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Alguns descontentes, outros otimistas
A lâmina de fogo que escorre dos gigantescos fornos das siderúrgicas é um espetáculo único. Em forma líquida, o metal derretido se ajusta aos moldes que lhe dão o desenho final, antes de seguir para as indústrias que o transformam em máquinas, ferramentas e utensílios diversos. Nesse trajeto, porém, vêm surgindo obstáculos que ameaçam um importante setor que se orgulha de manter um parque composto de 28 usinas de grande porte, com instalações que estão entre as mais modernas do planeta.
Essas dificuldades – que atendem pelo nome cada dia mais assustador de desindustrialização – poderão, se nada for feito para mudar o curso dos eventos, reduzir a economia brasileira a um conjunto fornecedor de commodities. É o monstro de muitas faces produzido pelas importações em larga escala, não somente de maquinário ou peças, mas mesmo do próprio aço, em concorrência direta com a siderurgia brasileira.
O registro da situação enfrentada pela área siderúrgica compõe a reportagem de capa desta edição, que traz ainda, como contraponto, o relato de um segmento que, a despeito do descrédito e da desconfiança com que vinha sendo tratado, começa a ganhar força no país: a geração de energia eólica. A arrancada aqui é formidável: o aumento do interesse dos investidores locais e a chegada de grandes empresas de fora elevaram os valores dos projetos aprovados pelo BNDES, que alcançaram no ano passado R$ 3,4 bilhões, o triplo do montante registrado em 2010.
A revista aborda ainda a escalada assustadora do câncer, uma doença estigmatizada pelo medo que continua a suscitar, mas que pode muitas vezes ser barrada com a adoção de certos cuidados que são enfatizados pelos médicos. Todavia, também falamos da vida. E da vida pelo nascimento através do parto humanizado, que vem ganhando cada vez mais defensores no campo profissional e adeptos entre as gestantes e seus parceiros – gente que está dizendo sim ao parto natural e não à cesariana.
Enfocamos também a trajetória de três estrelas da música popular brasileira, cantoras que já não estão entre nós, mas que marcaram época e deixaram exemplos como intérpretes da liberdade e da esperança de um Brasil socialmente justo. As histórias de Nara Leão, Clara Nunes e Elis Regina, narradas desde a infância até o sucesso, comovem porque dão ao leitor a exata dimensão das dificuldades que cada uma delas teve de enfrentar para chegar ao estrelato e à fama. Vozes de um Brasil que ficou para trás, mas que até agora não foram superadas ou igualadas.
Abram Szajman
Presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo
e dos Conselhos Regionais do Sesc e do Senac