Postado em 09/03/2011
Nenhuma grande obra provocou tanta controvérsia no Brasil como a transposição do rio São Francisco. Entretanto, apesar dos movimentos contrários e das críticas ao projeto, os mais de 700 quilômetros de canais continuam rasgando o solo nordestino, em dois eixos, para beneficiar 400 cidades do semiárido, um trabalho que já mudou a paisagem local e a vida de milhares de pessoas. Nesta edição, revelamos a face dessa nova realidade que se instala numa das áreas mais carentes e castigadas do país, sem desprezar, no entanto, a advertência de que o São Francisco, ameaçado pela excessiva utilização humana, exige programas de recuperação e preservação ambiental em seu entorno, de modo a compensar as perdas e garantir a perenidade.
Essa preocupação transparece na entrevista do biólogo Melquíades Pinto Paiva, contrário à transposição. Ele enumera o que chama de mentiras do projeto, que a seu ver não vai combater a pobreza nem resolver os crônicos problemas de distribuição de água, como também não favorecerá adequadamente a irrigação.
Outra matéria de interesse relacionada ao desenvolvimento do país fala das ferrovias brasileiras, abandonadas por muitos anos, enquanto o setor rodoviário e a indústria automobilística recebiam todo o apoio. A boa notícia é um investimento de R$ 100 bilhões prometido para tentar, mais uma vez, recolocar o país nos trilhos. Nesse esforço estão incluídos trens de passageiros e de cargas, além do transporte metropolitano e do trem-bala entre Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro. Resta saber se os interesses políticos e de outras ordens, que se movem em bitola diferente, não provocarão, nos próximos meses, mais um lamentável descarrilamento de tão boas intenções.
Esta edição mostra ainda o esforço pela revitalização do centro da cidade de São Paulo, que tenta recuperar os atrativos perdidos ao longo do tempo. E, na parte cultural, traz um pouco da vida de dois artistas consagrados da música brasileira, Nelson Cavaquinho e Assis Valente, desenha um panorama das histórias em quadrinhos, nossos tradicionais gibis, e registra, com otimismo justificado, o renascimento do cinema no país.
Abram Szajman
Presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo
e dos Conselhos Regionais do Sesc e do Senac