Sesc SP

A profunda modificação na Área de Convivência e no Ginásio Vermelho do Sesc Consolação que se iniciou em julho chegou ao seu fim. A partir do dia 19/8, às 11h30, o público terá contato com uma extensa seleção de obras espalhadas pelos quase 2 mil metros quadrados que compreendem o espaço expositivo. Nele, objetos dotados de toda uma atmosfera gélida, fruto do trabalho multifacetado do criador do Teatro da Morte anunciam que Kantor está aqui.

Logo na entrada da exposição “Máquina Tadeusz Kantor”, cercada por grades de alumínio onde é possível ser vista pelo público, é vista a “Máquina de Aniquilamento”, obra que fez parte da performance “O Louco e a Freira”, de 1963. A máquina, um emaranhado de cadeiras empilhadas presas por fios e roldanas, se movimentará de hora em hora, por dez minutos. “Uma máquina, que se vale de tudo e de todos para fazer emergir uma nova realidade, uma realidade outra, que vira do avesso todos os significados, todo o conhecido, o estabelecido e o comportado.” – afirmam no texto os curadores Ricardo Muniz e Jaroslaw Suchan.

Em volta dela e ao longo de todo espaço expositivo, a performance dos “fantasmas”, atores da Cia Antropofágica e do Centro de Pesquisa Teatral – de Antunes Filho, ocorre numa sintonia desconexa, como engrenagens de um relógio. Dirigidos pela experiente atriz Ludmila Ryba, que fez parte do grupo de Kantor, eles perambulam como zumbis no espaço expositivo estabelecendo diálogos constantes com as obras “físicas”, estendendo seu significado, desmumificando-as.

No ginásio, estão concentradas a maior parte dos objetos, fotografias, gravuras e vídeos projetados que não seguem uma ordem cronológica, mas partem de manifestos de Tadeusz Kantor. Dividido em sete partes, o labirinto permite ao público encontrar dados concretos sobre a vida e obra do multiartista ligadas ao contexto sócio-histórico do século XX.

Chama a atenção, no centro da exposição, espaço de fuga onde é possível ver praticamente todos os espaços através da estrutura em 360 graus, lá também está “As Crianças no Carro de Lixo”, objeto cênico presente na peça “Numa Pequena Casa Solar”, de 1961. Uma carroça com duas esculturas de crianças que remete a uma terrível cena do pós-guerra . “Esse ‘inferno’ não tinha nada em comum com o da Antiguidade. Estava firmemente arraigado em nosso século, em que nossos interiores se tornavam nosso inferno.”, como definiu o próprio Kantor. Frases como esta permeiam todo o espaço.

Até o café da unidade foi transformado em Café Europa, com as tradicionais cadeiras de madeira, um espaço de entrecruzamentos de ideias e pensamentos, de antes e de hoje, atemporal, como Kantor imaginava. Um local onde poderia um Klimt conversar com Picasso ou Maiakovski bater um papo com Schiller e, por que não, um João trocar um whatsapp com o Chaplin.

Durante a exposição até novembro, uma programação paralela explora o universo do artista. Veja alguns destaques de agosto:

Fantasmas - Com Cia Antropofágica e CPT.

De segunda a sexta, às 12h, 16h e 19h. Sábados, às 11h e 15h. Até 14/11.

Almanaquy

Ciclo de palestras sobre Tadeusz Kantor com o especialista em Kantor, Michel Kobialka.

Quinta, sexta e sábado. Dias 20, 21 e 22/8. Das 15h às 17h.

Grátis!

Retirada de ingressos com 1h de antecedência.

SERVIÇO: