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Só não vai quem já morreu...
por João Mauro Araujo
Osmar Macedo e Adolfo Nascimento, o “Dodô”, integravam o conjunto musical Três e Meio, grupo que teve participação também de Dorival Caymmi, antes de sua mudança para o Rio de Janeiro no final da década de 1930. Acostumados a receber convites para tocar em festas de amigos – Osmar dedilhando seu bandolim e Dodô acompanhando ao violão –, entre valsinhas e uns poucos frevos, eles comandavam a animação, e as vozes dos presentes acabavam cobrindo o som da banda. Aquilo os incomodava e, quando tocavam mais forte para poder se ouvir, as cordas se quebravam. “Já pensou você tocar um instrumento acústico em festinhas? O cara estourava os dedos”, comenta o músico Aroldo Macedo, filho de Osmar.Na rua, a multidão pula e disputa espaço, seguindo como pode atrás de um enorme caminhão iluminado, que propaga sons pela avenida. Em cima do veículo, a banda toca com uma energia que parece concentrar as vibrações dos milhares de pessoas ao redor. Do alto de um prédio numa esquina é quase impossível enxergar o chão, e tem-se a impressão de que o caminhão também pula. Esse “salto” espetacular foi dado pelos baianos Dodô e Osmar no carnaval de 1950, quando inauguraram o primeiro trio elétrico.
Certo dia os dois amigos foram assistir ao show de um violonista, cujo cartaz prometia algo desconhecido e bastante curioso para a dupla: “Benedito Chaves e seu violão elétrico, recém-chegado dos Estados Unidos”. Chaves “eletrificava” o violão com um captador colocado no instrumento. Embora a apresentação tenha sido marcada por muita microfonia, os ruídos agudos provocados pelo aparelho não diminuíram a admiração dos baianos pela novidade. Dodô, radiotécnico de profissão, pediu licença a Chaves para ver o captador e assim que chegou em casa providenciou uma réplica.
Ao fazer a instalação no violão, eles perceberam que, quanto mais aumentavam o volume do captador, pior ficava a microfonia. Porém, quando o instrumento era pressionado contra o peito, o ruído diminuía. Desconfiando que o problema estava na caixa acústica, a dupla decidiu esticar as cordas em um braço de violão fixado num pedaço de madeira maciça para testar o captador. Foram à loja, quebraram o bojo do instrumento na frente do perplexo vendedor, alegando que só queriam o braço, e retornaram ao “laboratório” para concluir a experiência. Ligaram tudo, aumentaram o volume e não apitou. Nascia a guitarra elétrica brasileira. Só alguns anos mais tarde, em 1947, Paul Bigsby e Merle Travis fabricariam a guitarra elétrica que seria mundialmente conhecida.
Felizes com o sucesso do invento, Dodô e Osmar passaram a tocar “eletrificados”. Vendo aqueles pedaços de jacarandá com braço de cavaquinho ou violão nas mãos dos músicos, o povo logo batizou a ideia: “pau elétrico”. Tempos depois, esse instrumento seria chamado de guitarra baiana. “Tecnicamente, tratava-se de um híbrido de três instrumentos, que naquela época tinha quatro cordas – como o cavaquinho –, a afinação de bandolim e o formato de guitarra”, explica o músico Jackson Dantas.
Ao longo de sua história, a guitarra baiana seria incrementada por fabricantes e entusiastas, com o acréscimo da quinta corda e da alavanca: “Com uma corda a mais, que é um ‘dó’, o instrumento ganha um peso maior”, acrescenta Dantas. A principal revolução de Dodô e Osmar, porém, ainda estava por vir, pois eles queriam tocar no carnaval. Se a grande massa de foliões não podia ir até os músicos, a dupla é que levaria a música eletrificada até ela, a bordo da histórica “Fobica”.
