Postado em 08/04/2014
ALMANAQUE
Um Imaginário Paulista
Pinacoteca do Estado de São Paulo
Ao entrar na sala Um Imaginário Paulista, da Pinacoteca do Estado de São Paulo, o visitante se depara com um espaço que tem como objetivo proporcionar uma reflexão sobre a imagem que a cidade buscava projetar para si mesma durante o século 19.
Pertencente à Secretaria de Estado da Cultura, a Pinacoteca foi fundada em 1905, com base em uma coleção reunida no então Museu do Estado, hoje Museu Paulista da Universidade de São Paulo, com obras adquiridas ou doadas para o governo do estado. Foram, então, transferidas 26 obras de artistas importantes, como Almeida Júnior e Pedro Alexandrino. Isso permitiu o início da formação do acervo, que atualmente é composto por 9 mil obras e atrai, aproximadamente, 500 mil visitantes por ano.
Ideário crítico
Com cerca de 20 quadros, a ideia é discutir um tema central para a crítica de arte paulista, em especial a modernista. Quem explica é a historiadora e integrante da equipe cultural de pesquisa e curadoria da Pinacoteca, Fernanda Pitta. “A proposta da sala é olhar para a produção
paulista da virada do século 19 para o 20; no caso da obra de Almeida Júnior, como uma espécie de momento inaugural da arte brasileira. Vemos tal apontamento em autores como Monteiro Lobato e Mário de Andrade, que escreveram sobre isso ao longo dos anos 1930 e 1940.”
Autores e temas da sala 10
A organização da sala 10, onde está localizado o acervo, monta um percurso que sugere uma espécie de confronto entre as imagens do processo de modernização da cidade, com áreas mais urbanizadas e outras quase rurais. Segundo Fernanda, a dicotomia pode ser percebida por meio das obras: “Temos em Caipira Picando Fumo e Amolação Interrompida, pintados por Almeida Júnior, toda a iconografia de certo pensamento da origem do paulista, do que caracterizaria a sua cultura. De outro lado temos as transformações na cidade, que de certa maneira negam a cultura caipira que deveria ser preservada. Na parede quase oposta ‘à dos caipiras’ temos a representação dos imigrantes, que são outra ponta do processo de modernização do estado e da cidade”, compara.