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Independência ou Morte

Também conhecido como O Grito do Ipiranga, o óleo sobre tela de Pedro Américo de Figueiredo e Melo (1843-1905) data de 1888 e é destaque entre as obras em exposição permanente no Salão Nobre do casarão que, por sua vez, é mais famoso entre os paulistanos como Museu do Ipiranga. O trabalho, encomendado ao artista brasileiro por dom Pedro II (1825-1891), foi criado em Florença, na Itália, e retrata o que teria sido o momento da Proclamação da Independência, no ano de 1822, por dom Pedro I – que teria marcado o ato com o brado “Independência ou morte!”. Com 4,15 metros de altura por 7,60 metros de largura, a tela representa o soberano da até então colônia portuguesa montado em seu cavalo, com espada em punho, ao lado de entusiastas do movimento de libertação da coroa e rodeado por soldados do 1º Regimento de Cavalaria, os Dragões da Independência. Uma curiosidade no conjunto fica por conta da pequena casa, na parte da extrema direita da tela, que servia de pouso às tropas que seguiam pelo chamado Caminho do Mar, que ligava São Paulo a Santos. A construção é hoje conhecida como Casa do Grito, justamente por aparecer na tela. Embora, na realidade, ela date de 1884 – portanto, 62 anos mais “jovem” que o grito.


VISTAS CONTEMPORÂNEAS

Paulo Bruscky Banco de Ideias, exposição no Instituto Tomie Ohtake

Inaugurada no dia 4 de setembro, a retrospectiva do artista multimídia e poeta recifense Paulo Bruscky fica em cartaz até 28 de outubro e reúne cerca de 100 projetos interrompidos, ainda em aberto, entre eles os que foram proibidos pela ditadura militar brasileira. Com curadoria de Agnaldo Farias e do Núcleo de Pesquisa e Curadoria do Instituto Tomie Ohtake, a exposição destaca obras como a série de “classificados” fictícios que divulgavam máquinas fantásticas – incluindo uma que gravava sonhos e também uma aurora boreal “programável” para eventos performáticos. Ao lado desses trabalhos, há ainda uma centena de páginas de cadernos do artista, com propostas que não foram realizadas até hoje – de fato, como um banco de ideias. Também fazem parte da retrospectiva projetos para salões de arte, que foram recusados, e propostas consideradas ambiciosas, em escala e complexidade, e que por isso tornaram-se inviáveis em suas épocas. O banco de ideias de Bruscky – também pioneiro da arte xerográfica e postal no Brasil e que manteve intensa troca de correspondências com Hélio Oiticica (1937-1980) – abriga também relatos de iniciativas suas que foram interrompidas pela censura. Caso da exposição Nadaísta – uma coletiva em “homenagem ao vazio” da qual o artista participou quando se via perseguido por olheiros da polícia militar, e cujo intuito era fazer da ausência de obras de arte uma denúncia de sua própria vigília. Outro destaque é o carro fúnebre com o qual Bruscky percorreu as ruas de Recife, em 1971, num cortejo que simbolicamente levaria ao “enterro” de sua exposição Arte Cemiterial, fechada pelo regime. Instituto Tomie Ohtake. Rua Dos Coropés 88, Pinheiros. Visitas de terça a domingo, das 11h às 20h. Informações pelo telefone (11) 2245-1900. Pela internet no www.institutotomieohtake.org.br e www.facebook.com/inst.tomie.ohtake.