesmo com vitaminas, minerais e demais nutrientes, é o que chamamos de matriz alimentar. Além disso, o ferro dos ultraprocessados pode vir acompanhado de coisas que não são boas, como excesso de sódio, açúcar e gorduras”, explica Diogo Thimoteo de Cunha, nutricionista e professor do curso de nutrição da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
**
Continue percorrendo os caminhos para a alimentação saudável nos outros artigos desta série:
**
Este conteúdo faz parte da quarta edição do projeto Experimenta! - Comida, saúde e cultura. Em 2020, o ponto de encontro para conversar sobre este assunto fundamental para o bem-estar individual e coletivo será o debate Alimentação: um direito de todos, que acontece no dia 14/10, às 10h, e será transmitido ao vivo em youtube.com/sescsp, com a participação de Frei Betto, Daniel Balaban, Elisabetta Recine e mediação de Adriana Salay Leme.