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Tradições Caiçaras

Saco do Mamanguá em Paraty - RJ | Foto: Dalmir Ribeiro Lima
Saco do Mamanguá em Paraty - RJ | Foto: Dalmir Ribeiro Lima

A EOnline, por conta da realização do Festival de Turismo, convidou a historiadora Ângela Fileno, para contar um pouquinho mais sobre alguns dos roteiros do Brasileiro Que nem Eu, um eixo programático do programa de Turismo Social que busca desvendar territórios ao longo do País que não são conhecidos do turismo tradicional.

Estes roteiros acontecem durante o Festival, mas permanecem como opções na programação do Turismo Social realizado no Sesc em São Paulo. Aqui você conhece o universo do roteiro Tradições Caiçaras, que percorre os arredores de Paraty.

 
MAMANGUÁ, um convite ao encontro

por Angela Fileno

Aceita um bolinho de pobre? Não é raro ser recebido por um caiçara que vive no Saco do Mamanguá com a simpática oferta. A mistura que leva farinha de mandioca, água e sal, por muito tempo substituiu o pão comum, difícil de ser entregue naquela porção afastada do município de Paraty. 

Ainda hoje, o acesso à Área de Proteção Ambiental (APA) que compreende o Mamanguá só é feito por barco ou por trilha. Embora distante do centro histórico de Paraty, relatos de moradores, registros de propriedades e vestígios de construções há muito abandonadas, nos mostram que até o final do século XIX o local era amplamente ocupado pela lavoura da cana de açúcar.

A cachaça era o principal bem produzido na região além, é claro, da farinha de mandioca que é a base da culinária caiçara e ingrediente essencial do bolinho de pobre. Como é difícil viver apenas de cachaça, farinha de mandioca e bolinho de pobre, os moradores do Mamanguá completavam sua dieta com os ingredientes fornecidos pelo mar.

Do diálogo do caiçara com o mar surgiram técnicas de pesca artesanal ainda hoje praticadas pela comunidade. Pesca de fisga, com lance de tarrafa e de batida são algumas das formas do pescador levar, no final do dia, o alimento para casa. Nestes tipos de pesca, o elemento essencial do trabalho no mar é a canoa.

Mais do que um meio de deslocamento capaz de encurtar a distância entre o Mamanguá e Paraty, a canoa é um dos pilares da cultura caiçara da região. É ela que transporta os pescadores para o mar, que leva as crianças para a escola e que enche a comunidade do Cruzeiro em dia de Folia de Reis. De canoa também chega boa parte dos turistas que, em tempos mais recentes, têm acrescentado novos olhares sobre esse ambiente natural e humano tão rico.

No Mamanguá o turista é convidado ao encontro, à interação e à troca de saberes, opiniões, causos e sorrisos próprios de um tipo de viagem que recebe o nome de Turismo de Base Comunitária. Neste roteiro convidamos os participantes a inverterem a lógica daqueles que viajam e deixar ser visitado pelo lugar.

 

 

O Festival de Turismo Brasileiro Que nem Eu é programação associada ao Congresso Mundial de Turismo Social 2014, e acontece de 03 a 19 de outubro em várias unidades do Sesc em São Paulo com viagens, oficinas, bate-papos e apresentações culturais que se inspiram em reflexões e experiências do turismo de base comunitária.

Você pode saber mais em http://sescsp.org.br/brasileiroquenemeu ou imprimir seu guia da programação no Issuu (abaixo) com todas as atividades.

Planeje seu roteiro e compartilhe com a gente os registros da sua viagem utilizando a hashtag #BrasileiroQueNemEu para fazer parte da nossa galeria colaborativa de imagens do turismo social.