Postado em 11/05/2021
A autenticidade do meu ser busca no vazio de minha imperfeição respostas sobre quem sou. Para que assim me reconheça na solitude e imperfeição do outro, oprimido pela vida árdua do momento em sentido e plenitude.
Olho no espelho e já não me reconheço nas luzes daquilo que toma forma, busco saída deste buraco fundo que cavei e que me encontro.
Vou me despindo das máscaras para assim deixar que me reconheçam; vou despindo as máscaras que criei dos outros e assim posso enxergar como são em verdade.
O caos se transforma em harmonia, há um poder sublime nas reentrâncias da alma. A beleza de outrora espia pela janela às ruas desertas, a sobrevivência cede então lugar à vida.
A beleza desvela seu véu para encontrar-se em essência no desolado vazio. É mais difícil não saber o que se sente, do que fingir que está tudo bem.
No fundo, acredito na felicidade da transparência e honestidade para consigo. Quero olhar agora, para meus olhos dentro do espelho e deixar-me existir, somente refletir, sem intervenções dos padrões e da superficialidade que nos cerca.
A ilusão é o não acreditar que existe vida nos pequenos detalhes que não exigem atenção. Deixar-se tocar pela arte que germina e enobrece o ser. Compreender que os pincéis da espiritualidade consciente manejam as emoções e delineiam as paisagens internas.
A pureza do coração junto à integridade é a chave que abre a porta pelo lado de dentro.
Deixar ir. Seguir o fluxo daquilo que vem, mas que também se vai em algum dia.
Acredito que a vida deva ser mais sagrada e, para isso, é preciso cultivar o momento, para o renascimento de uma vida responsável pelo aprendizado do que sou e do que quero realmente ser.
Cova rasa, fardo leve. A esperança das crianças. O diamante em lapidação em contraponto ao lamaçal do garimpo. O verde que resplandece no brilho da cura emanada ao mundo.
O cansaço e o descanso. O beco sem saída. O sonho cultivado em semente no solo do coração. Ser mais do que se é, cumprindo cada promessa de vida. A capacidade do acreditar.
A mão que se estende para aquele que deseja a custo levantar-se. As memórias que não se desfazem, mas que tendem a ser acessadas além da névoa do esquecimento.
Tentar é um termo de confiança?
Buscar o que é certo, mesmo que lhe digam o contrário quando olham para suas atitudes.
O estar junto de múltiplas maneiras, rompendo a distância iludida de se sentir incompleto.
A inquietude da vida e o sacro-ofício empregado. A luz do serviço no servir. O tesouro que contempla o coração. A coroa incorruptível alcançada pelos caminhos da cruz. A oração acesa como chama, na dúvida que espreita o caminho. O aprendizado ancestral do bem proceder. O auxílio que se recebe até mesmo quando se sonha.
O pedido. A graça alcançada. O fim do caminho ou continuar a trilhar o desconhecido caminho que não se acaba? Alcançar o Nirvana ou se curvar ao serviço prestado à humanidade.
O barco, a ponte, auxiliam na travessia da caridade. Uma lágrima é gerada pelo oceano da saudade. O fluxo do rio de luz celebra a passagem, onde já não se chora pelos mortos, mas sim se estabelece a gratidão ancestral legada às futuras gerações.
A dor da perda, assemelha-se a dor do parto. Toda angústia será diluída no oceano da plenitude do ser de água salgada. A atentividade do indivíduo que já chorou os cântaros de seu desencanto agora pode se refrescar, pois o álibi é a oração que nunca seca.
Por acaso, lhe é conhecido o segredo de se transmutar? Permaneça como aquele que se evapora, pois quem nunca derreteu, jamais conhecerá o mistério de se condensar.
O que tem dentro da semente que gera a vida quando morre? Deus, Deus, um pouco de Deus, um pouco da calma de Deus.
No fundo do poço todo mundo quer sua vida em ordem. Todo mundo quer uma chave em um chaveiro de ouro, mas se esquecem que cada oração deve ser tão fresca quanto o orvalho da manhã.
A verdadeira força é encontrada na vulnerabilidade, no perdão e no amor. O mundo é um lugar antigo e, neste sentido, é preciso ser parte de algo maior que a si mesmo.
Precisamos de um pouco de tempo. Tempo para assentar a poeira dos pensamentos, tempo para refletir, para sentir saudade.
Esta realidade emocional que estamos sentindo, se faz necessária. Com calma, podemos clarear um pouquinho as sensações. Acreditar na cura, no amadurecimento. É importante colocar as coisas no lugar com paciência. Revelar o amor nos pequenos detalhes que sempre foram dimensionados.
Saber que o amor vale a pena e que viver é um grande privilégio. É necessário reacontecer-se com total confiança. É possível sentir, é possível ser gentil e cultivar todo tipo de afeto.
Se importe com o que você faz, pois, para entender direito como as coisas terminam, devemos primeiro saber como começar. Você pode se encorajar, se permitir, amar. Subir uma montanha e alçar um voo em direção a um sonho. Você pode criar milagres.
Assim como a lua no céu, que gira em seu ciclo, completando suas fases; você deve como um guerreiro se vestir para as batalhas internas da vida. Proteção e orientação serão os olhos que enxergarão a singularidade como virtude. É preciso parar de se preocupar em não conseguir.
Que a solidão nunca nos assuste, e que possamos dizer sim para a vida e entender o sentido de somar, sendo gratos por estar, e ser parte do todo.
Matheus Augusto dos Santos Milanin, nasceu em 10 de agosto de 1990 em Buritama (SP). Formado em Artes Visuais (Uniesp – Birigui) e Pedagogia (Faec – Fernandópolis), a arte adensada à escrita floresceu em seu interior desde cedo a partir do contato imersivo com poesias e obras da literatura nos tempos de escola no município de Turiúba (SP). Imagens que geram palavras e palavras que geram imagens, sempre ambientam seus trabalhos, as referências entre as matrizes míticas dos sistemas de crenças de povos e culturas estão presentes em suas produções. Traz como tema o aprimoramento do olhar para o simbólico, o singelo, as forças da natureza e a ancestralidade. Educador em arte há dez anos, atualmente reside na cidade de Bálsamo. Artista plástico e Ilustrador de literatura infantil em quatro publicações distintas.
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