Postado em 01/05/2013
Dos dias 5 de janeiro a 15 de abril, a mostra Mazzaropi, Além do Riso levou aproximadamente 82 mil pessoas ao Sesc Ipiranga. A homenagem a um dos maiores cineastas brasileiros teve como inspiração inicial o centenário de seu nascimento, completado em 2012 (Amácio Mazzaropi viveu de 1912 a 1981), mas foi mais fundo. Lembrado pelos filmes de humor que recuperavam a cultura caipira, Mazzaropi foi desta vez apresentado por um viés pouco explorado de sua obra: seu trabalho e legado como produtor e empresário de cinema.
De acordo com a técnica da área de Artes Visuais do Sesc Ipiranga, Sandra Kaffka, as gerações mais novas desconhecem ou conhecem muito pouco a obra de Mazzaropi e sua contribuição como produtor e incentivador do cinema nacional. Pensando nisso, a mostra ofereceu um conjunto de atividades e intervenções artísticas que trouxessem ao público releituras sobre a obra do cineasta, seus personagens mais conhecidos (como o Jeca Tatu, o Corintiano, o Zé-periquito, o Lamparina, etc.) e a vida no campo. “Além da exibição de filmes, foram incluídas contação de histórias para crianças, literatura, dança, arte-mídia, apresentações musicais e oficinas com os artistas-artesãos que ajudaram a compor os cenários de crochê, de tricô e pinturas de paisagens. Nosso espaço de alimentação ofereceu ao longo dos quatro meses da mostra um cardápio que incluiu dois itens a cada semana inspirados na culinária caipira”, afirma.
O professor de cinema da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP) Máximo Barro, curador da mostra, salienta o valor do cineasta. “Os 72 filmes do Mazzaropi o tornaram um artista ímpar. Muitos tentaram imitá-lo ainda em vida e não deu certo”, explica. No entanto, a busca de Mazzaropi pelo diálogo com as grandes massas tornou-o alvo constante da crítica da época. Seus filmes eram considerados “superficiais” pela elite intelectual do país, apesar do enorme sucesso de público. “Como os filmes do Cinema Novo sempre andavam mal nas bilheterias, acabaram saindo com a novidade de que filmes que alcançavam altas rendas eram sinônimo de cinemão, ópio para o povo. Certa vez, conversando com ele [Mazzaropi] sobre esse assunto, ele confidenciou-me: ‘pode ter certeza de que, no dia seguinte à minha morte, essas mesmas pessoas vão fazer um Festival Mazzaropi’. Não deu outra!”, relembra Barro.
Para Kaffka, essa hibridização do que é considerado culto e popular ou novo e velho se reflete em todas as linguagens presentes na mostra e enriquece a discussão sobre a busca de uma identidade cultural contemporânea. “A intenção é sempre promover e compartilhar o conhecimento, trazendo informações que complementem e que provoquem curiosidade. Pouca gente sabe que Tarcísio Meira foi lançado em um filme de Mazzaropi, por exemplo”, diz. “Foi gratificante perceber que visitantes das mais diversas faixas etárias se relacionaram com o espaço expositivo de forma lúdica, compartilhando as lembranças de seus pais ou avós, que foram contemporâneos a Mazzaropi.”
“Foi gratificante perceber que visitantes das mais diversas faixas etárias se relacionaram com o espaço expositivo de forma lúdica,compartilhando as lembranças de seus pais ou avós, que foram contemporâneos do artista” Sandra Kaffka, técnica da área de Artes Visuais do Sesc Ipiranga
Vida privada
A atriz Renata Sorrah encabeça o elenco do espetáculo Esta Criança – com texto do francês Joël Pommerat e direção de Marcio Abreu –, cartaz do Sesc Vila Mariana de 19 de abril a 9 de junho. Renata atua em parceria com o elenco da Cia. Brasileira de Teatro (Giovana Soar, Ranieri Gonzalez e Edson Rocha) para dar vida aos personagens de Pommerat em dez cenas curtas. Constrangedoras, engraçadas, tristes ou estranhas, situações que envolvem morte, nascimento, adoção, abandono, agressão e desabafo ilustram pontos cruciais e eternos na vida de indivíduos cujas relações de parentesco vão sendo reveladas à plateia com o desenvolvimento dos diálogos.
