Postado em 31/01/2021
MÚSICO BAIANO ACREDITA NO PODER DA ECONOMIA CRIATIVA APOIADA NAS NOVAS TECNOLOGIAS PARA SUPERAR ADVERSIDADES ACENTUADAS PELA PANDEMIA
Gilberto Gil: 78 anos de vida, uma discografia composta por mais de 70 álbuns, entre discos solos, coletâneas, trilhas sonoras e parcerias: gravações com Caetano Veloso, Maria Bethânia, Gal Costa, Rita Lee, Milton Nascimento, Nando Reis e Ivete Sangalo. Ativo nas redes sociais durante toda a quarentena de 2020 até o presente momento, Gil aproveitou as ferramentas digitais para se juntar a vozes da nova geração, caso da cantora Iza, na live As Canções de Gilberto Gil por Iza e Gil. Entre outros destaques, o músico foi o convidado da estreia da série digital Muito Prazer, Meu Primeiro Disco, do Sesc Pinheiros. No programa, foi entrevistado pelo musicólogo Zuza Homem de Mello (1933-2020), e pelos jornalistas Lucas Nobile e Adriana Couto. O episódio está disponível no YouTube. Na seara familiar, então, o alimento é a música. Com a neta Flor Gil, de 12 anos, fez brotar o EP Gil e Flor – De Avô pra Neta. Em meio a essa intensa agenda virtual, Gil participou de uma live do Sesc Ideias que apresentou os resultados da pesquisa Impacto da Covid-19 na Economia Criativa, realizada pelo Observatório da Economia Criativa da Bahia (Obec-BA). Além do compositor, participaram Danilo Santos de Miranda, diretor do Sesc São Paulo, Paulo Miguez, docente e vice-reitor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), e Daniele Canedo, coordenadora da pesquisa no Obec-BA. Na ocasião, Gil, que foi ministro da Cultura entre os anos de 2003 e 2008, comentou os resultados e apontou novos caminhos desenhados a partir da tecnologia.
A pesquisa fala por si, na medida em que acumula, organiza e distribui uma série de dados importantíssimos sobre os setores criativos da vida cultural brasileira. Traz um panorama sobre o papel das artes, dos conhecimentos tradicionais e das formas identitárias na formação da cultura brasileira.
O pressuposto básico responsável por essa pesquisa vem à tona, que é o conceito da economia criativa, portanto, a necessidade de compreensão de uma aderência fundamental entre a produção do conhecimento, do mundo da subjetividade, com a condição material da formação de riqueza do país.
No momento da pandemia, em que os contextos culturais tiveram que se redesenhar, ficou evidente a importância que as novas tecnologias ganharam nesse processo. O fato importante que a pesquisa aponta claramente é para a demanda das pequenas organizações, dos pequenos coletivos de criação, a demanda por desenvolvimento tecnológico, por acesso aos meios digitais. A consciência dos indivíduos e das organizações da necessidade dessa atualização tecnológica e demandas cada vez mais sérias crescem nesse sentido.
A pesquisa também tem o papel de evidenciar a condição dramática que as desigualdades, as assimetrias sociais e econômicas estabelecem para o povo brasileiro, colocando como um dos elementos de formação o fato de que todas essas mazelas e dificuldades profundas enfatizadas pela pandemia são historicamente grandes problemas da sociedade brasileira.
Um dado importante revelado é o aprimoramento organizacional ligado às estruturas, à busca pelo conhecimento, o elencamento dos vários setores envolvidos na produção da vida cultural, os clássicos já considerados e, mais recentemente, a necessidade de incorporação dos elementos tradicionais. A importância recém-surgida, no Brasil e no mundo, dos contextos identitários. Assim, a pesquisa é bem-vinda em vários aspectos. A maneira rápida como foi feita me levou até a relacionar essa agilidade ao desenvolvimento da vacina contra a Covid-19, que associou correntes variadas e esforços múltiplos no mundo. Este é um dos aspectos de novos estímulos que a pandemia provocou.