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Abram-se as cortinas!
Há 50 anos em atividade, Teatro Sesc Anchieta coleciona histórias e episódios de relevância na cena nacional
Os números dão a dimensão de sua história: em atividade desde 1967 – há cinco décadas, portanto – o Teatro Sesc Anchieta, instalado na unidade do Sesc Consolação, já recebeu mais de 600 encenações (contabilizadas até dezembro de 2016), entre textos de autores clássicos e contemporâneos, passando por companhias nacionais e internacionais.
O local compõe a trajetória de grupos importantes da área, como o mineiro Galpão, que contabiliza o maior número de apresentações. “O Teatro Anchieta é o melhor teatro da cidade teatralmente mais destacada do Brasil, que é São Paulo, encampando a experiência definitiva para a renovação do teatro brasileiro, a partir da década de 1970, que foi a criação do CPT de Antunes Filho”, enfatiza Eduardo Moreira, ator fundador do Galpão.
Outro campeão de montagens é Nelson Rodrigues, cujos textos geraram inúmeras peças no Anchieta, tais como: A Falecida, 1988 e 1989 (em Paraíso Zona Norte); Álbum de Família, 1984 (em Nelson 2 Rodrigues) e 2007; Os Sete Gatinhos, 1989 (também em Paraíso Zona Norte); e Toda Nudez Será Castigada, 1984 e 2012. Entre as atrizes, Cleyde Yáconis, Lúcia Romano e Juliana Galdino são as que mais vezes se apresentaram; já entre os atores, Walter Portella, Geraldinho Mário da Silva, Emerson Danesi, Ney Piacentini, Roberto Audio e Luis Melo subiram ao palco mais vezes.
Mapa-mundi
Mesclando a dramaturgia brasileira com o melhor da produção internacional, os textos e adaptações mais encenados são dele: ¿William Shakespeare. Do repertório do inglês, entre outras montagens clássicas, em diferentes períodos e propostas cênicas: Hamlet (1968, 1969 e 2007), Romeu e Julieta (1984); Macbeth (1992); e Anthony & Cleopatra (da Moving Theatre).
Com ligação profissional e afetiva ao Teatro Anchieta, Antunes Filho foi quem mais dirigiu espetáculos por lá, somando-se aos do Centro de Pesquisa Teatral (CPT), criado em 1982. Destacam-se peças como Macunaíma (adaptação de Antunes Filho, 1984); A Hora e a Vez de Augusto Matraga (1986); e A Pedra do Reino (2006). Na opinião de Antunes Filho, “o Teatro Anchieta é um porto”. Por certo, naquele palco estão ancorados muito trabalho e capítulos importantes do CPT e dos atores que continuam a produzir e renovar a linguagem teatral. Nas palavras da atriz Cleyde Yáconis (1923-2013), uma das grandes atrizes dessa história: “É um espaço amoroso, acolhedor. Você se sente aquecida humanamente”, definiu em entrevista reproduzida no livro Teatro Sesc Anchieta: um ícone paulistano (Edições Sesc, 2017).
REGISTROS DO PALCO
Em Teatro Sesc Anchieta: um ícone paulistano (Edições Sesc, 2017), o leitor é conduzido por um passo a passo do teatro, das principais montagens e personagens que estiveram em cartaz em cinco décadas de programação da sala.
A atriz Fernanda Montenegro disse em depoimento no livro: “O Teatro Sesc Anchieta é, no Brasil, o mais importante centro renovador e alimentador da nossa cultura teatral contemporânea”.
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