Sesc SP

Matérias da edição

Postado em

Livros sem fronteiras

FERRAMENTA DE INCENTIVO À CIRCULAÇÃO DE CONHECIMENTO GANHA NOVOS HORIZONTES COM A PLATAFORMA DIGITAL


Um acervo na ponta dos dedos. Essa é a realidade dos leitores do século 21 que precisam otimizar o tempo, um artigo valioso da contemporaneidade. Por isso, ler no trajeto de casa para a escola, ou para o trabalho, partindo do acesso rápido de um smartphone, tablet ou e-reader, encanta novos adeptos. Outros dois aliados, segundo o educador Marcelo Marinho Jucá, que ministra oficinas relacionadas à leitura, estão ligados ao espaço e à praticidade. “Trata-se de poder carregar um acervo variado e não sentir o peso na bolsa ou na mochila. Além da agilidade de adquirir um determinado livro: o aluguel ou a compra são instantâ-neos pela internet”, ressalta.

Veículo de transmissão do conhecimento que já assumiu a forma de rolos de papiro (espécie de planta), de pergaminho (pele de animal) e de papel (criado na China, chegou ao Ocidente na Idade Média), o livro está num processo de reinvenção. A comercialização de livros digitais teve início com a loja virtual Gato Sabido, voltada unicamente para esse segmento e distribuindo obras de editoras como Zahar. De lá para cá, 294 editoras passaram a produzir e comercializar conteúdo digital.

Esses e outros dados foram levantados pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), em parceria com a Câmara Brasileira do Livro (CBL) e o Sindicato Nacional dos Editores de Livros, no primeiro Censo do Livro Digital, realizado no ano passado. Divulgado em agosto deste ano, o censo ainda apontou para o crescimento de títulos digitais disponíveis no mercado. “O livro digital vai, ao longo do tempo, ganhando espaço e, sem dúvida, leitores. Até mesmo porque há alguns entraves [para os livros físicos]. São poucas as livrarias no país, e a maior concentração ainda é nas regiões Sul e Sudeste”, pondera Luís Antônio Torelli, presidente da CBL.

Mesmo assim, há aqueles que torcem o nariz para o formato e seguem apegados à ideia de que o livro digital colocará um fim ao impresso. “Esse tipo de discurso também ocorreu quando colocaram em disputa o rádio e a televisão, quando esta última surgiu. Tempos depois a própria internet foi acusada de aniquilar outras mídias. Nada acabou. Tudo tem se reinventado e ficado, acredito, cada vez melhor”, afirma Jucá, premiado pelo Programa de Ação Cultural (ProAC) do governo do Estado, na categoria infantojuvenil, com o projeto literário Ora Bolas, Que Horas São no Seu Coração, que une a leitura impressa à digital pelo recurso de QR Codes.

 

DESDE PEQUENO

O hábito de leitura é uma construção que vem da infância e está diretamente associado à influência de mães e de pais, de acordo com a mais recente pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, divulgada em 2016, realizada pelo Instituto Pró-Livro (IPL). Segundo análise feita pelo IPL sobre os dados, um expressivo número de leitores adultos teve mais contato com o livro quando crianças e pela mediação da família. “Quem cria o leitor são os pais e a escola. Quanto aos professores, precisamos capacitá-los para uma metodologia que crie o hábito da leitura já na sala de aula. Isso deve estar no nosso DNA”, defende Torelli.

Por isso, tanto as editoras quanto as principais premiações do segmento já estão de olho nesses leitores mirins. Caso do Prêmio Jabuti – mais antiga premiação literária do Brasil –, que incorporou a categoria digital infantil há dois anos. “Quando começou, o Jabuti tinha apenas oito categorias. Hoje são 29, como a do livro digital infantil. A próxima edição, de 60 anos, deve passar por modificações e o digital é uma nova tecnologia em que estamos de olho”, complementa o presidente da CBL.

Enquanto se aguarda o boom de leitores nativos digitais, as crianças de hoje já navegam por novas histórias cada vez mais intera-tivas e próximas do touchscreen. “Um catálogo muito bacana está se formando nas prateleiras virtuais do mundo. Histórias, ilus-trações, interações, novas possibilidades e recursos. A tecnologia está aí e ela deve ser usada de uma maneira inteligente e lúdica. Ao mesmo tempo, essas mesmas crianças devem ter contato com os livros físicos. Quanto mais experiências e leituras, melhor. Uma coisa não anula a outra”, arremata Jucá.

 


Acervo virtual


AS POSSIBILIDADES ABERTAS COM A INTERNET PODEM AJUDAR NA DEMOCRATIZAÇÃO DO ACESSO ÀS OBRAS E NA AMPLIAÇÃO DO NÚMERO DE LEITORES


A rtes, antropologia, arquitetura, história, ciências e esportes. Estes são apenas alguns dos temas publicados pelas Edições Sesc São Paulo, que também se alinharam ao novo cenário de publicações em bits e bytes. “O Sesc reconhece nos meios digitais e nas possibilidades abertas com a internet, na distribuição de livros, uma ferramenta efetiva para o incentivo à leitura e à circulação de conhecimentos”, explica Jefferson Alves de Lima, coordenador editorial de publicações digitais das Edições Sesc São Paulo.

Para isso, a editora dispõe de um catálogo com 86 títulos digitais. Destes, oito estão, exclusivamente, em formato e-book, enquanto os outros 78 já foram adaptados para o digital. “A criação de acervo pensado para ser exclusivamente digital considera todos os temas e campos que fazem parte da ação do Sesc: da música à cultura digital, da educação e da comunicação à saúde e à alimentação. A diferença talvez seja a forma. Para serem lidos em dispositivos como e-readers, tablets e, de modo destacado, nos telefones celulares, temos optado por livros com formatos curtos, com textos mais próximos da forma do ensaio”, acrescenta Lima.
Entre as obras exclusivas na versão digital, duas foram lançadas na Feira Literária Internacional de Paraty (Flip), em julho.
São elas: Tudo sobre Tod@s, de Sergio Amadeu da Silveira, sobre cultura digital; e Um Fantasma Leva Você para Jantar, de Ulisses Capozzoli, sobre ciências. Confira outros dois lançamentos em formato e-book:


IMPROVISAÇÃO: A REVELAÇÃO DO INESPERADO,

de Mauro Maldonato
Neste ensaio, o médico psiquiatra e professor de psicologia geral na Universidade della Basilicata (Itália) Mauro Maldonato aborda os temas da criação e da improvisação. Com edições em português e em italiano, o livro parte do universo da música, com destaque para o jazz e para as composições eruditas, para abordar os processos e percursos, entre o inconsciente e a consciência, envolvidos no ato de improvisar.

CADERNO SESC_VIDEOBRASIL 12 | METAFLUXUS,

Edições Sesc São Paulo e Associação Cultural Videobrasil
A publicação cria um espaço no qual linhas diversas de pensamento e expressão se cruzam para desenhar um metafluxo hipertextual e imagético que discute temas contemporâneos a partir do pensamento e da obra do filósofo tcheco-brasileiro Vilém Flusser.

 

 

:: @sescrevistae | facebook, twitter, instagram