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Teatro na Quebrada: um convite aos encontros

Por Shirlei Torres Perez*

O Teatro na Quebrada é uma proposta de diálogo. Sete companhias de teatro das periferias de São Paulo foram convidadas pelo Sesc Pinheiros para apresentar sua pesquisa e sua poética, em contato com a região e a comunidade onde se insere. 

Um convite para um breve, mas intenso olhar para as relações entre a criação e a produção artística e seu território. Um olhar para seu lugar na cidade, como criação de conhecimento e como circulação de pensamento. 

Sendo o teatro uma arte da presença, o fazer teatral nas periferias vem se constituindo enquanto se constituem os exercícios de cidadania e de educação coletiva nas diferentes comunidades, que brotam frequentemente da necessidade de diálogo e enfrentamento das questões estruturais e da busca de recursos para ações cotidianas.

Nesse contexto, trata-se muitas vezes de pensar uma arte viável, que busca também tornar viável sua fruição como parte do cotidiano. Criar laços, relacionar-se com as memórias, enxergar e traduzir seu ambiente, formar pensamento e produzir conhecimento, não só como fazer artístico, mas como rede e diálogo em comunidade.

A ideia do Teatro na Quebrada surge de uma reflexão e de uma observação. A reflexão não é nova, e trata de pensar as características e possibilidades de uma estética própria, comum ao teatro produzido e criado nas regiões periféricas. É a respeito da influência do território e dos seus modos de vida na linguagem e na produção do teatro.

Será possível falar em um teatro da quebrada? De que forma a relação com o entorno influencia a linguagem e, a partir disso, é possível pensar em características comuns às produções de grupos localizados na periferia da cidade? A propósito, até que ponto podemos falar em periferia, de forma única, considerando todas as semelhanças, mas também as diferenças?

A observação é sobre a força das redes, e de como determinadas iniciativas artísticas, e culturais, rapidamente absorveram outras funções junto à comunidade, nesse período de pandemia, e diante de suas emergências. 

Desta forma, o Teatro na Quebrada tem duas intenções imediatas: uma delas é acionar a produção artística de grupos que trabalham em forte relação com sua comunidade e o entorno, em um momento em que as redes são acionadas de diferentes formas, em função da pandemia, exigindo um novo olhar para os caminhos já desenhados, nas relações e nos espaços comuns. A outra é apresentar a poética de cada grupo, com suas semelhanças e diferenças, chamando a atenção para a relação entre essa poética e sua pesquisa no entorno. De que forma se dá e como se traduz, em cena, essa investigação.

A proposta visa a também se apropriar das vias de comunicação abertas pelo formato digital e estender esse convite ao público, da forma mais ampla, vencendo distâncias físicas e objetivas que não precisam permanecer no ambiente virtual. 

Para a construção do conteúdo, foram apresentadas seis perguntas, comuns a todos os participantes, propondo, em termos práticos, relacionar os trabalhos estabelecendo parâmetros comuns para a essa produção, criando uma forma possível de diálogo. Ou muitas, conforme o olhar lançado sobre ela. 

No entanto, as perguntas visam também alimentar a discussão em torno da linguagem e da relação entre a criação e a produção artística, e o território em que estão inseridas:

 

Qual é a sua quebrada? 

Como você caracteriza essa região?

Como surgiu o grupo?

Quais as grandes influências artísticas no trabalho do grupo? 

Quais as relações entre seu contexto e seu território e o processo e/ou resultado artístico da companhia?

Como a companhia se define, ou define seu trabalho?

 

Sendo o teatro uma arte do encontro, o Teatro na Quebrada é um convite aos encontros: com a arte, com a cidade, com o pertencimento, e com o trabalho dessas sete companhias.

*Shirlei Torres Perez atua na área de programação, curadoria e projetos em Teatro e Artes Cênicas do Sesc Pinheiros.

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ESTREIA COM GRUPO CLARIÔ DE TEATRO

Localizando seu trabalho em Taboão da Serra, “cidade-dormitório, periferia da cidade de São Paulo”, o Grupo Clariô de Teatro foi fundado em 2005, e desde então mantém sua sede na região. Esse é o local de pesquisa, criação e formação, e de “produção de pensamento para a comunidade local” do grupo teatral.

Com uma pesquisa que busca encontrar uma linguagem DA quebrada, o grupo abre o projeto Teatro na Quebrada neste sábado, 22 de agosto. Assista a partir das 17h no Youtube do Sesc Pinheiros e assine já o canal para não perder a estreia!

Grupo Clariô | Ficha técnica

Direção: Naruna Costa
Cia: Grupo Clariô de Teatro
Elenco: Alexandre Souza, Martinha Soares, Naloana Lima, Naruna Costa, Rager Luan e Washington Gabriel
Captação de som e imagem: Fernando Solidade
Edição de vídeo/montagem: Fernando Solidade
Legendagem: Fernando Solidade
Produção: Washington Gabriel