Postado em
Projeto Viva Naná! homenageia o percussionista no Sesc 24 de Maio
Naná Vasconcelos, considerado um dos maiores percussionistas brasileiros, ganha programação que inclui quatro shows destinados ao público adulto, um espetáculo infantil, três vivências, uma roda de conversa e a exibição do documentário Diário de Naná
O projeto Viva Naná! homenageia Naná Vasconcelos após dois anos da morte do percussionista. Entre os dias 2 e 10 de junho, o Sesc 24 de Maio realiza programação que envolve diversas linguagens de artistas que foram influenciados pela obra e pela trajetória do compositor. As atividades contam com quatro shows destinados ao público adulto, um espetáculo infantil, três vivências, uma roda de conversa e a exibição do documentário Diário de Naná, que registra o encontro do percussionista com pessoas que usam o ruído para criar música no Recôncavo Baiano.
Para Caíto Marcondes, diretor musical do projeto, é importante lançar luz sobre profissionais obstinados como Naná. “Reunir artistas que têm afinidade com Naná é uma forma de provocar um olhar mais analítico sobre o trabalho dele”, diz Caíto.
Na programação, uma uma série de atividades prestam essa homenagem ao artista; são elas:
Show: Badi Assad, Orquestra de Objetos Desinventados e Voz Nagô - com Pax Bittar, Daniel Alfaro, Eduardo Scaramuzza e Leonardo Rocha, no dia 02/jun
Exibição de documentário: Diário de Naná, no dia 02/jun
Show: Sementeira, Marivaldo dos Santos, Lui Coimbra & Quadril - Quarteto de Cordas, com Ari Colares, Caito Marcondes, Marcos Suzano e Pax Bittar, no dia 03/jun
Vivência: Percussão com Marcos Suzano, no dia 06/jun
Bate-papo: Roda de Conversa Viva Naná, com Patricia Vasconcelos, Matias José Ribeiro, Gil Jardim e mediação de Carlos Bozzo Jr., no dia 07/jun
Vivência: Percussão com Max Bittar, no dia 08/jun
Show infantil: Fada Magrinha, com Lulu Gêmea, no dia 09/jun
Show: Barbatuques e Marlui Miranda, no dia 09/jun
Show: Egberto Gismonti e Duo Ello, no dia 10/jun (ingressos esgotados)
Sobre o artista
Foto: Itamar Crispim
Nascido Juvenal de Holanda Vasconcelos, Naná ganhou o apelido ainda na infância, no Recife. Foi sua mãe, Petronila, quem cunhou a forma carinhosa de se referir ao filho – forma de abreviar “Juvenár”. Mal sabia que, sob a assinatura Naná Vasconcelos, seu rebento se dedicaria à vida artística e seria destaque na música instrumental mundial.
Músico autoditata, Naná começou a tocar ainda cedo. Aos 12 anos já se apresentava em clubes e casas noturnas da região de Olinda. A profissionalização viria apenas anos mais tarde, com a ida para o Rio de Janeiro.
Na capital carioca, teve a chance de se aproximar de Milton Nascimento e fazer participações em dois discos do artista. Trabalhou também com outros músicos e recebeu, então, convite do saxofonista argentino Gato Barbieri para integrar sua banda e viajar pelo mundo.
Apresentações em Nova Iorque e Europa, com destaque para Festival de Jazz de Montreaux, na Suíça, deram boa repercussão ao seu trabalho e, ao final da turnê, decidiu fixar residência em Paris. Lá, gravou seu primeiro disco: Africadeus, de 1971. Menos de um ano depois, lançaria Amazonas, seu segundo trabalho, gravado no Brasil.
Entre as décadas de 70 e 80, o artista viveu em Nova Iorque, onde realizou colaborações com nomes como Talking Heads, B.B. King, Paul Simon, Miles Davis, Art Blakey e Tony Williams, além de participar do grupo Cordona. Seu grande parceiro de vida artística, no entanto, foi Egberto Gismonti, com quem gravou os álbuns “Dança das Cabeças”, “Sol do Meio-Dia” e “Duas Vozes”.
De volta ao Brasil, firmou cada vez mais seu interesse pela brasilidade. Especializado em tocar berimbau, foi apaixonado por todos os instrumentos de percussão e aprendeu a tocar quase todos eles. O artista nunca abandonou suas raízes musicais e, entre diversos trabalhos, trilhou uma trajetória que esbanja virtuosismo musical.
Naná compôs trilhas e músicas para filmes, como Down By Law (1986), de Jim Jarmush; Procurando Susan Desesperadamente (1985), estrelado pela cantora Madonna; Amazonas (1990), dirigido por Mika Kaurismaki, finlandês radicado no Rio de Janeiro. No Brasil, foi indicado para premiações pelos filmes O Primeiro Dia (2000) e Um Copo de Cólera (2000), vencendo o prêmio de melhor música no Festival de Gramado por Entre Quatro Paredes (2005), de Eric Laurene. Também foi produtor da banda Cordel do Fogo Encantado.
O artista foi ganhador do prêmio de melhor percussionista da prestigiosa revista Down Beat por oito vezes, mesmo número de vezes em que foi agraciado com o prêmio Grammy. Deixou um legado musical situado entre a tradição cultural afro-brasileira, o jazz e a experimentação.
Para saber mais
Em 2013, Naná deu um depoimento para a Revista E, comentando momentos importantes da sua vida. Leia aqui.
Café no Bule, álbum lançado pelo Selo Sesc em 2015, reuniu Paulo Lepetir, Zeca Baleiro e Naná Vasconcelos apresentando músicas inéditas, compostas em parceria. Ouça a playlist:
>> Para conferir a programação completa do especial, clique aqui.