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Juventudes à mostra

"Meus Pés Estão Lá Fora", 2020, Daiely Gonçalves. (Livro de artista)

NARRATIVAS DIVERSAS REFLETEM SOBRE ISOLAMENTO SOCIAL, CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADES E OUTROS TEMAS NA 30ª EDIÇÃO DA MOSTRA DE ARTE DA JUVENTUDE

 

Consolidada como um espaço de discussão, experimentação e renovação das artes visuais, a Mostra de Arte da Juventude (MAJ) chega a sua 30ª edição com 40 artistas e coletivos participantes entre 15 e 30 anos de idade. O evento, que é bienal desde 2017 e realizado no Sesc Ribeirão Preto, abre ao público, neste ano, no dia 12 de maio, reunindo obras que investigam a produção contemporânea de jovens artistas, suas diversas linguagens e possibilidades.


São pinturas, desenhos, gravuras, esculturas, instalações, performances, fotografias, colagens, lambe-lambes, estamparias e trabalhos em audiovisual, entre outros suportes. “Queríamos que esses 40 nomes fossem os mais diversos possíveis, tanto em termos territoriais quanto de gênero, escolaridade, idade e também de suportes e linguagens artísticas”, explica uma das curadoras da mostra, a pesquisadora e educadora Luciara Ribeiro. 


Nesta edição, a MAJ recebeu a inscrição de mais de 400 trabalhos das cinco regiões do país, das etnias branca, parda, preta, amarela e indígena, e dos gêneros feminino (a maioria, com 48%), masculino e não binário. Também houve uma maior participação de artistas selecionados para além do eixo Rio-São Paulo, envolvendo outros oito estados (Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Bahia, Piauí, Ceará e Pernambuco) e o Distrito Federal.


Proposições temáticas


A pandemia de Covid-19 se reflete nesta edição da MAJ tanto como gatilho para a produção dos trabalhos quanto como tema e meio. O atual contexto sanitário impactou, ainda, a quantidade de inscritos, visto que “as informações e divulgações passaram a circular com muito mais rapidez dentro do mundo digital, o que nos possibilitou ampliar a participação”, observa a curadora Luciara Ribeiro.

Quanto à escolha de temas, muitas obras retratam o isolamento social e o momento político em que vivemos. Além disso, as plataformas digitais incorporaram produções antes feitas estritamente fora da tela. Para o curador André Pitol, “houve um labor com os processos digitais, com as câmeras, com o celular e aplicativos, com o computador”. Dessa forma, ele complementa, “as casas viraram ateliês”.

Outra temática presente nesta 30ª edição é a construção de identidades – gênero, raça e classe. “É um debate contemporâneo, com o qual a juventude está preocupada, discutindo, e isso aparece também [na mostra]”, diz Luciara, que acredita que as novas gerações são responsáveis por atualizar a criação artística. “Provavelmente, essa será a produção futura das artes.” Alinhada às discussões realizadas pelo Sesc em seu programa que discute as juventudes, a mostra apresenta uma possibilidade de expressão de jovens que já são cidadãos com suas próprias perspectivas de olhar o mundo.

As 40 obras selecionadas estarão dispostas em um espaço de 240 metros quadrados, uma sala dupla na unidade que foi reformulada especialmente para a exposição. “Há desde objetos singelos e quase imperceptíveis aos visitantes até trabalhos que tomam partido da presença do eu e do nós nas redes para propor reflexões e contrapartidas dessa faceta do contemporâneo”, detalha o curador André Pitol. 

 

SERVIÇO


30ª Mostra de Arte da Juventude (MAJ)
Sesc Ribeirão Preto
Visitação: De 12/05 a 11/09/2022. De terça a sexta, das 13h às 21h30; sábados, domingos e feriados, das 9h30 às 18h. 
Saiba mais: maj.sescsp.org.br/


* Assista à entrevista com os curadores: youtube.com/watch?v=wyAJgEe4m7k