O Som da Orquestra - A Família das Cordas
Marcelo Machado, diretor do DVD - O Som da Orquestra - A Família das Cordas, fala um pouco sobre o processo de produção e expectativas para o lançamento do projeto, que aconteceu no dia 14 de junho de 2013, no Sesc Vila Mariana.
Como surgiu o convite para dirigir o projeto?
Eu havia feito um piloto de programa para o SESCTV chamado "Música de Invenção" sobre uma ideia do João Marcos Coelho. Ele tinha esse outro projeto com o Selo SESC sobre o piano (DVD Piano - Uma História de 300 Anos) e me convidou. O DVD A Família das Cordas é a sequência natural dessa parceria.
Como você se preparou para este projeto? Houve muita diferença da preparação que houve para o DVD Piano 300 Anos?
A grande diferença foram as formações com mais músicos. A estrutura de produção e a formatação é basicamente a mesma, partimos da gravação dos concertos e nos ensaios das entrevistas. O programa feito pelo João segue uma ordenação histórica que contempla os objetivos didáticos do DVD, sabemos o que queremos já na origem, na concepção a ordenação já está dada.
No DVD Piano 300 Anos o posicionamento de câmera privilegia uma imagem limpa das teclas e das mãos. Para o projeto A Família das Cordas, o que você tinha em mente ao pensar o posicionamento das câmeras?
Respeitar a formação dos grupos: duos, quartetos, quintetos e a orquestra de câmera.
Como foi a criação deste roteiro?
Ele é essencialmente um trabalho de curadoria e seleção musical do João Marcos Coelho. Para falar do desenvolvimento dos instrumentos ele escolhe um programa histórico que não só reflete o avanço estético, mas também das técnicas de execução e interpretação. O roteiro de montagem do documentário segue essa orientação buscando selecionar os trechos musicais que melhor representem essa intenção.
Como você caracteriza, em linhas gerais, o ato de desenvolver um projeto educativo de música de concerto?
Acho uma oportunidade única. Trabalhar uma série que possa revelar as bases da formação da orquestra e seus instrumentos é criar um material essencial para o estudo da música. Tenho trabalhado com cinema e televisão sobre música há pelo menos três décadas, mas me interesso por todos os gêneros. Meu último documentário para o cinema, por exemplo, foi o "Tropicália", um painel histórico de três anos definidores nos caminhos da música popular brasileira. Trabalhar com a música de concerto para mim é estar no lugar mais apurado e virtuoso e também no território onde se formam aqueles que estudam música. É um trabalho de base esse projeto.
Como foram as gravações? Alguma curiosidade para destacar sobre esta etapa?
Talvez a maior delas tenha a ver com um aspecto técnico. Tivemos a captação de áudio feita pelo excelente Ulrich Schneider, que é um suíço que vem trabalhando com as melhores orquestras do mundo há muitos anos. Ele tem uma leitura sofisticada das peças que serão executadas e nos ensinou muito sobre como abordar cada uma delas. Essa área de trabalho de onde ele vem tem uma grande tradição e uma das mais apuradas abordagens para garantir a qualidade do som final.
Como foi o trabalho com o João Marcos Coelho?
O João é um musicólogo e jornalista musical que acompanha o desenvolvimento da música e tem uma abertura muito grande para o novo. Uma série de caráter didático e abordagem histórica poderia ser um trabalho tremendamente rigoroso e fechado em si. O João procura não engessar o mundo da música de concerto, trazendo sempre algo novo e inquietante, algo que fale com o presente e o futuro. Que pense onde a música está e para onde ela vai também.
Quais são as suas expectativas para lançamento do projeto?
Que ele chegue nas escolas, que chegue nas crianças, naqueles que estão começando a se interessar por música. Essa é nossa pretensão e meu maior desejo.
Marcelo Machado é cineasta e documentarista, tendo começado sua carreira na Olhar Eletrônico, produtora criada em parceria com Fernando Meirelles, Paulo Morelli e Beto Salatini.
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