“O Ira! teve um período criativo muito bacana de 83 até o final de 84. Um punk ácido, dissonante, muito intenso. Algumas dessas músicas foram lançadas até como complemento de outros álbuns, mas totalmente fora de contexto.” O cantor Nasi ao site de notícias G1 (g1.globo.com). O ex-vocalista da banda paulistana Ira! se apresentou, juntamente com o músico Sérgio Duarte, no Sesc Carmo, nos dias 29 e 30 de abril
“Eu sempre ouvi jazz. Muito por culpa do meu pai, que sempre foi um ouvinte ávido de jazz e tem uma coleção de vinil de dar inveja a muito DJ. Costumo dizer que brincava de Barbie ouvindo Charlie Parker.” Blubell em entrevista ao blog Music For The People (musicforthepueblo.blogspot.com.br). A cantora e compositora fez show na unidade São Caetano, em 23 de abril
De dentro para fora
O Sesc Pompeia apresenta, desde o dia 5 de abril, o projeto O Interior Está no Exterior, que reúne propostas de artistas nacionais e estrangeiros para a Casa de Vidro de Lina Bo Bardi (1914-1992) – projeto criado pela arquiteta nascida na Itália e radicada no Brasil para servir de residência a ela e o marido, o jornalista, historiador, crítico e colecionador Pietro Maria Bardi (1900-1999). Além das intervenções na casa, o projeto, que segue até 26 de maio, prevê mostra de vídeos, performances e a exposição de duas instalações de autoria do norte-americano Dan Graham e do brasileiro Ernesto Neto.
De dentro para fora
O Sesc Pompeia apresenta, desde o dia 5 de abril, o projeto O Interior Está no Exterior, que reúne propostas de artistas nacionais e estrangeiros para a Casa de Vidro de Lina Bo Bardi (1914-1992) – projeto criado pela arquiteta nascida na Itália e radicada no Brasil para servir de residência a ela e o marido, o jornalista, historiador, crítico e colecionador Pietro Maria Bardi (1900-1999). Além das intervenções na casa, o projeto, que segue até 26 de maio, prevê mostra de vídeos, performances e a exposição de duas instalações de autoria do norte-americano Dan Graham e do brasileiro Ernesto Neto.
Túmulo do samba?
O poeta carioca Vinicius de Moraes (1913-1980) que nos perdoe, mas São Paulo está longe de ser palco para o último suspiro do gênero mais popular do Brasil. É o que mostrou o Sesc Itaquera, no dia 28 de abril, com o show Aniversário do Berço do Samba de São Mateus. O bairro da Zona Leste da capital é conhecido por ser tradicional reserva de qualidade do gênero na cidade. Subiram ao palco, como convidados, Fabiana Cozza, Graça Braga, Tia Cida, a Comunidade do Samba da Vela, a Orquestra de Samba e Choro de São Mateus e a dupla de hip hop FL & Maskot, e os integrantes da velha guarda das escolas de samba Camisa Verde e Branco e Nenê de Vila Matilde.
Antiga nova dança
Fandango a Céu Aberto, espetáculo de dança apresentado no Sesc Santo André, no dia 20 de abril, propõe um olhar novo sobre uma manifestação cultural antiga: o fandango, dança e gênero musical encontrado nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo. Com a coreografia, a Cia. Oito Nova Dança propõe uma atualização, sem, porém, deixar de lado aspectos essenciais, como o bailado, o batido e a característica de cultura popular, celebrada coletivamente.
O esporte na roda
Tabelando, projeto realizado pelo Sesc Santo Amaro, é composto de encontros mensais que abordam a cultura esportiva em seu sentido mais amplo – incluindo a história, as práticas e até seu aspecto político como atividade humana. Em abril, no dia 18, a conversa foi com o escritor Ruy Castro e a cantora Elza Soares e o assunto foi o jogador de futebol Mané Garrincha, com quem Elza foi casada. Sobre a mesa, a biografia escrita por Castro, Garrincha, Uma Estrela Solitária (Companhia das Letras, 1995).
Educadores
Inspirada no filme homônimo do diretor austríaco Hans Weingartner, o espetáculo Edukators, em cartaz de 12 de abril a 26 de maio no Sesc Belenzinho, conta a história de três jovens que invadem mansões – na cidade de Berlim (Alemanha), onde vivem. A prática é uma forma de manifesto pacífico contra o sistema, já que o grupo espera que os donos não estejam em casa e também não rouba nada, apenas altera a disposição dos móveis. O “susto” tem a intenção de ensinar uma lição às classes abastadas – daí o título da obra. A invasão é arrematada com um bilhete no qual se lê a frase: “Seus dias de fartura estão contados”. A dramaturgia da versão brasileira é de Rafael Gomes. Na direção, João Fonseca, e no elenco Pablo Sanábio, Fabrício Belsoff e Natália Lage.
Tragédia recontada
O drama de Crianças da Noite – atividade do Sesc Bom Retiro de 6 de abril a 12 de maio – se passa dias antes da deportação de 200 crianças judias de um orfanato em Varsóvia, capital da Polônia, para um campo de concentração nazista. O espetáculo coloca no centro dos acontecimentos duas figuras históricas: o pedagogo Janusz Korczak e o presidente do Conselho Judaico do gueto de Varsóvia, Adam Czerniaków – que tem a trágica incumbência de negociar com os nazistas quais membros de sua comunidade serão levados. A direção da peça é de Marco Antonio Rodrigues e a produção do Núcleo Arte Ciência no Palco da Cooperativa Paulista de Teatro.
Choro em praça pública
Em comemoração ao Dia Nacional do Choro (23 de abril), o Sesc Carmo apresentou, entre os dias 22 e 25, a história do gênero desde seus primórdios, no século 19, até a produção contemporânea. O palco foi a Praça do Poupatempo, na Sé, região central de São Paulo. Houve apresentações do grupo Casa Velha (22/4), formado por alunos do Conservatório de Tatuí (cujo trabalho é de divulgação, pesquisa e estudo do choro), da musicista Jane do Bandolim (23/4), do violonista Zé Barbeiro (24/4) e do conjunto de choro contemporâneo Teclas no Choro (25/4).
O melhor no CineSesc
A sala realizou, durante o mês de abril, a 39ª edição do Festival Sesc Melhores Filmes, tendo diversidade de estilos novamente como tônica na lista das produções exibidas. Dos blockbusters hollywoodianos Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge e A Dama de Ferro (que redeu o Oscar de melhor atriz a Meryl Streep, no papel da ex-primeira ministra britânica Margaret Thatcher) a trabalhos mais independentes, como o iraniano A Separação. O Brasil esteve representado, entre outros títulos, por Xingu, de Cao Hamburger, que conta a história dos irmãos Villas-Bôas – Orlando (1914-2002), Cláudio (1916-1998) e Leonardo (1918-1961) – durante a Expedição Roncador-Xingu, nos anos de 1940. Bate-papos, palestras e uma exposição em homenagem ao cineasta Carlos Reichenbach (1945-2012) fizeram parte de uma programação paralela.
Harmonia e batuque
A programação do Instrumental Sesc Brasil, realizado no Teatro Anchieta, na unidade Consolação, teve como destaque a apresentação da Orkestra Rumpilezz, da Bahia. Criado em 2006 pelo maestro, compositor, arranjador e saxofonista Letieres Leite, o grupo de percussão e sopro tem suas composições e arranjos concebidos a partir do universo percussivo baiano, dos toques de orixás da música sacra afro-baiana às grandes agremiações percussivas, como o Ilê Aiyê e o Olodum. Tudo marcado por releituras que recebem também influências do jazz norte-americano.
