Postado em
Viagem Literária
A literatura e a viagem proporcionam a ampliação de horizontes. No contato com um livro ou com uma cultura e uma geografia diferentes das que tem acesso cotidiano, a pessoa é levada a questionar e interpretar novas realidades. Essa relação com o outro ajuda a conhecer novos pontos de vista e renovar as ideias.
Com o objetivo de enriquecer a experiência do viajante, o Sesc desenvolveu o projeto Meus Livros de Viagem, que oferece uma seleção de obras literárias que podem ser consultadas durante as excursões rodoviárias do Programa de Turismo do Sesc (veja boxe Democratização do Turismo).
Criada na unidade Consolação, em 2008, a atividade também acontece em Araraquara e São Carlos e será ampliada em 2012. Assim que as pessoas se acomodam no ônibus, o guia turístico apresenta o acervo e organiza a retirada e devolução dos volumes, que ficam disponíveis em uma mala.
Há livros, guias turísticos, histórias em quadrinhos e CDs que abordam o tema de destino, o universo da viagem, além de outras obras da literatura brasileira e estrangeira de assuntos variados. “Se a viagem tem um caráter mais socioambiental, colocamos títulos nessa linha.
Podem ser livros de ficção que se relacionem aos espaços por onde a excursão vai passar, de pesquisa histórica, de arquitetura, costumes, inclusive livros de ilustração”, afirma o coordenador de programação do Sesc Araraquara, Thomas Castro.
O objetivo da atividade é incentivar a leitura, oferecer informações complementares sobre o destino, além de servir como uma forma de entretenimento durante o trajeto rodoviário. “Há pessoas que retiram dois ou três títulos durante a viagem; em um universo de cerca de 45 pessoas, isso resulta em aproximadamente 130 atendimentos da mala”, diz Castro.
De acordo com a guia de turismo do Sesc Sonia Rosa Alcala, todos se interessam pelos livros, das crianças aos idosos, já que há obras para todas as idades. “O projeto vai ao encontro da expectativa do passageiro porque a pessoa se entretém e troca ideias com quem está do lado sobre o que leu”, diz ela. “Eles acabam fazendo duas viagens, a viagem física para o lugar que estão conhecendo e a viagem através da leitura.”
De acordo com a Assistente de Turismo Social da Gerência de Programas Socioeducativos (Gepse) Denise Kieling, o projeto está ligado à concepção de turismo de experiência, que pretende marcar o viajante de maneira significativa, aprofundando seus conhecimentos. “Os guias abordam muito a cultura de cada local, falam sobre as festas populares, as principais personalidades; então a pessoa desenvolve um olhar diferente sobre aquele ambiente, a experiência vai além do sol e da praia”, afirma a técnica do Programa de Turismo Social da unidade Consolação Ana Cristina de Souza.
Outras viagens
O Sesc também promove outras ações que relacionam turismo e literatura sem necessariamente envolver locomoção, como bate-papos com escritores, jogos, contação de histórias, oficinas e expedições virtuais pela internet. Entre os destaques da programação está o recital poético Rota Literária em Santos, que apresenta um panorama da produção literária sobre o porto de Santos, com textos de Pablo Neruda, Elizabeth Bishop, Narciso de Andrade, entre outros.
Existem ainda as viagens temáticas que abordam a literatura, como o Caminhos de Machado no Rio de Janeiro. O objetivo é estimular os participantes a imaginarem a sociedade do século 19 a partir da comparação de locais da cidade com a leitura de trechos da obra do escritor organizados em uma apostila desenvolvida para a excursão. No ônibus, além de obras de Machado de Assis disponíveis para consulta, são exibidos os filmes O Rio de Machado de Assis e Quanto Vale ou é Por Quilo, baseado no conto Pai contra Mãe.
Democratização do Turismo
As excursões rodoviárias e os passeios de um dia apresentam aos viajantes aspectos da natureza e cultura do país
Desde a década de 1990, a média anual de participantes do Programa de Turismo Social do Sesc varia entre 75 e 80 mil, sendo que cerca de 60% desse total corresponde a hóspedes do Centro de Férias Sesc Bertioga, onde as atividades do programa tiveram início em 1948. Realizadas durante o ano, as viagens estimulam o contato com a natureza e cultura das regiões visitadas e são divididas em passeios de um dia e excursões rodoviárias.
A primeira explora trajetos mais curtos, como um bairro, uma rua ou uma cidade vizinha, e tem como objetivo incentivar um olhar diferente sobre aspectos do cotidiano. Exemplo dessa modalidade, a expedição São Paulo – Capital Nordeste inclui passeio à rua Paulo Afonso, no Brás, para conhecer o comércio popular de produtos nordestinos, almoço em restaurante típico e ida ao Centro de Tradições Nordestinas.
Já as excursões ?rodoviárias contemplam diversos estados do país e têm duração de 2 a 12 dias. Um dos roteiros é o Imigração e Natureza, Litoral e Interior – Blumenau-SC, que inclui passeio de barco pela baía da Babitonga, no trecho de Joinville a São Francisco do Sul, e visita a locais que revelam a influência da imigração italiana e alemã no estado.
De acordo com a Assistente de Turismo Social da Gerência de Programas Socioeducativos (Gepse) Denise Kieling, um dos aspectos explorados nas viagens é a vivência da pessoa com a gastronomia, danças e músicas locais, os ofícios artesanais, a tradição oral e narrativa e a religião. “Nesse processo, os turistas são estimulados a encontrar um novo universo de referências, apreendendo conhecimentos enquanto experimentam o local visitado e fazem sua própria leitura de mundo”, diz.