Postado em 08/09/2013
O quadro é dantesco: milhões de pessoas penando com a falta de água, terra e pasto secos, poços vazios, animais mortos ou mal podendo se manter em pé. A seca que começou em 2010 não dá trégua e, pela enésima vez, uma área imensa do nordeste vê alargar a distância que a separa das regiões mais desenvolvidas do país. Entra seca e sai seca, é sempre a mesma coisa. Desta vez, todavia, algo de diferente está aflorando em pontos distintos do sertão, onde, além da escassez de chuva, o solo sofre com a degradação que avança caatinga adentro por causa, principalmente, do desmatamento, da erosão e das queimadas: o surgimento de pequenas ilhas verdes. Centenas de sitiantes estão conseguindo extrair da terra o sustento da família e a sobrevivência de seus animais lançando mão da criatividade e dos métodos de plantio recomendados por técnicos de empresas oficiais de extensão rural.
Um dos sertanistas ouvidos por Problemas Brasileiros garantiu que “não existe solo improdutivo; existe terra maltratada pelo homem”. Ele talvez esteja certo, porque, conforme mostra a reportagem de capa desta edição, a despeito da estiagem impiedosa que castiga aquele pedaço de chão, se avolumam os casos de propriedades rurais assentadas sobre solos ressequidos que exibem árvores frutíferas em franca produção e hortas que dão verduras e legumes o ano inteiro.
A obstinação do nordestino, na realidade, é uma marca que pauta a vida de tantos outros milhares de brasileiros. Nossos paleontólogos, por exemplo, não descansam na busca incessante do passado, cavoucando pacientemente o chão pátrio à procura de animais pré-históricos que viveram aqui há mais de 200 milhões de anos. Cientistas determinados que, conforme retrata a reportagem “Os Dinos Brasileiros”, estão descobrindo esqueletos de répteis gigantes e colocando o Brasil em posição de destaque na paleontologia mundial. E o que dizer do mestre do HQ nacional, o pai da dentuça Mônica e de uma série de 300 outras personagens (a turminha do Mauricio de Sousa), que faz sucesso aqui e no exterior e começa a ganhar espaço no mercado chinês?
Abram Szajman
Presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo
e dos Conselhos Regionais do Sesc e do Senac