O “veículo”
O passo seguinte na escala das invenções “dodosmarianas” foi transformar um carro velho em um palco para que os músicos pudessem tocar o “pau elétrico” no meio da festa. Para essa etapa o laboratório seria a própria oficina mecânica de Osmar e seu Ford 1929, apelidado de Fobica. Eles começaram os ensaios dessa nova ideia por volta de 1947, na Cidade Baixa, em Salvador. Sobre o carro pintado com desenhos alegres, portando dois alto-falantes, seguiam pelas ruas a “Dupla Elétrica” Dodô e Osmar e alguns percussionistas. Os dois paus elétricos (cavaquinho e violão), ligados num gerador de 2 kVa, enchiam os olhos e os ouvidos dos foliões.
Em 1950, o trio elétrico iniciou uma nova etapa no carnaval baiano, quando alguém convenceu o grupo a levar a Fobica até o outro lado, onde acontecia o desfile de carros alegóricos e calhambeques dos ricos da cidade. “Foram para lá e, quando se juntaram aos clubes e outras entidades, foi uma loucura, com o povo se misturando à elite”, conta Aroldo Macedo.
No ano seguinte, a Fobica cedeu lugar a uma picape Chrysler com oito alto-falantes, e a dupla ganhou o reforço de Temístocles Aragão, que tocava um violão de quatro cordas. A “dupla” virou o “trio elétrico”. Como essa expressão acompanhava o nome da banda escrito nas portas do veículo, a designação se estendeu às demais que seguiam o mesmo estilo. “Na verdade, trio elétrico não é o caminhão, que nada mais é que um palco ambulante, mas as pessoas que tocam as guitarrinhas e o contrabaixo”, afirma o locutor Ubiratan Silva. Segundo ele, o trio é o formato de banda com três instrumentos de corda: duas guitarras baianas e um violão (depois seria contrabaixo), e a percussão de bumbo, surdo e caixa.
Silva é percussionista de uma banda chamada Lateral Elétrica – um projeto idealizado pelo músico Carlinhos Brown com pessoas que fizeram parte da história do trio elétrico –, em cuja formação se mantêm a estrutura e o repertório musical tradicionais. O nome “Lateral” vem do posicionamento dos ritmistas: “Existia uma segregação: o pessoal de cordas ficava em cima do veículo e a gente na lateral, num nível mais baixo. Só que era muito mais gostoso, porque estava mais perto do povo”, brinca Silva. Durante os primeiros 25 anos, os trios elétricos seguiram todos esse modelo, apresentando somente músicas instrumentais. “Só tocava quem sabia, meu amigo!”
Outra grande inspiração na história do trio elétrico foi a passagem pela Bahia, na década de 1940, de 150 músicos da orquestra pernambucana de frevo Vassourinhas. A potência musical do grupo, executando frevos com metais, e a vibração que conseguiam com aquele ritmo contagiaram Dodô, que sonhava com algo parecido para o carnaval baiano. Por isso, já com o trio inventado, Dodô e Osmar passaram a tocar frevos na guitarra baiana, obtendo um efeito muito bom. A partir daí o “frevo à baiana” seria durante décadas o ritmo mais apreciado.
Em 1960, devido à morte do sogro de Osmar, que era o principal carnavalesco da turma, a dupla desanimou e resolveu tirar seu trio da pista. A essa altura apareceu Orlando Campos, com o desejo de ter também o seu carro. Ele fundou o Trio Tapajós, promovendo uma série de inovações, que já sugeriam um empreendimento mais profissional, a cada ano com projetos alegóricos diferentes e novos patrocínios. Com ele, o trio vai além da mídia musical, configurando-se também como espaço publicitário, e passa a exercer funções desvinculadas do carnaval.
Em 1969, Caetano Veloso compôs Atrás do Trio Elétrico, e o Trio Tapajós viajou com o cantor para o lançamento da música no Rio de Janeiro. Anos depois, Orlando Campos homenageou Caetano com um trio especial para dar as boas-vindas ao músico, que regressava do exílio. Como eram tempos de foguetes espaciais, Orlando construiu a Caetanave, talvez o trio temático mais aplaudido como projeto alegórico. “Para mim, ela é a grande obra do trio elétrico, feita na época ainda na base do palmo mais, palmo menos. Até hoje não vejo, em termos de linhas arquitetônicas, nada mais bonito que a Caetanave”, afirma Waldemar Sandes, presidente da Associação Baiana de Trios Independentes. Ele iniciou sua carreira em 1971, no Tapajós, como locutor, que era quem fazia os comerciais, as apresentações e despedidas, além de muita política, e hoje também se dedica a construir trios.
