A impactante fotografia de Aylan Kurdi, menino sírio encontrado morto na praia da Turquia, evidenciou o sofrimento que os refugiados passam para tentar salvar suas vidas. Esse episódio fez parte do grande fluxo de pessoas que escaparam dos confrontos da Síria em 2015 e acarretou várias ações de diversos países, em prol dos refugiados.
Atento a essa situação humanitária, o Brasil tomou várias medidas, como a doação de US$ 1,3 milhão para o fundo da ONU para refugiados e a liberação de vistos para permanência no Brasil. Entretanto, ainda são necessárias mais iniciativas a fim de auxiliar a integração dessas pessoas à sociedade.
Um dos principais obstáculos enfrentados pelos refugiados é a compreensão da língua do lugar que os acolhe. Pegar ônibus, pedir informação, entender a sinalização, escolher a refeição, estudar e arrumar emprego, são exemplos de práticas comuns para quem domina símbolos e códigos do país em que vive, mas muito difíceis para alguém que acabou de chegar.
Diante disso, desde 1995, o Sesc em São Paulo realiza trabalhos auxiliando os refugiados, em convênios com o Senac, a Caritas, a Arquidiocesana de São Paulo e a Agência da ONU para Refugiados – ACNUR. Os trabalhos abrangem alimentação subsidiada (por cerca de seis meses), atividades culturais tendo o próprio refugiado como protagonista e, principalmente, o curso básico de língua portuguesa, que está sendo ampliado em 2016.
K.Z*, 32 anos, nigeriano, chegou ao Brasil há 3 meses e, atualmente, cursa as aulas de português no Sesc. Já consegue se apresentar e entender poucas coisas em português, mas não o necessário para ter completa independência. Ele tem o objetivo de arrumar emprego e trazer a sua família em segurança. Essa mesma história é vivida por U.M*, 29 anos, leonês, que chegou ao Brasil em agosto de 2015. Para ocupar o tempo, ele participa de cursos de curta duração como gastronomia e pintura, visando aumentar as chances de conseguir algum emprego e também trazer a sua família.
Em mais de 20 anos de trabalho com refugiados no Sesc, há várias histórias de superação, como a de H.T*, 20 anos, congolês, que frequentou as aulas de português em 2012. “A integração no Brasil foi muito difícil, pois não sabia nada de português, o que dificultava realizar qualquer coisa aqui”, relata. Aprender a língua do Brasil abriu portas. Hoje ele trabalha, participa de palestras relatando sua experiência e cursa o nível superior em produção audiovisual.
O curso de português para refugiados é oferecido nas unidades Carmo, Consolação, Bom Retiro e Belenzinho e tem a duração de 2 meses. Os docentes são contratados pelo SENAC.
*para preservar a identidade dos refugiados entrevistados, utilizamos apenas as iniciais de seus nomes.
Quem são os refugiados?
De acordo com a Convenção de 1951, relativa ao Estatuto dos Refugiados são refugiados as pessoas que se encontram fora do seu país por causa de fundado temor de perseguição por motivos de raça, religião, nacionalidade, opinião política ou participação em grupos sociais, e que não possa (ou não queira) voltar para casa. Posteriormente, definições mais amplas passaram a considerar como refugiados as pessoas obrigadas a deixar seu país devido a conflitos armados, violência generalizada e violação massiva dos direitos humanos. – Fonte Agência da ONU para Refugiados – ACNUR
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