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A classe operária retratada em: (Os Sobreviventes)
Título: (Os Sobreviventes)
Escritor: Luiz Ruffato nasceu em Cataguases (MG), em fevereiro de 1961. Filho de um pipoqueiro e de uma lavadeira, formou-se em tornearia-mecânica no Senai de Cataguases e em Comunicação Social pela Universidade Federal de Juiz de Fora. Trabalhou como (nessa ordem): pipoqueiro, caixeiro de botequim, balconista de armarinho, operário têxtil, torneiro-mecânico, jornalista, sócio de assessoria de imprensa, gerente de lanchonete, vendedor de livros autônomo e novamente como jornalista político e econômico, profissão que exerceu em São Paulo de 1990 até 2003, quando passou a se dedicar exclusivamente à literatura.
Enredo do livro: Obra composta por seis contos que retratam com lirismo a dura realidade vivida pela classe operária, utilizando como cenário a cidade mineira Cataguases. Dramas humanos como o amor, a frustação, as virtudes e as fraquezas humanas transcorrem as páginas do livro, em que personagens e lugares das diferentes histórias se cruzam em determinados momentos.
Por que ler: (Os Sobreviventes) obteve Menção Especial no Prêmio Casa de las Américas 2001 de Cuba, e assim como em outras obras de Ruffato, aborda a vida do trabalhador operário urbano, uma característica pouco explorada na literatura brasileira contemporânea. A literatura de Ruffato fala do Brasil e de brasileiros comuns, suas personagens apesar de complexas são pessoas que caminham, trabalham, sentem dores e fome, e, às vezes, sorriem com pequenas alegrias.
Preste atenção: A obra chama a atenção pelo texto ágil e envolvente, por vezes cruel, pelo uso sofisticado de vocabulário, pelas variações talentosas de tipologia e pela pontuação não convencional, referindo-se ao concretismo. Os seis contos de (Os Sobreviventes) – ‘A solução’, ‘O segredo’, ‘Carta a uma jovem senhora’, ‘A expiação’, ‘Um outro mundo’ e ‘Aquário’ – possuem títulos fortes, que representam o seu estilo universal.
Comentários: Segundo o escritor Antônio Torres, “assim em minúsculas e entre parênteses, o título parece apontar para uma intenção do autor: a de extrapolar o seu tom neo-realista, legado pelos escritores italianos do pós-guerra... O cenário – uma decadente Cataguases – por vezes lembra o de certos contos russos passados em cidades mortas... São contos de vidas tão sem saída, que nem chegam à condição de sobreviventes. Este livro é, portanto, o espelho de uma realidade de pobreza, violência e falta de perspectiva... E tudo é tão real que nem parece literatura. Mas é. E de qualidade”.
Outros livros do escritor na Biblioteca do Sesc Pompeia: As máscaras singulares, De mim já nem se lembra, Eles eram muitos cavalos, Estive em Lisboa e lembrei de você, Mamma, son tanto felice, O livro das impossibilidades, O mundo inimigo, Vista parcial da noite.