Postado em 03/09/2012
A iniciativa do maestro Silvio Baccarelli, desencadeada tão logo viu pela televisão parte da favela de Heliópolis, em São Paulo, ser consumida pelo fogo, 16 anos atrás, gerou resultados tão positivos que a história do bairro simplesmente mudou. Comovido com as cenas de aflição de pessoas anônimas marcadas pelo sofrimento, ele decidiu estender a mão, e fez isso em concordância com sua aptidão profissional. Baccarelli iniciou um trabalho com os moradores do lugar, na zona sul da capital paulista, elegendo a música como agente transformador. A ação levou ao florescimento de um dos mais importantes movimentos culturais de cunho social em assentamentos de reconhecida carência. Foi assim que nasceu a Orquestra Sinfônica Heliópolis, com 80 integrantes, além de uma série de outros projetos que passaram a ocupar o tempo de 1,3 mil crianças e jovens da comunidade com aulas vocais e instrumentais, um modelo de cidadania e de autoestima que é relatado, em minúcias, na matéria de capa desta edição.
O cuidado com os detalhes está presente ainda na reportagem que trata do cultivo de flores no país, um ramo que cresce 15% ao ano e espera movimentar R$ 5 bilhões em 2012. Mais de 7 mil produtores atuam no setor, as plantações já ocupam 9 mil hectares, 40 centrais atacadistas distribuem as flores para o mercado e 28 mil pontos de venda se incumbem de negociar 350 espécies diretamente com o consumidor final. Apesar da grandiosidade dos números, o consumo médio nacional é pequeno se comparado ao de países mais desenvolvidos. Em linhas gerais, o setor ainda depende de datas especiais para fomentar as vendas, o que significa que o potencial de negócios é bem maior. Ou seja, as empresas que vivem de cultivar e comercializar flores sabem que não podem parar de investir.
Investimento, decididamente, é a chave do progresso. E um bom exemplo dessa máxima está sendo dado pelos shopping centers, ramo empresarial em franca expansão que contribui com 2% do Produto Interno Bruto (PIB) e dá abrigo a 80 mil lojas, pontos comerciais que recebem, diariamente, mais de 12 milhões de visitantes, empregam 775 mil pessoas e faturaram, no ano passado, R$ 108 bilhões, R$ 17 bilhões a mais que em 2010.
A Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) informou à reportagem que nos primeiros sete meses de 2012 o Brasil ganhou 11 novas unidades e que, até 2014, poderão ser inaugurados mais 30 a 40 desses gigantescos centros de compras. Operam hoje no país, conforme a entidade, 439 shoppings, mas nas contas da Associação Brasileira dos Lojistas de Shopping (Alshop) eles chegam a 802. A Alshop inclui as galerias nessa categoria e, justamente por isso, prevê a construção de 132 novos empreendimentos nos próximos dois anos. Os números podem ser contrastantes, mas a expansão do setor é um fato inquestionável.
Abram Szajman
Presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo
e dos Conselhos Regionais do Sesc e do Senac