Postado em 05/10/2011
Os vinte e nove livros publicados mostram o amplo campo de ação desenvolvido pela historiadora Mary Del Priore. Sua pesquisa historiográfica percorre temas desde o corpo, a sexualidade e a emancipação femininos; a infância; o Brasil colônia; a família imperial e, mais recentemente, em entrevistas e artigos, a atual situação política do país comandado por uma mulher, a presidente Dilma Rousseff.
Entre os títulos mais recentes, estão Histórias Íntimas: Sexualidade e Erotismo na História do Brasil (Planeta do Brasil, 2011); Uma Breve História do Brasil (Planeta do Brasil, 2010); Matar para Não Morrer: A Morte de Euclides da Cunha (Objetiva, 2009). Em suas declarações, tem criticado o resquício do paternalismo que rege a vida de milhares de brasileiros.
Afirma que as próprias mulheres ajudam a perpetuar esse modelo nas relações. “Essa mentalidade nunca abandonou, sobretudo, as mulheres brasileiras. Apesar das conquistas na vida pública – mais e mais mulheres se destacam como artistas, políticas ou empresárias – na vida privada elas continuam marcadas por formas arcaicas de pensar”, declara Mary à Revista E.
Também revela a boa acolhida do público aos livros de história de toda a sorte publicados no país. Para a historiadora, esse é o reflexo das novas formas narrativas empregadas por autores não só restritos ao universo acadêmico, mas em contato com a realidade cotidiana.
“Os jornalistas vêm dando uma colaboração importante nesse sentido. Seu domínio da escrita, de frases curtas e informativas, mais do que interpretativas, ajuda a matéria a ganhar interesse”, diz. Além de pôr em xeque mitos e lendas sobre figuras emblemáticas de nossa história.
Há um crescente interesse dos brasileiros pela história do país. O sucesso de seus livros e de outros autores autoriza a dizer que a história brasileira está na moda?
Sem dúvida. E não só pelo consumo de livros de história, escritos por historiadores ou jornalistas, que estão sempre nas listas dos “mais vendidos de não ficção”. Também o consumo de revistas de história – há cerca de 350 mil leitores só da Revista de História da Biblioteca Nacional –, como o interesse por programas de televisão que abordem conteúdo histórico o atestam.
Tudo convida a mergulhar no passado, não só para aprender, como também para se divertir. O caráter lúdico do aprendizado da disciplina é fundamental. Na era da globalização e metralhados por informações sobre o mundo, é preciso saber quem somos, de onde viemos, o que é o Brasil. Logo, o interesse está associado a uma compreensão de nossa identidade.
Sociedade miscigenada, feita de imigrantes, temos que entender em que resultou tamanho caldo cultural. Também é importante abrir o espírito das pessoas para o questionamento histórico por meio de obras fáceis de apreender. É preciso tornar acessível não apenas o conhecimento, mas uma maneira de pensar que muitas vezes é vista como elitista. Através da divulgação da história, é importante propor conteúdos que nos permitam refletir e argumentar sobre o mundo que nos cerca.
A escrita parece ter se tornado, de outro lado, mais próxima aos leitores, com os autores apresentando textos mais envolventes. Tal procedimento tem ajudado a colocar a história brasileira na lista de best-sellers?
Os jornalistas vêm dando uma colaboração importante nesse sentido. Seu domínio da escrita, de frases curtas e informativas, mais do que interpretativas, ajuda a matéria a ganhar interesse.
O importante é que haja história para todos: quem quiser trabalhos mais musculosos, leia ensaios ou teses universitárias. Para quem quiser se distrair, aprendendo sobre o nosso passado, não faltam manuais. E as biografias são deliciosas leituras que ajudam na compreensão fácil de épocas inteiras. Particularmente, tenho uma grande preocupação em compor meus textos com cuidado.
Não vejo razão para que a história seja contada com a frieza de uma equação ou de um relatório empresarial. Além disso, minha maior preocupação é a de que o leitor se sinta de tal forma transportado no tempo, que esqueça que tem um livro entre as mãos. Para isso, dedico-me muito mais às descrições (das cidades, dos ambientes, das pessoas, de sua vida privada) do que às explicações. Mas há uma segunda etapa, em que escrever significa outro tesouro: aprender a aprender.
Para gozar o prazer de bem escrever é preciso também ler bastante. “A história é filha da narrativa” dizia o conhecido historiador francês François Furet. O historiador tem que ter a fibra do escritor. É preciso saber contar, fazer reviver os personagens, descrever as paisagens, expor uma intriga, escrever com gosto, mostrar mais do que demonstrar. É isso que dá a história seus atrativos.
Quanto aos seus colegas historiadores, pode-se afirmar que estão empenhados em apresentar uma visão da história brasileira menos oficial, mais desmistificadora?
Fazer história significa construir uma consciência histórica, sobretudo quando o presente é nebuloso. É o caso de nossa época, marcada pela desagregação das certezas, pelo fim das ideologias e a crise das filosofias da história, como o marxismo. Nesse quadro, os historiadores têm duas missões aparentemente contraditórias. Por um lado, frente à organização da memória coletiva e às construções sociais que configuram a consciência comum, ele precisa “desmistificar” fatos históricos.
Ou seja, ele precisa opor aos textos que contam tal história, na maior parte das vezes textos emocionais, um discurso racional e crítico. Por outro lado, como mediador entre o presente e o passado, o historiador fornece elementos e referências para a construção da própria consciência histórica. Tomemos o mais do que conhecido exemplo de Tiradentes, “herói nacional”.
Inventado pelos republicanos, logo após o golpe de 1889, Tiradentes representava miticamente a resistência ao Império português e aos Bragança, encarnado na figura de D. Pedro II e sua família. Graças às excelentes pesquisas feitas na academia, sabemos hoje que, longe de ser uma pobre vítima da perseguição metropolitana, Tiradentes era homem de posses e membro de um grupo de elite, que, na defesa de seus interesses, usou até as mulheres como “laranjas” para salvar seus bens.
E há centenas de exemplos como esse que foram construídos ou “inventados” para atender a interesses pontuais. O “Panteão da pátria” e o livro de “heróis nacionais”, cuidadosamente alimentado por membros do Congresso brasileiro, são exemplos de história que precisa ser desmistificada, pois estão cheios de figuras controvertidas. A universidade e também o jornalismo são fundamentais para desconstruir falsos mitos.
Um livro como Maldita Guerra, de Francisco Doratioto, de repente expõe a Guerra do Paraguai sob novas luzes, desmontando a sacra visão de que o Brasil esmagou o país vizinho em conluio com a Argentina e o Uruguai. O brasileiro amadurece mais quando a história é apresentada sob enfoques inéditos ou ele ainda resiste a essas interpretações?
Cada vez mais se descobrem documentos e arquivos que permitem explicações inéditas. Daí a importância de preservarmos nossos arquivos e documentos, públicos e privados, pois depende exclusivamente deles a possibilidade de lutarmos contra as “falsificações” da história. Vivemos, em grande parte do país, uma política de esquecimento.
Poderíamos dizer que como os velhos, nós, brasileiros, temos muitas lembranças e má memória. Num processo permanente de amnésia, viemos ajudando a sepultar um patrimônio que desaparece sem deixar pistas. Impotentes e nostálgicos, esquecemos paisagens geográficas, humanas e culturais, que se apagam graças a penadas de políticos, que deveriam eles estar nos mausoléus.
Nosso patrimônio histórico não tem verbas para sua salvaguarda; as comunidades não veem seu passado material ou imaterial como prioridade; nas escolas, faltam políticas de educação patrimonial que consolidem um modelo de cidadania cultural; o Terceiro Setor, que vem se batendo pelo cuidado dos bens culturais e, mais importante, pela consolidação de estratégias que permitam às instituições e comunidades envolvidas com o cuidado desses bens desenvolver programas autossustentáveis, é ignorado pelas autoridades e pela própria sociedade.
Nossos arquivos privados estão desaparecendo e muitos, municipais e estaduais, são pilhados ou abandonados pela falta de interesse em mantê-los. Livros como os de Doratioto, baseados em fontes inéditas, lembram que nosso passado merece cuidados urgentes com sua preservação.
Como você seleciona um tema para transformá-lo em livro?
Não há história sem atores. A história não é a simples descrição de fatos dignos de serem contados em razão de seu caráter excepcional. Ela busca compreender como e por que as coisas aconteceram. E não podemos nos engajar nessa via sem encontrarmos atores históricos. Eu procuro aqueles que funcionam como janelas para o passado.
Que nos permitem descobrir todo um período ou fatos históricos por meio de seu olhar e de sua atuação. Mais ainda, procuro personagens na sombra; os anônimos da história. Aqueles que parecem testemunhas silenciosas, mas que nos legaram documentos com suas interpretações do tempo em que viveram.
Poucos sabiam que D. Pedro II tivera um neto, Pedro Augusto de Bragança Saxe e Coburgo, que tentou dar um golpe para ascender ao trono no lugar da tia, a princesa Isabel. A leitura que o jovem faz do comportamento de sua tia me permitiu escrever páginas inéditas sobre aquela que era considerada uma santa e “redentora dos escravos”.
Pelos olhos do jovem príncipe, e nos registros que legou, a tia aparece como uma figura mesquinha e pequena. O mesmo com a Condessa de Barral, que, junto com o Brasil e os livros, foi grande paixão de D. Pedro II. Através de sua correspondência com o Imperador, encontramos não o grande intelectual, cantado em prosa e verso: mas um “homem de pijamas”, que falava mal inglês, que não tinha modos à mesa, nem sabia se comportar nas cortes europeias que visitou. Era um provinciano.
Qual a importância de figuras como Nísia Floresta e Bertha Lutz na luta feminista brasileira?
A luta das mulheres por representação política vem de longa data. Uma das pioneiras foi Nísia Floresta, que, em 1832, publicou Direitos das Mulheres e Injustiças dos Homens, opúsculo em que enfrentava os preconceitos da sociedade patriarcal, exigindo igualdade e educação para todas. Na mesma época, no extremo oposto do Império, Ana de Barandas erguia bandeiras contra a Revolução Farroupilha.
Enquanto isso, na sede da Corte, no Rio de Janeiro, a poetisa Narcisa Amália, primeira mulher a se profissionalizar como jornalista, lutava em favor das ideias democráticas e progressistas, da elevação do nível cultural e material da população. A segunda metade do século 19 assistiu também à participação de muitas na luta pela abolição. Adelina, a charuteira, escrava do próprio pai, participou de inúmeros comícios abolicionistas em São Luís do Maranhão.
Na Bahia, Amélia Rodrigues, em artigos em O Monitor, protestava contra o envio de cativos para a Guerra do Paraguai. Em Pernambuco, Ignês Pessoa descrevia, em poemas, as lágrimas dos afrodescendentes, enquanto Maria Amélia de Queiróz redigia incontáveis artigos pelo fim da “criminosa instituição”, em favor da república e da participação das mulheres nas “lutas dos homens”.
O Partido Republicano Feminino abriu suas portas a 23 de dezembro de 1910. Na presidência, estava a feminista baiana Leolinda Daltro. Os objetivos eram promover a cooperação feminina para o progresso do país, combater a exploração relativa ao sexo e o mais importante: o direito ao voto. Depois, foi a vez da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, sob a liderança da bióloga Bertha Lutz.
