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Espetáculo à parte
Aproveitando o clima de festividades do final de 2012, o Sesc Pompeia ofereceu ao público entre os dias 16 de novembro e 14 de dezembro com o projeto Pompeia Conta Boal, em homenagem ao dramaturgo, diretor e teórico Augusto Boal, morto em 2009. Com curadoria de Sérgio de Carvalho (pesquisador e fundador da Cia. do Latão), de Cecília Boal e do Sesc, a iniciativa resgatou a contribuição do autor para a cultura nacional por meio de um conjunto de encontros artístico-pedagógicos capazes de apresentar seu trabalho em perspectiva histórica e contemporânea. A programação, que incluiu espetáculo teatral, debate, cinema, workshop e show, foi só uma pequena amostra da obra de um dos maiores nomes do teatro brasileiro.
A forte atuação de Boal no Teatro de Arena de São Paulo incentivou a nacionalização de clássicos e, mais que isso, trouxe à tona uma dramaturgia nacional de peso. Para impulsionar essa imersão, ele sugeriu a criação de um Seminário de Dramaturgia, o qual tinha por objetivo revelar e expor a produção de novos autores do país. Cecília Boal, viúva do dramaturgo, reforça sua importância para a construção da cultura nacional.
“Boal introduziu no teatro de Arena uma nova forma de fazer teatro, inaugurando uma ideia de pesquisa permanente em busca de uma identidade brasileira que se traduz numa nova dramaturgia e numa nova forma de atuação”, explica. Com direção ágil e vigorosa, o diretor sempre pregou o realismo no palco. Para Cecília, as peças mais expressivas de autoria de Boal foram Revolução na América do Sul, Arena Conta Zumbi (em parceria com Gianfrancesco Guarnieri) e Murro em Ponta de Faca.
Durante a ditadura militar, mais precisamente em 1971, Boal foi preso e exilado. Desde então, passou a escrever livros teóricos sobre o seu fazer teatral. O mais famoso deles foi O Teatro do Oprimido e Outras Políticas Poéticas, lançado em 1975 em Buenos Aires, no qual apresenta o método teatral que mobiliza o público a realizar um teatro de resistência, partindo de uma análise de várias estéticas.
O teatro do oprimido o tornou mundialmente conhecido: Portugal, França, EUA, Alemanha, Índia e Moçambique foram apenas alguns dos países que o receberam. A viúva do artista chega a brincar com tamanho interesse por Boal: “Seria melhor perguntar em quais países ele não teve influência”.
O dramaturgo também flertava com espetáculos musicais. Um de seus mais famosos feitos foi o show Opinião, sob produção do Teatro de Arena e de integrantes do Centro Popular de Cultura (CPC) da União Nacional dos Estudantes (UNE) – realizado logo após o golpe militar de 1964. “Como todos os brasileiros, Boal gostava bastante de música e trabalhou em parceria com muitos dos grandes compositores da sua geração, como o Edu Lobo, Sidney Miller, Chico Buarque. Igualmente, na Feira Paulista de Opinião, diversos artistas plásticos foram convidados a expressar as suas opiniões através de suas obras”, relembra Cecília. Para ele nada era impossível. “Boal não desistia, não se resignava e tinha uma capacidade enorme de dar a volta por cima.”
“Boal introduziu no teatro de Arena uma nova forma de fazer teatro, inaugurando uma ideia de pesquisa permanente em busca de uma identidade brasileira que se traduz numa nova dramaturgia e numa nova forma de atuação”
Cecília Boal, viúva de Augusto Boal e curadora do projeto Pompeia Conta Boal
Mediterrâneo além do mapa
Em cartaz no Sesc Pinheiros, de 6 de outubro a 13 de janeiro, a mostra The Mediterranean Approach (a abordagem mediterrânea, em tradução literal do inglês) reúne obras de 14 artistas de diferentes países dos arredores do Mar Mediterrâneo. Uma região que, na concepção do evento, extrapola a referência geográfica e é vista como berço de grandes civilizações e uma porta entre o Ocidente e o Oriente. Por meio dos trabalhos apresentados, a exposição pretende evidenciar diferenças e semelhanças entre os povos, com o intuito de conectar todos eles.
Todos os sentidos
Baseada na obra de Nelson Rodrigues, a peça O Grande Viúvo foi apresentada no Sesc Consolação, nos dias 5 e 12 de dezembro, com foco no público deficiente visual.Para a compreensão do que se passa no palco, a montagem ofereceu à plateia recursos para usar sentidos como o olfato, a audição e até o paladar. A atividade fez parte da 3ª Virada Inclusiva, idealizada pelo governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência, em parceria com o Sesc São Paulo – que participou com programações em diferentes unidades.
