Postado em 23/02/2021
Para muito além de uma prática adolescente, como podemos pensar, o exercício de manter um diário pode ser revelador na busca pelo autoconhecimento em qualquer momento de nossas vidas.
Fica mais fácil entender como isso é possível se deixamos de lado, ao menos neste momento, as razões mais óbvias pelas quais aprendemos a escrever. Aqui já não nos cabe pensar sobre as seguranças que nos oferece a alfabetização no decorrer de nossas vidas como, por exemplo, sua importância para nossas carreiras estudantil e profissional.
Neste momento, não importa o texto em si. Esqueça a mensagem, seu conteúdo e até mesmo a quem ela será dirigida. Em seu diário, escreva algo sem preocupações. Não tem tempo para entregar, nem quantidade de linhas. Aqui não trabalhamos com expectativas, portanto não tema críticas, tampouco espere por elogios exteriores. Ah! Também não tem letra feia, tá?
Quanto mais autêntica, ou seja, diferente e sua for, melhor.
E o que importa afinal?
O processo, o diálogo e o registro.
O processo da criação de um texto é precioso, pois é no momento da escrita que externamos realmente o que sentimos. Aqui cabe o calor do inédito, a sensação de alívio e autocompaixão presentes enquanto vamos nos organizando, palavra por palavra, nos descobrindo, nos editando, nos perdoando e nos encontrando ao refletirmos e sermos expostos. É quando ocorre o diálogo entre o texto e quem o escreve. Este é seu lugar de escrita, podendo ser também um raro tempo de auto-escuta.
Depois disso, desapegue! É sério. Você tem que saber que depois de escrito, o texto tem vida própria. Ainda que dentro de seu diário para o resto de sua existência, quanto mais íntimo e criativo for, mais mundo ele pode ganhar. Isso, pois intrínseco ao texto é seu potencial artístico. Feito fosse obra de se pendurar na parede, é fundamental que se distancie dele para que possa enxergá-lo agora de outros pontos de vista, alguns muito diferentes dos seus, inclusive.
Você que lute.
Com o tempo, a narração dos fatos e nossas sensações pessoais diante deles realizadas em um diário, além de ser grande aliada de nossa saúde mental e emocional, torna-se também um registro histórico que poderá ser revisitado sempre que sentirmos necessidade. Uma oportunidade para refletirmos sobre quem éramos e o que vivemos antes, sobre tudo que nos ajudou a chegar até aqui, no tempo presente, como nos tenta a todo momento a Meditação.
Sim, escrever também pode ser meditativo.
Para escrever silenciamos.
Mergulhamos para dentro.
Revisitamos pensamentos.
Observamos sensações.
Nos concentramos.
Por isso, convidamos você a parar e olhar para suas tarefas diárias, buscando identificar o que faz com atenção plena. Mais que isso: com o passar do tempo, o intuito dessa prática é fazer com que alcance cada vez mais qualidade de presença em todos os seus dias.
Depois ainda, com a ajuda da Fabi, nossa amiga e oficineira da Embaúba Socioambiental, oferecemos uma opção para que fizesse seu próprio diário.
Nele, você poderá aplicar algumas das propostas ao longo do projeto Me Editar, mas também poderá fugir delas e criar seus atalhos pessoais nessa jornada rumo a si mesma/o. Ele é uma estrutura para que você possa editá-lo com faz consigo.
Ainda, também te convidamos para um papo sobre Meditação, Sentimentos e Emoções, no qual diversos mitos foram derrubados para que deixássemos caminhos abertos para seu início na prática meditativa.
Dito isso, ou melhor, tendo escrito isso, você pode estar se perguntando:
Tá, e escrever sobre o quê?
Todos os dias somos transformadas/os seja por acontecimentos exteriores, pelos quais não temos controle, ou por consequências de algo que fizemos no âmbito pessoal. Este processo nos faz diferentes, uma nova edição de nós mesmos/as, a cada real experiência de vida. Somos seres orgânicos, mutáveis e inevitavelmente, interdependentes.
Então relaxe! Tudo isso é material a ser aproveitado nas folhas de seu diário. Não faltará assunto e mesmo quando não tiver inspiração, escreva sobre a falta de inspiração ao som de um bom e velho samba. Letras incríveis nasceram nos piores momentos de quem as escreveu.
E quer saber? Sobre viver e escrever, é no meio do caminho que se aprende.
Vamos escrever. Você vem?
>> Saiba mais sobre o projeto Me Editar aqui.
>>>> E assista a todos os vídeos aqui.