Postado em 10/03/2015
Os brasileiros até podem ter se esquecido, mas os moradores de João Câmara, a 90 quilômetros de Natal, ainda têm bem vivo na memória o abalo sísmico que fez estremecer o chão da pequena cidade e região na madrugada de 30 de novembro de 1986. Foi um dos maiores tremores já registrados no país em área habitada, atingindo 5,1 pontos na escala Richter. Mais de 4 mil edificações tiveram de ser recuperadas ou reconstruídas, dando margem ao surgimento de milhares de desabrigados em João Câmara e em municípios vizinhos. Outros exemplos marcantes, relatados na reportagem de capa “Estamos Livres de Terremotos?”, como o tremor na Serra do Tombador, no Mato Grosso, em 1955 – o maior de todos acontecidos no país na era moderna (magnitude de 6,2 na escala Richter) – e o inegável avanço da pesquisa geológica e sismológica no Brasil, que tornou possível a produção de mapas com a catalogação das ocorrências, colocam em cheque a teoria popular de que o país do samba e do futebol é imune aos movimentos do interior da Terra.
A força da natureza é imprevisível. Já nas situações em que o homem pode intervir, a não agressão ao meio ambiente é sempre bem-vinda. Assim como a proteção dada à Estação Ecológica do Taim, no Rio Grande do Sul, 33 mil hectares de área que se espalham pelos municípios de Santa Vitória do Palmar e Rio Grande, um suceder de banhados e lagoas, campos e dunas, bichos e plantas, praias oceânicas e lagunares, formado há milhares de anos durante os últimos, e geologicamente recentes, avanços e recuos do Oceano Atlântico. Retratado na matéria “Pedaço do Éden”, esse santuário ambiental só não é um paraíso no verdadeiro sentido da palavra porque é cortado por uma estrada, sendo muitos os casos de animais atropelados, alguns deles ameaçados de extinção.
A mão do homem também pode restaurar, dando nova razão de ser a lugares envelhecidos pelo uso e pelo tempo. Ponto inicial da finada Estrada de Ferro Sorocabana, que cortava o estado partindo da capital até Presidente Epitácio, num percurso de mais de 800 quilômetros (via férrea hoje gerida pela iniciativa privada), a estação Júlio Prestes, integralmente recuperada, abriga, desde 1999, a Sala São Paulo, sede da Orquestra Sinfônica de São Paulo (Osesp). Na reportagem “Grande Orquestra e sua Bela Casa”, Problemas Brasileiros faz um relato da reabilitação do local e descreve os passos que colocaram a Osesp na lista das mais importantes sinfônicas do planeta.
Boa leitura!
Abram Szajman
Presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo
e dos Conselhos Regionais do Sesc e do Senac