Só em fevereiro de 1932, Getúlio Vargas assinou o tão esperado direito de voto. Bertha tentou ocupar cargos em vários pleitos, elegendo-se deputada federal em 1936.
Você costuma escrever que as mulheres no Brasil usaram de versos, redondilhas até, na sua luta pela emancipação feminina. Usaram da pena e não da metralhadora. Por que essa característica no Brasil?
Esse fato está relacionado ao longo histórico de lutas femininas que, depois da conquista do voto, se consolidou. Costumamos esquecer o nome dessas lutadoras que empunharam a pena e a ação solidária – não uma arma –, mesmo por ideais diferentes, por décadas. No final dos anos de 1940, nascia uma organização chamada Federação das Mulheres do Brasil, guarda-chuva para mulheres de várias tendências de esquerda com forte influência do Partido Comunista Brasileiro.
Entre os anos de 1950 e os chamados “Anos de Chumbo”, muitas mulheres como Ana Montenegro se destacaram. Dentro do PCB [Partido Comunista Brasileiro], participou da Frente Nacionalista Feminista desde meados dos anos de 1950, até o golpe militar de 1964.
Outra figura notável da década foi Lígia Lessa Bastos, carioca com a carreira política mais duradoura da América Latina. Durante o governo militar, Ester de Figueiredo Ferraz, uma importante educadora, tornou-se a primeira ministra de Estado. Não foi a única a apoiar o regime.
Do outro lado do espectro político, inúmeras mulheres ingressaram na clandestinidade, lutando contra o regime instalado: Elza Monnerat, Clara Sharf, entre outras, algumas das quais morreram em combate contra a repressão. Os anos de 1980 foram muito importantes pela criação de políticas específicas para mulheres. Com a redemocratização, o então presidente José Sarney enviou ao Congresso o projeto de lei criando o Conselho Nacional dos Direitos da Mulher.
O papel do CNDM foi fundamental durante a Constituinte de 1988. Criou-se um lobby nacional, o “lobby do batom”, como ficou conhecida a atuação da bancada feminina no Congresso Nacional, destacando-se aí Heloneida Studart. A sintonia com os movimentos populares permitiu a aprovação de mais de 80% das reivindicações encaminhadas aos congressistas na área de Direitos da Mulher.
Como enxerga a mulher na política brasileira? É diferente do homem? Existe aquele it feminino na política feita pela mulher ou tudo se confunde?
Acho que tudo se confunde, pois que temos mais mulheres concorrendo por projetos de poder do que por projetos políticos. A 4ª Conferência Mundial sobre as mulheres, realizada em Pequim, em 1995, cunhou o termo de empowerment (apropriação do poder ou empoderamento) pelas mulheres.
Hoje, em plena democracia, não há mais obstáculos para a representação feminina no Congresso, e as brasileiras estão devidamente “empoderadas”. Pode-se dizer que, se alguém conquistou plena igualdade política, fomos nós. Nossas políticas fazem campanhas e são eleitas, sem as perseguições movidas no passado, como a que atingiu Bertha Lutz, acusada de fraude eleitoral.
E a igualdade com os políticos é absoluta: elas têm isonomia no horário político eleitoral e não encontram barreiras para o financiamento de suas campanhas. Apesar das conquistas na vida política, continuamos sem ações eficientes que atendam direta e majoritariamente os problemas femininos, como gravidez na adolescência, aumento de creches e de programas para a terceira idade, educação para a inserção profissional da mulher ou aborto, que só entrou na pauta, e de forma oportunista, no final dos debates eleitorais.
Afinal, para que brigar com a bancada evangélica ou católica à véspera das eleições? Entre nós, o voto proporcional, garantido entre outros 250 artigos, incentiva toda a sorte de acordos com corporações e sindicatos. Nossos deputados são eleitos pelos serviços prestados a grupos de pressão. O caso de Jacqueline Roriz é exemplar, nesse sentido. A ética não é uma questão de gênero.
