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Joaquim Pinto de Oliveira (Tebas)

Protagonista do samba-enredo de 1974 da Escola de Samba Paulistano da Glória, composto por Geraldo Filme, Joaquim Pinto de Oliveira (1721-1811) ficou conhecido como Tebas e imprimiu sua marca na história da capital paulista em igrejas e monumentos que se tornaram cartões-postais, como a torre da primeira Catedral da Sé, o Mosteiro de São Bento e os elementos decorativos da fachada da Igreja da Ordem Terceira do Carmo.

Também foi construído por Joaquim, em 1792, o Chafariz da Misericórdia, que ficava em frente à Igreja da Misericórdia, no cruzamento das atuais ruas Quintino Bocaiuva, Direita e Álvares Penteado, no Centro de São Paulo. Todo talhado em pedra de cantaria e com quatro torneiras, algo que segundo historiadores era um luxo para a época, ele ficou conhecido como “Chafariz do Tebas”, equipamento que também foi o primeiro sistema público de abastecimento de água da cidade.

Tebas nasceu em Santos e foi escravo do português Bento de Oliveira Lima, um conhecido mestre de obras com quem teria aprendido o ofício de arquiteto. Com Lima, ele teria vindo para a cidade de São Paulo atrás de melhores oportunidades de trabalho, numa época de ebulição da construção civil.

A partir da década de 1750, Tebas teve uma ascensão como construtor e foi o responsável por várias obras. É dele a ornamentação das fachadas das igrejas do Mosteiro de São Bento (1766), da Ordem 3ª do Carmo (1777) e da Ordem 3ª do Seráfico São Francisco (1783). Ele também foi responsável pela construção da torre da antiga Igreja Matriz da Sé (1750), bem como pela sua reforma 28 anos depois, quando recebeu a alforria, aos 57 anos. Em janeiro de 1811, aos 90 anos, faleceu, tendo seu velório e sepultamento realizados na Igreja de São Gonçalo.

 

Visibilidade e reconhecimento

Atualmente, o reconhecimento da vida e obra de Joaquim Pinto de Oliveira coincide com publicações de estudos do Brasil e de fora durante a Década Internacional dos Afrodescendentes (2015 a 2024), promovida pela Organização das Nações Unidas (ONU) para o reconhecimento, a justiça e o desenvolvimento desses povos.

Professor emérito da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP), Benedito Lima de Toledo disse em entrevista à revista Leituras da História (2012) que Tebas soube captar a religiosidade da época e expressá-la de maneira muito pessoal. “Essa expressão da religiosidade é que o transformou em arquiteto e as suas obras em arte”, descreveu na publicação.

 

Fonte: Artigo de Abílio Ferreira para a página do Sindicato dos
Arquitetos do Estado de São Paulo – www.arquiteto-sasp.org

 

 


Tebas, negro escravo

(Letra de Geraldo Filme)
 

Profissão: Alvenaria
Construiu a velha Sé
Em troca pela carta de alforria
Trinta mil ducados que lhe deu padre Justino
Tornou seu sonho realidade
Daí surgiu a velha Sé
Que hoje é o marco zero da cidade
Exalto no cantar de minha gente
A sua lenda, seu passado, seu presente
Praça que nasceu do ideal
E braço escravo
É praça do povo
Velho relógio, encontro dos namorados
Me lembro ainda do bondinho de tostão
Engraxate batendo a lata de graxa
E camelô fazendo pregão
O tira-teima do sambista do passado
Bixiga, Barra Funda e Lava-Pés
O jogo da tiririca era formado
O ruim caía e o bom ficava de pé
No meu São Paulo, oi lelê, era moda
Vamos na Sé que hoje tem samba de roda

 

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