O Tapajós viajou o Brasil inteiro. “As festas mais importantes deste país contratavam o trio elétrico”, lembra Sandes. Por volta de 1973, os filhos de Osmar pediram permissão aos criadores do trio para fazer mudanças na formação tradicional da banda, acrescentando bateria e contrabaixo. Eles montaram o trio elétrico Armandinho (ícone da nova geração), Dodô e Osmar, com banda composta pelos irmãos Macedo, mais o baterista Ari Dias. Depois o cantor Moraes Moreira, ex-Novos Baianos, assumiu os vocais do grupo, sendo então considerado o primeiro cantor de trio elétrico. Moreira é um dos artistas que fizeram releituras das músicas dos blocos de afoxé para o trio, o que já prenunciava os hibridismos rítmicos que se intensificariam na década de 1980.
Os afoxés são grupos carnavalescos vinculados à religião do candomblé. Eles desfilam em Salvador desde o final do século 19 com danças e cantos do culto jeje-iorubano, ao som de orquestra de agogôs, xequerês e três tipos de atabaque (rum, rumpi e lé), reproduzindo o ritmo ijexá, que é lento. “No candomblé existem outros ritmos, mas aqui no Filhos de Gandhy, por causa da associação com a paz, a dança é lenta”, explica Agnaldo Silva, presidente do afoxé Filhos de Gandhy, grupo fundado por estivadores do porto da Bahia em 1949. “Por sua simplicidade rítmica, o ijexá se adapta a qualquer situação. Posso compará-lo ao jazz, porque nele o músico fica livre para criar, improvisar”, afirma Jorge Ribeiro, o “Bob Baiano”, presidente do afoxé Filhas de Olorum.
Conceitualmente, os afoxés e os trios são dois universos distintos, pois o primeiro tem um compromisso religioso e o segundo limita-se à brincadeira. A música dos afoxés é acústica e a dos trios, elétrica. Houve uma permuta e os afoxés passaram a usar o trio como carro de som: “Resolvemos fazer isso porque o número de componentes aumentou e para ir no gogó daqui até o Campo Grande não dava, tinha de colocar o som”, diz Agnaldo Silva. E os trios buscaram os ritmos africanos.
Samba-reggae
Além dos tradicionais afoxés, na metade da década de 1970 são criados os blocos de expressão e mobilização afro-baiana, que, no dizer de Goli Guerreiro, autora de A Trama dos Tambores – A música Afro-Pop de Salvador, “constituem-se em polos nos quais questões étnicas são colocadas em pauta, e seus membros se conscientizam de sua negritude, através da construção de uma identidade que busca a valorização do negro em termos estéticos e culturais”. As duas principais inspirações dos blocos afro são as manifestações tradicionais da cultura afro-baiana e o reggae jamaicano. Dessa fusão nasceu o “samba-reggae” – a transposição do ritmo reggae para os tambores. A invenção dessa modalidade é atribuída por muitos a Antonio Luis Alves de Souza, o Neguinho do Samba. “Ele colocou outros ritmos em cima, foi emendando um pouquinho de cada coisa”, afirma Ivan Santana, maestro do grupo de percussão Swing do Pelô. Outros dizem que se trata de criação coletiva. O samba-reggae foi a escolha do astro pop Michael Jackson para sua gravação com o Olodum.
