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Um olhar em transformação
As ações em Turismo Social do Sesc, que completam 70 anos em 2018, experimentaram transformações ao longo do tempo. O intuito principal, que residia prioritariamente na democratização do acesso dos trabalhadores do comércio, serviços e turismo às práticas turísticas, tem compartilhado espaço com preocupações igualmente importantes: colaborar para a consolidação de cadeias econômicas em turismo que sejam éticas e sustentáveis; salientar o protagonismo dos participantes; gerar conhecimento a partir de pesquisas e debates sobre as dinâmicas contemporâneas do turismo; desenvolver processos que favoreçam o contato e o respeito pela diversidade; e garantir a fundamental presença dos processos educativos, realizados por meio da educação pelo e para o turismo.
O turismo social é, afinal, parte de um contexto maior – a educação permanente, no qual se integra a outros programas das áreas de cultura, atividade física, saúde e lazer. Ou seja, o turismo no Sesc é um meio para despertarmos a consciência crítica não apenas dos viajantes, mas também dos anfitriões e das empresas que fazem parte deste processo de contatos e trocas simbólicas e materiais. Viagens, passeios, hospedagem social, palestras e bate papos são algumas das formas de se realizar esses objetivos.
Em 2018, a reflexão volta-se para um aspecto que, em essência, caracteriza o turismo social: o direito ao turismo. Afinal de contas, o contexto histórico que assistiu ao surgimento do turismo social – meados do século XX – indicava uma dificuldade de acesso de trabalhadores e membros de classes desfavorecidas ao turismo. Ao longo do tempo, observou-se uma acentuada massificação do turismo, resultando em efeitos sociais e ambientais inéditos em escala planetária e, do ponto de vista comportamental, o turismo passou a ser visto como um expediente praticamente obrigatório na vida das pessoas.
O olhar para os direitos passa a necessariamente ganhar amplitude: em que medida outros direitos – das populações locais e dos trabalhadores do setor turístico – e o meio ambiente ficam ameaçados quando o direito ao turismo se impõe como um valor inquestionável? Quais ferramentas a atividade turística responsável dispõe para lidar com esse cenário?
É sob essa perspectiva que foi idealizado o Seminário Internacional Turismo e Direitos num Mapa de Contradições. Diante de um cenário de crescimento acelerado da atividade turística e de complexificação da garantia dos direitos sociais, a chamada para debates de especialistas e agentes implicados apresenta-se como uma possibilidade para atualizar as leituras sobre os problemas contemporâneos nos quais se insere a atividade turística e, por consequência, o turismo social, descortinando novos caminhos para reflexão e práticas.
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Sobre o Seminário
O "Seminário Internacional Turismo e Direitos num Mapa de Contradições” acontece entre os dias 12 e 13 de Junho, no Sesc 24 de Maio, propondo uma reflexão sobre a democratização do acesso e os impactos das práticas turísticas.
O evento, que compõe as ações comemorativas aos 70 anos do Turismo Social no Sesc em São Paulo, pretende investigar as relações entre turismo e direitos humanos, partindo da percepção já mundial de que se trata de um panorama com graves desequilíbrios. Estão previstos no Seminário debates sobre o significado de desenvolvimento (já que frequentemente a atividade turística é defendida como proposta de prosperidade para os municípios); sobre as políticas de inclusão ou exclusão dos públicos no turismo; sobre os conflitos causados pelo exercício do turismo com relação ao direito dos moradores a suas cidades; sobre os processos que acentuam diversas vulnerabilidades sociais a partir da atividade turística. Para refletir sobre esses temas o seminário recebe estudiosos do Chile, Argentina, Espanha, Austrália, Canadá, México e do Brasil.
As vagas para o Seminário estão esgotadas, mas quem não conseguiu se inscrever ainda pode participar das atividades associadas que estão com inscrições abertas.
Saiba mais em sescsp.org.br/turismoedireitos