Nem a eficiência política pode ser sinônimo de feminilidade: em Ruanda, a Câmara de Deputados é constituída por 48% de mulheres – mais do que na Suécia – e nem por isso a situação política e econômica mudou. Na Espanha, o governo Zapatero tem 47% de mulheres e nem por isso escapou a uma crise sem precedentes.
A África do Sul tem 40% e o Chile, 50%, de representação feminina, e em nenhum desses países a presença da mulher mudou radicalmente o cenário social ou político. As mulheres estão representadas no poder em vários países do mundo, mas falta-lhes uma liderança entendida não como a autoridade que emana de um posto ou de uma estrutura, mas como a capacidade de fazer as pessoas participarem de objetivos definidos a partir de critérios de gênero. Isso não é fácil. No momento, o “empoderamento” parece lhes bastar.
Passados alguns anos do período mais aguerrido da luta feminista, o resultado foi bom para as mulheres?
Há estatísticas que mostram que as mulheres começam a adquirir patologias antes quase exclusivas dos homens.
Nas sociedades patriarcais do passado, problemas que hoje consideramos de ordem pessoal, quer em se tratando da intimidade do corpo ou do coração, eram resolvidos pela comunidade. Era ela que controlava todos os comportamentos, vigiando tudo que se considerava inadequado.
E esse direito de controle sobre o grupo incidia sobretudo nos comportamentos femininos. Na herança machista do Ocidente cristão, a mulher era a guardiã de muitos valores de honradez e pureza. Quando essa função não era preenchida, o seu “mau comportamento” ficava publicamente assinalado. Sua honra, manchada. Essa mentalidade nunca abandonou, sobretudo, as mulheres brasileiras.
Apesar das conquistas na vida pública – mais e mais mulheres se destacam como artistas, políticas ou empresárias – na vida privada elas continuam marcadas por formas arcaicas de pensar. É em casa que elas escondem seus sentimentos de vigilância, falando mal da vida alheia, sobretudo de quem não está “dentro das regras”.
Outras calam sobre comentários machistas de seus companheiros e incentivam piadas sobre a “burrice” feminina. Outras ainda cultivam cuidadosamente o mito da virilidade. Gostam de se mostrar frágeis, pois acreditam que eles assim se sentem mais potentes. Mulher forte? É sapatona! A “Melancia”? Linda! Acreditam que a feminilidade é um estado natural a ser conservado e que todas as despesas aí investidas são um bom negócio.
Muitas mulheres são coniventes com a propaganda sexista e com a vulgaridade da mídia. Na TV, aceitam temas apelativos e não se incomodam que os mesmos encham a cabeça de suas filhas. Conclusão: há uma desvalorização grosseira das conquistas das mulheres, por elas mesmas.
Esse comportamento ajuda, certamente, a que se continue a cavar um grande fosso entre homens e mulheres, explicando em parte que o machismo e o excessivo controle da vida alheia tenham se enraizado dentro das próprias mulheres. Se as mulheres são mais felizes, é difícil de dizer. Mas a maioria continua tão machista quanto suas avós! ::
“Sabemos hoje que, longe de ser uma pobre vítima da perseguição metropolitana, Tiradentes era homem de posses e membro de um grupo de elite, que, na defesa de seus interesses, usou até as mulheres como “laranjas” para salvar seus bens”
“Cada vez mais se descobrem documentos e arquivos que permitem explicações inéditas. Daí a importância de preservarmos nossos arquivos e documentos, públicos e privados, pois depende exclusivamente deles a possibilidade de lutarmos contra as ‘falsificações’ da história.”
“Poucos sabiam que D. Pedro II tivera um neto, Pedro Augusto de Bragança Saxe e Coburgo, que tentou dar um golpe para ascender ao trono no lugar da tia, a princesa Isabel”
“Apesar das conquistas na vida política, continuamos sem ações eficientes que atendam direta e majoritariamente os problemas femininos”