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Lívio Tragtenberg apresenta ao vivo a música experimental de Guilherme Vaz
Como programação paralela à exposição Guilherme Vaz - Uma fração do Infinito, o compositor, produtor musical e saxofonista, Lívio Tragtenberg, apresenta obras de Guilherme Vaz em duas apresentações no Sesc Pompeia: Sinfonia dos Ares, no dia 29 de junho, e Life-Noise, no dia 30 de junho.
Leia a seguir a entrevista com Lívio Tragetenberg à Eonline:
1) Qual foi o seu primeiro contato com a obra de Guilherme Vaz?
Foi através do cinema de Júlio Bressane com quem já trabalhei em alguns filmes. Assisti O Anjo Nasceu e Fome de Amor e fiquei maravilhado com as trilhas sonoras. Achei extremamente originais e a relação estabelecida entre som e imagem únicas. A partir dai, liguei para ele e travei contato. Fiz alguns programas de rádio, sobre sua obra no meu programa Som De Letra na Radio MEC-FM do Rio em que pude entrevistá-lo.
2) Como o trabalho de Guilherme Vaz dialoga com a sua trajetória como músico?
Abriu novas perspectivas tanto em relação à trilha sonora para cinema, como na relação entre criação musical contemporânea e a tradição da musica indígena brasileira. Um verdadeiro trabalho de um inventor antropológico e estético.
3) Na sua visão, qual a importância das obras Sinfonia dos Ares e Life-Noise para a história da música mundial e brasileira?
Sinfonia dos Ares faz uma abordagem original da musica tradicional indígena e a tradição ocidental da musica com o uso de instrumentos desses dois universos. As partituras gráficas de Life-Noise são a tradução de um momento histórico nos meados dos anos de 1970, onde a busca por novos caminhos de notação estava disseminada pelos grandes centros de criação musical como os Estados Unidos e a Europa. As partituras de Vaz estabelecem um diálogo com o trabalho do Grupo Fluxus, por exemplo.
4) Na peça Life-Noise serão utilizados objetos sonoros e instrumentos inventados. Você poderia comentar um pouco sobre o que são e como foram criados esses instrumentos?
Instrumentos criados a partir de objetos e adaptando objetos do dia a dia, são criações de Marco Scarassatti e Wellington Tiberio, dialogando com instrumentos musicais convencionais e eletrônicos tocados por mim e Emerson Boy.
Sobre Lívio Tragtenberg
Compositor, produtor musical e saxofonista, Lívio Tragtenberg é autor da trilha de diversos filmes (Um Céu de Estrelas, Hoje, de Tata Amaral, Brava Gente Brasileira, de Lúcia Murat, Contra Todos, de Roberto Moreira, entre outros), além de compositor e diretor musical de várias peças teatrais e de espetáculos de vídeo e dança. A criação sonora em espetáculos dramáticos é objeto de seu livro Música de Cena (Ed. Perspectiva, 1999). Criou a Orquestra de Músicos das Ruas de São Paulo e a Nervous City Orchestra em Miami, USA, além da BLIND SOUND ORCHESTRA com músicos cegos tocando filmes mudos. Gravou, no decorrer da sua carreira, vários álbuns, entre eles Temperamental (1993), com Wilson Sukorski, ópera interativa composta de poemas de Décio Pignatari; Anjos Negros (1994), que traz sua obra Orfeu Suíte; Coleção de Novas Danças Brasileiras (2003), em que relê cantigas populares de diversas regiões do país; e Sonoroscópio (2004), trilha do documentário homônimo de Kiko Goifman sobre os sons de São Paulo.
Sobre Guilherme Vaz
Mineiro de Araguari, Guilherme Vaz é um dos pioneiros da arte conceitual brasileira. Nascido em 1948, Vaz é dono de uma obra extensa, que transita por vertentes da música e da arte sonora, das artes visuais e do cinema. A exposição Guilherme Vaz: Uma Fração do Infinito, em cartaz até no Sesc Pompeia, tem sua pesquisa baseada nos multimeios, iniciada ainda no final da década de 1960. Com curadoria de Franz Manata e coordenação de Saulo Laudares, a mostra, de caráter lúdico e participativo, apresenta 50 anos de sua produção e conta com mais de 40 trabalhos, dentre eles: instalações sonoras, esculturas, pinturas, desenhos, fotografias, vídeos, filmes, palestras, atividades educativas e uma cronologia ilustrada.