Artes visuais
Em cartaz no Sesc Santana de 23 de novembro até 24 de fevereiro de 2013, a mostra Um Itinerário Gráfico apresenta nove serigrafias da artista plástica Beatriz Milhazes, realizadas entre 1996 e 2003. Impressos artesanalmente, os trabalhos integram a primeira série de gravuras em grandes dimensões, realizada em colaboração com o escritório norte-americano de impressões Durham Press. A atividade faz parte do projeto ArteSESC, que realiza exposições itinerantes de artes visuais, com mostras da produção brasileira, por diversos estados do país.
Roteiro
Editado pelas Edições SescSP e pela Editora Ouro sobre Azul, o roteiro do filme O Palhaço teve lançamento no dia 13 de dezembro, no CineSesc. O encontro, que teve a participação dos roteiristas Selton Mello e Marcelo Vindicatto e do diretor regional do Sesc São Paulo, Danilo Santos de Miranda, contou também com a exibição do filme.
A volta do Karnak
Surgida em São Paulo em 1992, a banda Karnak se reuniu para duas apresentações no Sesc Vila Mariana, nos dias 5 e 6 de dezembro, em comemoração aos seus 20 anos. A banda, composta por André Abujamra (voz e guitarra), Marcos Bowie (voz e trompete), Hugo Hori (voz, sax e flauta), Eduardo Cabello (guitarra), Kuki Stolarski (bateria) e Mano Bap (guitarra), ficou famosa por fundir diversos ritmos musicais do folclore mundial com a música pop e o rock.
“Às vezes eu me sinto muito palhaço. E às vezes sou meio físico, homem das ciências, audiófilo etc. A gente muitas vezes se deixa levar por momentos”
Arnaldo Baptista em entrevista ao site Mais Soma (www.maissoma.com). O músico se apresentou no Sesc Pompeia, nos dias 15 e 16 de dezembro
“Tem que ter mesmo essa emoção, senão nem tem o porquê de fazer o show. O legal é isso, o sentimento nervoso antes do show, essa adrenalina é sempre bem-vinda”
Tiê ao site Paralelo Mundi (www.paralelomundi.com). A cantora ?e compositora fez show no dia 9 de dezembro, no Sesc Pinheiros
Jazz inglês
Nome essencial no cenário internacional do jazz, o baixista, compositor e bandleader inglês Dave Holland foi destaque na programação do Sesc Belenzinho, com shows nos dias 27 e 28 de novembro. O músico veio ao Brasil acompanhado do quarteto formado por Robin Eubanks (trombone), Chris Potter (saxofones tenor e soprano), Steve Nelson (vibrafone) e Nate Smith (bateria).
Durma-se com um barulho desses...
A peça O Homem, a Besta e a Virtude, de autoria do italiano Luigi Pirandello (1867-1936), conta a história de uma mulher virtuosa, que fica grávida do professor de seu filho. O marido, um rude capitão de navio, há três anos não cumpre com os “afazeres matrimoniais” e se depara com o barulho justo no dia em que retorna para casa. A montagem, com direção de Marcelo Lazzaratto, foi apresentada no Sesc Bom Retiro nos dias 24 e 25 de novembro e 1º, 2, 8 e 16 de dezembro.
Espírito de Natal
Não que alguém dispense os presentes e a farta mesa na ceia, mas o que mais há por trás do Natal, o feriado mais importante do calendário cristão? Essa foi a pergunta que o espetáculo O Natal Presente no Meu Presente de Natal – apresentado no Sesc Carmo nos dias 11, 12, 18 e 19 de dezembro – tentou responder. O lado lúdico e toda a simbologia da data foram trabalhados em quatro esquetes que contaram a história de pessoas que viram no Natal um dia a ser lembrado pelo resto de suas vidas.
Sobre nós
Evento que celebra o aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada em 1948, a Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul – em sua 7ª edição, em 2012 – reúne produções que discutem o tema. A programação, de 23 a 29 de novembro e parte dela exibida no CineSesc, trouxe uma série de títulos inéditos no circuito comercial, como os longas-metragens Hoje, de Tata Amaral (vencedor do Festival de Brasília), e O Dia Que Durou 21 Anos, de Camilo Tavares. A iniciativa da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República foi levada a 26 capitais do país.
Soldadinho brasileiro
Inspirado em O Quebra-Nozes, balé de Pyotr Ilyich Tchaikovsky (1840-1893), a Lenda de Quebra Nozes – Um Musical Brasileiro, como o título sugere, misturou ao enredo original elementos da nossa cultura popular, como o Bumba meu Boi, o Saci e os mamulengos. A montagem gira em torno do mundo da menina Clara, que na tarde de seu aniversário ganha de presente um soldadinho de madeira, achado no lixo de uma mansão. Durante a noite, o boneco ganha vida e tem que enfrentar o Comandante Rato. O espetáculo foi apresentado no Sesc Interlagos, no dia 1º de dezembro, e a adaptação foi do Grupo Permanente de Pesquisa.
Sobre a condição humana
Em Dúplice, espetáculo de dança apresentado no Sesc Itaquera, no dia 8 de dezembro, dois bailarinos, ao mesmo tempo intérpretes e criadores, envolvem linguagens da dança contemporânea, do teatro físico, do clown e da pantomima, além da percussão vocal. O resultado é a criação de um diálogo e reflexões que debatem a condição humana e as atitudes da nossa sociedade. A direção artística do trabalho – que faz parte do projeto da unidade Corpo Depoimento – é de Rodrigo Cruz. Em cena, estão Cruz e Rodrigo Cunha.
Samba no palco
O projeto Samba, Choro e Petiscos, do Sesc Osasco, apresentou, no dia 29 de novembro, o show Amigos da Casa. No palco, Renatinho 7 Cordas, Miguel do Pandeiro e Borrão do Tantã trouxeram um repertório de sambas que marcaram época nas vozes de Nelson Cavaquinho (1911-1986), Cartola (1908-1980), Jorge Aragão, Clementina de Jesus (1901-1987), Arlindo Cruz, Sombrinha, Leci Brandão, Dona Ivone Lara, Reinaldo e Almir Guineto. Houve espaço também para sambas-enredo de escolas de São Paulo e do Rio de Janeiro.
Rock fusion
Formado na cidade de Chicago, nos Estados Unidos, em 1997, por Damon Locks (vocal, teclado e efeitos) e Wayne Montana (baixo, teclado e guitarra), o grupo The Eternals transita pelo rock alternativo e a música eletrônica. A fusão agrega ainda elementos da música jamaicana, do funk e do hip-hop. A banda se apresentou, com abertura dos brasileiros do Bodes & Elefantes, no dia 29 de novembro, no Sesc Pompeia.
O ovo e a galinha
Omelete é um espetáculo circense que mistura esquetes cômicas com números de malabarismo. Foi apresentado no Sesc Santo Amaro no dia 2 de dezembro e voltará à cena em 19 de janeiro de 2013. Os artistas convidam o público a preparar o picadeiro e a participar de diversas trapalhadas e desafios que envolvem pernas de pau, malabarismo com objetos e muito humor. O mote por trás da brincadeira é a clássica e um tanto jocosa pergunta: quem veio primeiro, o ovo ou a galinha? Com a companhia Du Circo.
Estação Grande Sertão
Trata-se de um game criado com base na obra Grande Sertão Veredas, do escritor Guimarães Rosa, sobre a jornada do personagem Riobaldo através do sertão. O jogo, atividade do Sesc Santo André de 17 de novembro a 30 de dezembro, era acessado por meio de uma plataforma, em que o jogador avançava no trajeto do personagem consultando pistas indicadas no livro. O projeto cenográfico é do escritório TG3 e o conteúdo interativo, do Estúdio Usina Animada.
O pai do Pinóquio
A Cia. Ópera na Mala apresentou, no Sesc São Caetano, no dia 8 de dezembro, o espetáculo Gepeto – inspirado na clássica história As Aventuras de Pinóquio, do autor italiano Carlo Collodi (1826-1890). Aqui, porém, a companhia inventa uma história para o “pai” do boneco de madeira, antes de sua criação. Extravagante e criativo, o velho carpinteiro é movido por uma necessidade compulsiva de inventar o mundo ao seu redor.
Lugar ao sol
O Sesc Ipiranga apresentou, no dia 20 de dezembro, a Mostra Oficina de Arte e Cidadania Heliópolis, com a Cia. de Teatro Heliópolis. Na ocasião, a companhia mostrou fragmentos do seu novo espetáculo Um Lugar ao Sol, resultado da pesquisa realizada junto a moradores do bairro da Zona Sul da capital, com base no questionamento sobre o que vem a ser o famoso lugar ao sol. O encontro, que teve participação do pianista e diretor musical do espetáculo, William Paiva, destacou o processo iniciado nas oficinas de teatro realizadas na unidade dentro do projeto Arte e Cidadania em Heliópolis.