Postado em 23/07/2015
Durante o período da exposição 100 anos do Esporte Clube Taubaté serão publicados no Portal Sesc SP crônicas de jornalistas convidados a registrar suas lembranças em textos que homenageiam o Taubaté. Além das crônicas, vídeos inéditos compõem o conteúdo exclusivo para internet.
Por Robson Monteiro*
100 anos se passaram. Cerca de 36.500 dias foram vividos por homens, mulheres, dirigentes, jogadores e apaixonados torcedores. Algo em torno de 876 mil horas foram consumidas entre o amor, a paixão e, muitas vezes, a tristeza e decepção. Mas uma noite só foi inesquecível: a de 29 de novembro de 1979.
O palco era o extinto Estádio do Parque Antártica. O adversário, o maior rival: Esporte Clube São José, de São José dos Campos. Em jogo, a disputa do acesso à Divisão Especial (hoje chamada de A1).
Naquela noite fria, na maior cidade brasileira – São Paulo –, um bando de caipiras humildes, entre os quais me incluo, deixou a Praça Santa Terezinha em ônibus cedidos para vivenciar aquela que seria uma das maiores glórias do futebol da cidade: a vitória da raça taubateana sobre a equipe elitizada do São José.
Lembro-me até hoje de que naquela noite de quinta-feira, pensei sozinho: “Esse time do Taubaté é um grupo guerreiro; é uma família”.
Durante os 90 minutos, 11 homens com “H” vestiram a tradicional camisa alviazul – aquela com a faixa branca no peito – e com talento, harmonia, raça, dedicação e, sobretudo, amor à camisa mostraram aos torcedores de uma cidade que o sonho era possível. Porém, era preciso não só colocar “o coração na ponta da chuteira”, mas também suar, sangrar, correr e travar aquela que seria a maior batalha de um clube tradicional que nunca mudou de nome para fugir do fisco.
Os dribles maravilhosos de Toninho Taino, a habilidade do meia China, a inteligência de Piorra, a segurança do goleiro Wagner, a força da dupla de zagueiros Ari e Botú, a velocidade de Amauri, a raça de Antônio Carlos, a proteção cuidadosa dos laterais Banha e Cleto e a irreverência e o improviso genial do ponta Betinho levaram o time a uma vitória magnífica, construída na lucidez de um time solidário e unido. Mas também não podemos esquecer do zagueiro Buzuca, do meia Paulão, do goleiro Alfredo, do lateral Julião e de tantos outros que nos alegrara naquela caminhada memorável de 1979.
Eles encantaram o mundo do futebol. Após o término do jogo, esses atletas ensinaram aos presentes (torcedores, jornalistas e dirigentes) uma forma diferente de jogar bola.
Apresentaram a força e a raça como uma divertida alegria de superar o adversário, em que o sorriso sempre estava estampado no rosto.
Não quero e nem devo ser nominado de saudosista, afinal, no alto de meus 53 anos, acabei de viver em Taubaté, num domingo sob chuva fina, a conquista de mais um título glorioso do nosso “Burro da Central”, em que 4 gols selaram a vitória sobre a Votuporanguense, no recém -reformado Estádio Joaquim de Morais Filho, o Joaquinzão, e nos colocaram no alto do podium do Campeonato da A3 de 2015, com o título de campeões da temporada.
Mas quero confessar: a emoção de ver o título de 1979 é insuperável. Para muitos cinquentões de hoje, nada supera aquela noite de glória e vitória em terras paulistanas.
Ao longo de todos esses 100 anos a galera taubateana viu e aplaudiu muitos ídolos e heróis, vivenciou dias felizes e vitórias consagradoras, riu e chorou – de alegria – pelas conquistas de um time e de uma cidade.
Mas, na vida de alguns, nestes 100 anos, a noite de 28 de novembro e a madrugada de 29 de novembro tiveram um sabor místico, maravilhoso, feliz, histórico e.... inesquecível!
Vida longa, Esporte Clube Taubaté!
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* Robson Luís Monteiro, 53 anos, jornalista, professor universitário e torcedor apaixonado pelo E.C. Taubaté. Jornalista formado pela Unitau em 1984, pós-graduado em Comunicação Social em 1993 e mestre em Linguística Aplicada pela Unitau em 2003. Acompanha o Esporte Clube Taubaté desde 1979 como torcedor, repórter esportivo e curioso.