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Gabi Milino: da essência do blues à suavidade da MPB
A paulista Gabi Milino apresenta um repertório autoral que passeia entre as múltiplas influências de seu interesse musical. De Edith Piaf à Fiona Apple, brinca entre referências clássicas e contemporâneas, em legados como o jazz, o blues, o rock e o Chanson.
Formada em Arquitetura e Urbanismo pelo IAU – USP, foi na graduação que aprimorou sua identidade artística, graças aos diversos trabalhos paralelos e a variedade de bandas e grupos que integrou. Encontros e desencontros entre arte, arquitetura e música, que deram a amálgama certa para criação de seus primeiros singles, Céu de Maria e Beating Stoned, ambos de 2014.
A maturação desses trabalhos tomou forma em 2015, quando lançou seu primeiro disco, com onze canções e participações de peso, como Zeca Baleiro e Renato Godá. Com boa repercussão no meio especializado, a cantora foi convidada para se apresentar no EmPulso, projeto do Sesc Sorocaba que aposta nos novos talentos e trabalhos de vanguarda, apontando uma luz para o cenário nacional. O EmPulso também investe no fortalecimento da cena por meio do Papo de Produção – um bate-papo aberto entre público e convidado, no qual são apresentados modos de criação, produção e difusão artística.
A cantora bateu um papo com a EOnline e nos deu detalhes sobre sua passagem pelo Sesc. Confira:
EOnline: Seu primeiro disco conta com parcerias muito relevantes, como Zeca Baleiro e Renato Godá. Como surgiram essas relações?
Gabi: O Renato conheci por acaso em um dos estúdios onde gravei o disco, o SaxSo Funny. Ele tem um timbre de voz e uma presença incríveis, aí resolvemos convidá-lo para uma participação narrando um trecho da letra de Fotograma, que deu um charme todo especial. O Zeca eu conheci através do Kuki Stolarski, que tocou bateria e produziu a faixa de El Desierto. Quando conheci o Kuki, ficamos conversando um tempão sobre a Lhasa de Sela, que é uma cantora que amo e ele também adora, e dessa conversa voltei para casa inspirada e terminei essa música que ainda estava incompleta. Depois o Kuki mostrou El Desierto pro Zeca, que gentilmente topou cantar, o que foi super especial e importante.
EOnline: O repertório do show passeia entre canções autorais e versões de artistas como Fiona Apple, Janis Joplin e Edith Pilaf. Como a obra dessas cantoras influência em suas composições?
Gabi: Acho que são influências que floresceram no trabalho de maneiras variadas e, muitas vezes, inconscientes. Um jeito de cantar, uma maneira de estruturar acordes e melodias, que vão se combinando e ganhando forma.
EOnline: O videoclipe do álbum foi produzido com financiamento coletivo e apoio dos fãs; como é incluir os ouvintes nessa experiência?
Gabi: Eu achei uma experiência super positiva, foi uma alegria ver o carinho que o trabalho desperta nas pessoas, recebi apoio de lugares que nem imaginava que tivesse público -como Salvador ou Petrolina. Para além do financiamento, isso me deu uma força enorme, foi muito gostoso.
EOnline: Sua apresentação integra o EmPulso, um projeto do Sesc Sorocaba para divulgar novos talentos da música brasileira. Como tem sido essa parceria?
Gabi: Acho maravilhoso ter esse espaço que ainda é super necessário, são iniciativas assim que dão força à música autoral, e aos pouquinhos isso vai crescendo e mostrando a riqueza musical que está rolando fora da grande mídia.
EOnline: Primeiro álbum é igual primeiro filho? Qual foi sua participação na produção do disco?
Gabi: Esse é filho único e de mãe solteira! Foi uma grande experiência porque venho vivenciando tudo pela primeira vez, e também porque participei de cada pedacinho dele, cada palavra, cada arranjo, até a masterização, fiz questão de acompanhar. Fizemos todas as fotos em casa, enfim, foi tudo muito simbólico e especial! Um grande aprendizado!