Papo na cozinha
Tem História no Forno, destaque na programação do Sesc Interlagos, no dia 14 de abril, mostra as trapalhadas da dupla de ajudantes de cozinha Gina e Mario. Ela é objetiva e “pé no chão”, ele vive com a cabeça nas nuvens, sonhando com as aventuras que gostaria de viver. Cada um a seu modo, ambos descobrem – durante a arrumação de seu ambiente de trabalho – um mundo de possibilidades entre objetos como panelas, formas e outros utensílios. A produção é da Cia. O Curioso.
Falando de teatro
Projeto do Sesc Ipiranga, o Experimentopalco reúne uma série de atividades – no formato de aulas, vivências e encontros – voltadas à experimentação e compartilhamento de ideias no teatro. Em abril, os destaques foram o encontro com o Grupo XIX de Teatro (27/4), que possui um trabalho de pesquisa estética voltado à exploração de prédios históricos como espaços cênicos; e o curso Dramaturgias para Teatro de Rua (iniciado em 23 de março e que segue até 1º de junho), que é ministrado pelos atores da Cia. São Jorge de Variedades propõe uma vivência a partir de sua experiência com o teatro de rua.
Papo com Lobato
No monólogo Monteiro Lobato, Um Homem Essencialmente Brasileiro – apresentado no Sesc Osasco, nos dias 6 e 20 de abril – o ator Aderaldo Maia, caracterizado como o escritor taubateano, promove um “encontro” com o criador da série de livros O Sítio do Picapau Amarelo. Em cena, Maia conta histórias e “recorda” momentos da infância de Lobato, além de comentar a obra do autor nascido no dia 18 de abril de 1882.
Papo com Lobato
No monólogo Monteiro Lobato, Um Homem Essencialmente Brasileiro – apresentado no Sesc Osasco, nos dias 6 e 20 de abril – o ator Aderaldo Maia, caracterizado como o escritor taubateano, promove um “encontro” com o criador da série de livros O Sítio do Picapau Amarelo. Em cena, Maia conta histórias e “recorda” momentos da infância de Lobato, além de comentar a obra do autor nascido no dia 18 de abril de 1882.
Cinco histórias improváveis
Em O Desaparecimento do Elefante, cartaz do Sesc Pinheiros de 30 de março a 5 de maio, a diretora Monique Gardenberg leva à cena cinco contos do livro The Elephant Vanishes (“o elefante desaparece”, em tradução literal), do autor japonês Haruki Murakami. A narrativa mostra um mundo permeado pelo surreal, no qual o caótico, o cômico e o inexplicável pautam o cotidiano. A adaptação dos textos é de Monique, que divide a direção com Michele Matalon, e o cenário é de Daniela Thomas.
Escola de risadas
Em Sonhei em Ser Palhaço, espetáculo circense apresentado no Sesc Santana, no dia 6 de abril, o anseio do título é do garoto Caio, vivido pelo ator Glauber Pereira. Sempre em busca dos segredos de uma “palhaçada”, o menino recorre a Tuingo (interpretado por Nico Serrano), um palhaço baixinho e muito esperto, e que sabe tudo de fazer rir. Técnicas como malabares, acrobacias, monociclo e mágica compõem a montagem da Cia. BuBiÔ FicÔ LÔ!.
À beira de um ataque de nervos
No dia 13 de abril, o Sesc São Caetano apresentou, dentro do projeto Cena Intimista, o espetáculo Tentativa, dirigido por Henrique Schafer e interpretado por Tatiana Schunck. A dupla também assina o texto. Em cena, uma mulher em estado de irritação resolve repassar sua vida para ver se encontra alguma razão para não explodir. O que desencadeia um fluxo de pensamentos e lembranças.