Toda essa mistura de ritmos gerou grandes mutações no trio elétrico ao longo da década de 1980. Bandas de baile subiram aos trios com um repertório de música popular brasileira e outras influências. A guitarra baiana foi paulatinamente substituída por teclados e guitarras grandes, numa investida mais pop. Surgiram nomes como o de Luiz Caldas, que se popularizou com a música Fricote (“Nega do Cabelo Duro”), Sarajane, Chiclete com Banana, Banda Mel... “Em meados dos anos 1980, eu e meus irmãos vimos o Olodum ensaiando e tocando a música Faraó [de Luciano Gomes dos Santos]. Levamos para o trio, e essa música deu uma reviravolta no carnaval da Bahia”, lembra Jackson Dantas. “Pegamos esses ritmos e adicionamos outros instrumentos musicais. A fórmula deu tão certo que a música baiana foi mudando para o samba-reggae, que hoje é intitulado axé-music”, conta Dantas, ex-integrante da Banda Mel.
Essa tendência levou as bandas pop baianas a conquistar o mercado fonográfico nacional, com discos de ouro e de platina e repetidas aparições no programa do Chacrinha. O axé-music (a princípio samba-reggae executado com tambores e instrumentos harmônicos), termo cunhado de forma pejorativa para designar a música pop baiana, despontou como um grande filão de mercado. Daí os grupos foram seguindo suas prioridades, alguns investindo em marketing sexual, com dançarinas atraentes em coreografias apelativas e letras de duplo sentido. Essa ainda é a estratégia usada por novas gerações de trio: “Como músico, estou muito decepcionado com a música aqui na Bahia, e o axé-music é o grande responsável. Os produtores esqueceram a essência da música e foram para o comercial”, opina Bob Baiano.
O sucesso dessas bandas também ajudou a divulgar o carnaval da Bahia e incentivou a proliferação de blocos de trio e das “micaretas”, os carnavais fora de época em outros estados. Toda essa movimentação musical e mercadológica estimulou a transformação dos grupos carnavalescos em empresas. “É o processo de ‘empresarialização’: os blocos tornando-se empresas, que vão dando origem a produtos, novas possibilidades de negócio”, avalia Paulo Miguez, professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA). “Agora já não é mais só o bloco, é o camarote; já não é mais somente o carnaval, mas também as festas juninas”, complementa.
Miguez compara, por exemplo, a finalidade da corda, que antigamente era carregada voluntariamente por integrantes dos blocos para agrupar as pessoas, que se identificavam pela fantasia comum, e atualmente tem outro significado: “Hoje a função dela é separar o pagante do não pagante, definindo o limite mercantil da brincadeira”. O professor chama a atenção também para o fato de o carnaval baiano ser organizado prioritariamente por um órgão de turismo e não de cultura: “É uma incongruência. Tudo é decidido dentro da lógica comercial, o que é perigoso. A festa precisa de política cultural e não tem”, alerta Miguez. Segundo ele, a escala dos desfiles de blocos e agremiações carnavalescas ilustra isso: “A ordem das apresentações não é determinada em função da diversidade cultural, mas do negócio, depende da mídia, do horário em que o artista vai aparecer em cadeia nacional cantando a música que é o carro-chefe de seu disco, tudo casado”.
Os trios elétricos circulam em dois percursos em Salvador no carnaval, o “Dodô”, que fica no trajeto da orla (de Barra a Ondina), e o “Osmar”, no centro da cidade (de Campo Grande ao Pelourinho). Na organização, a divisão é feita entre blocos de trios e blocos de trios independentes. Os primeiros, pagos e limitados por cordas, são os dos artistas de maior projeção nacional. Os segundos são abertos, compostos por artistas patrocinados por empresas privadas ou órgãos do governo. O trio elétrico Armandinho, Dodô e Osmar foi sempre aberto à participação do público: “Assim a gente não fica preso a um repertório ‘Paguei, quero ouvir isso!’ Pode tocar Jimi Hendrix, Mozart, Beethoven, faz não só um ritmo, mas algo que sirva também para a alma”, diz Aroldo Macedo.
Gigantes
Perto dos trios de hoje, a velha Fobiquinha de Osmar pareceria um triciclo, uma vez que os modernos são verdadeiros hotéis ambulantes, com toda sorte de instalações, para todos os gostos. Waldemar Sandes afirma que os eventos com trio estão mais raros porque os carros cresceram demais: “Ficaram grandes, largos, altos, pesados e perderam a locomoção. Atualmente um trio elétrico chega a pesar 70 toneladas, enquanto a Caetanave, por exemplo, tinha 15. É uma diferença muito grande”.
