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Imersos em catástrofe

Prenúncios + Catástrofes traz experimentação de práticas de audiovisual expandido
Prenúncios + Catástrofes traz experimentação de práticas de audiovisual expandido

Prenúncio
Substantivo masculino
Anúncio ou prognóstico; o que prevê um acontecimento ou anuncia a sua realização por meio de indícios.

Catástrofe
Substantivo feminino
Grande desgraça, acontecimento funesto, calamidade.

Essas duas palavras nomeiam o festival de audiovisual que acontece gratuitamente no Teatro do Sesc Pompeia, às quartas-feiras, entre 13/6 e 11/7. Prenúncios + Catástrofes abre espaço para projetos audiovisuais de artistas que fogem das abordagens tradicionais das desgraças. Atualmente, falar sobre assuntos impactantes não é suficiente para gerar algum choque no público, principalmente quando esse tema já se encontra desgastado. Apesar de possuir diversas  possibilidades de se explorar essa questão, o audiovisual por vezes não consegue retratar catástrofes sem banalizá-las. Os projetos escolhidos pelo curador Lucas Bambozzi escapam da rotina do que já foi feito. Por meio de técnicas do audiovisual expandido, trabalhos de artistas da Grécia, Brasil, Canadá e Uruguai imergem o público em uma experiência que explora seus sentidos, fazendo-o compreender os acontecimentos implacáveis. 

Mas, como surtir esse efeito?

O audiovisual expandido é uma linguagem que extrapola os conceitos do cinema convencional, fundindo-se com técnicas de teatro, performance, apresentações musicais, informática e instalações multimídia, ganhando um novo formato. Os projetos que serão apresentados no Sesc Pompeia desviam-se do padrão para experimentar práticas interdisciplinares e inusitadas do audiovisual. “Em meio à diversidade de expressões e formatos contemporâneos, parece ser necessário enxergar entre as camadas que se sobrepõem, insistir em outras combinações possíveis e arriscar possibilidades dissidentes”, diz Bambozzi. 


Apresentação de Aurora, do grupo brasileiro Cão. (Foto: divulgação).

O programa de concertos estreia no dia 13/6, com Catástrofes Internas Internacionais (IIC - International Internal Catastrophes), produzido pelo músico experimental grego Novi_Sad – que trabalhou com Lars Von Trier – e Isaac Niemand. O projeto retoma expedições em partes remotas da Islândia, com a apresentação, ao vivo, de Novi_Sad. Uma semana depois, no dia 20/6, quem se apresenta é o grupo brasileiro Cão, com a obra Aurora, que insere o público na experiência de se vivenciar a aurora boreal. Já no dia 27/6, toma forma nos palcos Temporal de Santa Rosa, instalação-performance do uruguaio Brian Mackern, inspirada nas interferências radioelétricas causadas pela temporada de chuva típica do Uruguai.

As apresentações no mês de julho iniciam-se com A Conferência dos Pássaros, do brasileiro Arthur Omar, que se inspirou no livro persa com o mesmo nome para desenvolver a obra. E, no dia 11/7, Herman Kolgen apresenta Impakt, sobre o acidente doméstico em que uma haste de metal penetrou seu crânio. Além disso, no dia 12/6, ocorre o laboratório Percepções Sonoras, um bate-papo com Novi_Sad sobre estudos sonoros, com foco em debater a acústica arquitetônica, a construção de paisagens sonoras e as propriedades físicas essenciais do som.

Prenúncios + Catástrofes não é apenas para aqueles que já acompanham produções de audiovisual expandido, mas para qualquer pessoa que queira embarcar em uma experiência que fuja de uma ida normal ao cinema. Como pondera Lucas Bambozzi, o programa possibilita a experimentação do público representações de “paisagens alteradas pela interferência humana, arrebatamentos diante de cenários de escalas incalculáveis e a constatação da pequenez do indivíduo e de sua condição transitória no mundo”.

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