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Vida longa ao furacão
Com mais de 50 anos de carreira, Tony Tornado se apresenta no Sesc Carmo dia 25/nov ao lado do filho, Lincoln, e da cantora Luana Jones. Leia aqui os principais trechos da entrevista concedida à EOnline por e-mail
Aos 83 anos, Tony Tornado se recusa a envelhecer. Ator e cantor, nasceu Antonio Viana Gomes, em Mirante do Paranapanema (SP), e recebeu a alcunha de “Tornado” por conta de seu modo peculiar de dançar. Fugiu de casa aos 11 para morar no Rio de Janeiro, e de lá foi para os EUA, onde viveu cinco anos. O mestre da soul music nacional, que acumula sucessos como “Podes Crer, Amizade” e “BR-3”, ficou um longo período sem fazer shows, mas recentemente retomou sua rotina nos palcos. A seguir, os principais trechos da entrevista concedida à EOnline por e-mail.
EOnline: Você está acostumado a tocar com o grupo Funkessência, composto por mais de 12 músicos. No Sesc Carmo, a formação será reduzida (com 9 pessoas). Como isso vai influenciar a apresentação?
Tony Tornado: O grupo Funkessência possui a sonoridade perfeita para a nossa apresentação. O show no Sesc Carmo será o segundo que faremos com a formação reduzida, mas garanto que a nossa luta e a nossa verdade estarão presentes em todas as músicas.
EOnline: O que o público pode esperar do show? Você pode nos falar sobre o repertório e a escolha das músicas?
T.T.: O público pode esperar um show bem animado e dançante, com muitas das músicas que fizeram parte de meus discos dos anos 1970, além de uma homenagem ao meu grande amigo Tim Maia.
EOnline: Como surgiu o pseudônimo Tony Tornado?
T.T.: Tony veio pelo meu nome, Antonio, e o Tornado surgiu por conta do meu modo singular de dançar!
EOnline: Sobre sua história: você fugiu de casa aos 11 anos e foi para o Rio de Janeiro, onde chegou a morar na rua. De lá, foi parar nos EUA. Pode falar um pouco sobre esse período?
T.T.: Quando eu tinha 11 anos de idade, fui sozinho para o Rio de Janeiro. Lá me tornei menino de rua, mas dava meus “pulos” vendendo amendoim e engraxando sapatos. Aos 18, entrei no exército, na escola de paraquedismo, onde servi ao lado de Silvio Santos.
Sobre os EUA, fiquei lá por cinco anos, onde fingia trabalhar em um lava-rápido, me escondendo da imigração. Na verdade, eu estava ganhando a vida servindo de confort (“cafetão”) para as garotas, e dando uma ajudinha com os traficantes locais (risos). Nesta época, ainda nos EUA, conheci o Tim Maia, que havia sido preso pela imigração. Chegaram para mim dizendo que um brasileiro tinha sido preso, e tal. Fui lá ver o cara, e era meu amigo Sebastião!
EOnline: Quando voltou dos EUA, você trouxe a black music para o Brasil. Além disso, fez parte do movimento negro e chegou a ser preso por fazer o gesto do grupo Panteras Negras em uma apresentação. Seu show no Sesc Carmo será poucos dias após o Dia da Consciência Negra. Ainda é militante dessa causa?
TT: Quando duas mãos se encontram, formam no chão uma sombra da mesma cor!
EOnline: Quem são seus ídolos? E as grandes influências musicais?
TT: James Brown em primeiro lugar. De influência, além do James, tem tanta gente bacana, como Stevie Wonder, entre muitos outros.
EOnline: A interpretação de BR-3 no V Festival Internacional da Canção, em 1970, ao lado do Trio Ternura, foi um momento de virada em sua trajetória musical. Sabe dizer qual fato mais o marcou em tantos anos de carreira?
T.T.: Além do festival, outro fato que me marcou muito foi, recentemente, quando recebi o convite da minha produtora, a Gato Negro Produções, para voltar a fazer shows. Fiquei mais de 20 anos sem me apresentar com um show completo, e quando fizemos os primeiros, foi muito emocionante!
EOnline: E como ator, qual papel considera mais marcante?
T.T.: Posso citar dois papeis muito importantes. Um deles foi o Gregório Fortunato (“Anjo Negro") que era chefe de segurança do presidente Getúlio Vargas na minissérie Agosto, de 1993, e o outro foi o Rodésio, que trabalhava com a Porcina na novela Roque Santeiro. Mas todos os papeis em geral têm um significado muito importante na minha vida.
EOnline: O Sesc Carmo está localizado próximo à Praça da Sé. Qual a sua relação com o centro de São Paulo?
T.T.: Adoro o centro de São Paulo, a Santa Efigênia, a Praça da Sé. Em 2010, me apresentei na Praça da Sé para umas 20 mil pessoas em comemoração ao Dia da Consciência Negra.
EOnline: Você está com 83 anos. Realiza shows pelo país e já é parte das histórias musical e televisiva do Brasil. Quais os planos a partir de agora?
T.T.: Não sou muito de fazer planos, gosto de viver intensamente. Mas quero continuar atuando e cantando, pois são as minhas grandes paixões.