Esse gigantismo impossibilita também as viagens para o interior da Bahia e outros estados, pois muitas vezes o veículo ultrapassa o limite de carga permitido nas rodovias. “Já está acontecendo de muito trio elétrico ser desmontado na estrada e ter de transferir grande parte do equipamento para um caminhão-baú a fim de passar na balança”, afirma Sandes. Ele alerta ainda para os riscos de acidentes durante o carnaval: “Estão aumentando demais o peso sem pensar que o desfile acontece numa cidade antiga. As galerias ali ninguém sabe como estão. Imagine se um trio daqueles tombar, se uma galeria ceder, o que vai acontecer?”
Outro ponto para o qual Waldemar Sandes chama a atenção é a quantidade e a distribuição de equipamentos de som nos trios. “Acho que o trio elétrico da Bahia pecou por mais de 20 anos, fazendo um som muito agressivo, maltratando o ouvido humano.” Ele diz que as cornetas deveriam ser colocadas no alto, e não na altura do ouvido das pessoas. Embaixo deveriam ficar os graves, mas não com o exagero que vem acontecendo. “Tenho licitações em que a Secretaria de Cultura do estado pede um trio com 48 graves laterais e 20 médios laterais. Na minha concepção um trio elétrico não precisaria de mais do que 24 graves laterais”, avalia.
Devido ao problema da locomoção, hoje em dia existe um mercado nacional muito sólido de vendas e aluguéis de trios elétricos. Os artistas que precisam viajar muito e não têm tempo de colocar seus carros na estrada optam por alugar trios no local onde irão tocar, o que na maioria das vezes já é feito pelo contratante, ou se apresentam em palcos estáveis. Em São Paulo, por exemplo, esse serviço é fornecido pelo menos há 34 anos pela empresa Sol Nascente, do baiano Juvenal Pereira da Silva.
Pouco tempo depois que se mudou para a capital paulista, Silva foi brincar carnaval na Avenida Tiradentes e sentiu falta da animação dos trios elétricos. “Resolvi comprar um caminhão velho, colocar dentro da minha oficina e lançar um trio elétrico. No primeiro ano foi um grande sucesso. Tocava uma fita cassete regravada e nunca vi uma folia tão grande como naquela época”, lembra Silva, que montou o carro intuitivamente. “É uma coisa básica. Basta uma fonte de energia e um veículo para carregar os equipamentos, ligados num sistema. Quer dizer, é como se fosse um rádio ligado na tomada”, explica.
A Sol Nascente fazia muitos eventos também no ramo das micaretas – festas de formatura de colégios, calouradas –, porém os convites diminuíram devido à dificuldade que os organizadores enfrentavam para obter alvarás nas prefeituras. “Entramos e saímos de São Paulo porque temos autorização, mas não se acha mais espaço nem se consegue licença para fazer esses eventos. A gente se sente com as mãos amarradas aqui para desenvolver qualquer trabalho com esse perfil”, lamenta Juvenal Silva.
Em geral, no Brasil as festas de trio continuam acontecendo em terrenos específicos, afastados dos centros urbanos, e as bandas seguem tocando muita música baiana, embora o trio elétrico também comporte cada vez mais outros estilos, como o sertanejo, o forró, o brega... e atue em outros ramos que necessitem de um palco móvel.
Nem o trio elétrico nem a guitarra baiana foram patenteados por Dodô e Osmar, falecidos em 1978 e 1997, respectivamente. “A vontade deles era fazer música, botar para fora a musicalidade que tinham. Então não se preocuparam com patentes, nem de instrumento nem de nada”, comenta Aroldo Macedo. “Meu pai sempre dizia: ‘Não vou ter o dissabor de Santos Dumont, que viu o avião, invento dele, cheio de bombas, matando gente. O trio elétrico é o caminhão da alegria, é para fazer as pessoas felizes, alegres’."