Postado em 05/11/2013
"A casa reproduz o núcleo mais íntimo do convívio social: a maneira pela qual uma família se organiza no interior da cidade ou no espaço rural"
Assim começa o texto, "A casa como referência de cultura e identidade", do arquiteto e urbanista Dalmo Vieira Filho na Revista do SescTV de novembro - que você pode ler na integra aqui.
"Toda cultura" continua "criou formas próprias de construir o abrigo familiar, individual ou coletivo, criando modelos que acabaram assumindo peculiaridades próprias."
Em um país com povos tão distintos quanto distantes uns dos outros é natural que se more, em cada região, adaptando as necessidades ao que o ambiente oferece; ao mesmo tempo, o ambiente e suas necessidades podem mudar as pessoas, a cultura e a forma de agir e interagir com a sociedade e o planeta.
Para discutir este tema, o SescTV realiza, na quarta, 6 de novembro a partir das 20h, o debate "Cultura e Habitação" no Sesc Vila Mariana, com a participação dos arquitetos Paulo Mendes da Rocha e Ciro Pirondi e mediação do jornalista Paulo Markun.
Para participar do evento, envie um email para evento@sesctv.sescsp.org.br ou assista a transmissão ao vivo, a partir das 20h, nesta página.
Habitat Habitar
Uma nova série que investiga os modos de viver dos brasileiros, em diferentes regiões do País, a partir de suas moradias, também é o destaque no SescTV em novembro.
Trata-se de Habitat Habitar, dirigida por Paulo Markun e Sergio Roizenblit, que irá ao ar no próximo dia 10 de novembro, às 20h, com o episódio Palafitas e Casas Flutuantes, que tem classificação indicativa livre.
Texto publicado na Revista SescTV, novembro/2013, edição 80
“A natureza nos ensina que a força das águas está na sua flexibilidade” Viver à beira do rio, estar em conexão com a natureza, acompanhando as subidas e descidas das águas pluviais, permanecendo em sintonia com essas alterações naturais de seu habitat.
As populações ribeirinhas da região amazônica brasileira ensinam que é possível viver em harmonia com a força dos rios. Suas casas, aparentemente desafiadoras ao olhar técnico da engenharia, resistem ao movimento das águas, graças à sabedoria popular acumulada.
As habitações, construídas em madeira pelos próprios moradores, são adaptadas aos períodos de cheia e de seca, graças ao sistema das palafitas: estacas que elevam a casa, protegendo-a da invasão das águas nesse vai e vem. “A palafita é uma síntese da relação natureza e cultura na Amazônia. Quando a gente diz que ela é uma solução do homem amazônico para se adaptar a esse ambiente, é exatamente porque ele percebe esse ciclo das águas, que faz parte da vida dele e do próprio modo de morar”, afirma a doutora em Comunicação e Semiótica Mirna Feitoza.
Segundo o arquiteto Almir de Almeida, as palafitas foram criadas no processo de ocupação da Amazônia. “No início, a população amazônica era aquilo que chamamos de transeunte: vivia seis meses na várzea e seis meses na terra firme. A palafita é uma adaptabilidade a essa permanência”, diz. Para Mirna Feitoza, as palafitas constituem um patrimônio cultural e de identidade do povo ribeirinho. Opinião corroborada pelo geógrafo José Aldemir de Oliveira: “A palafita é o que nós chamamos de um gênero de vida”.
As moradias ribeirinhas da região amazônica estão no episódio Palafitas e Casas Flutuantes, que marca a estreia da série Habitar, com direção do jornalista Paulo Markun e do cineasta Sérgio Roizenblit. Realizada em 13 episódios de 52 minutos, com linguagem documental, a série apresenta diferentes modelos de habitação encontrados no Brasil e estabelece relações entre a casa e a identidade cultural. As diversas formas de morar revelam saberes populares, heranças culturais, referências e histórias que ajudam a compreender seus moradores.
Com uma abordagem antropológica, Habitar Habitat realiza conexões desses espaços arquitetônicos privados com as múltiplas formas de organização familiar, revelando práticas, representações, valores estéticos e soluções dessas construções. Dentre os modelos de habitação abordados pela série, além das palafitas, estão a oca indígena, a casa sertaneja, os condomínios de luxo, a casa de arquiteto e a favela. Um novo episódio a cada semana, com estreias aos domingos, 20h (confira no quadro).