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Rios subterrâneos da capital

Não importa em que parte da cidade de São Paulo você está, há um rio passando a pelo menos 200 metros de você. Parece difícil de acreditar, mas a verdade é que a cidade possui 287 rios catalogados em seu mapa hidrográfico. Estima-se que esse número seja ainda maior, com cerca de 3.000 quilômetros de rios e corpos d’água correndo sob o concreto de ruas e avenidas. Eles não são visíveis porque, com a urbanização, foram cobertos pelo asfalto.

ANHANGABAÚ E TAMANDUATEÍ
Durante aproximadamente 300 anos, a vila de São Paulo dependeu de dois rios: o Tamanduateí e o Anhangabaú. Às margens do Tamanduateí, havia um porto, onde pescadores e produtores rurais comercializavam seus produtos. É lá que hoje fica a ladeira Porto Geral, próxima à rua de comércio popular 25 de março.

O crescimento da cidade transformou os dois rios, que na década de 1920 foram canalizados e deram lugar aos parques do Anhangabaú, construído sobre o rio de mesmo nome, e Dom Pedro, feito às margens do Tamanduateí. Ainda se pode observar resquícios do que foi o rio Tamanduateí no canal que passa ao lado do Mercado Municipal.

REDESCOBERTAS
O mesmo processo se repetiu com diversos outros cursos d’água da cidade. Com a intensificação da industrialização de São Paulo a partir de 1930, os rios passaram a dar lugar a ruas e automóveis.

Nos últimos anos, projetos sem fins lucrativos têm buscado mapear e resgatar a história desses rios ocultos. O Cidade Azul (cidadeazul.org), por exemplo, disponibiliza em seu site audioguias para um tour de uma hora pelo bairro da Vila Madalena, destacando a localização e a história dos córregos.

Já o Rios e Ruas (rioseruas.com) organiza passeios e expedições gratuitas para redescobrir nascentes e cursos d’água da cidade. Outra iniciativa, Rios de São Paulo (riosdesaopaulo.org), promove um mapeamento colaborativo em que as pessoas podem registrar e deixar depoimentos sobre o contato com novos rios. Assim, a população pode conhecer a riqueza fluvial da cidade – que ainda existe, apesar de estar escondida.


Fontes: projetos Cidade Azul, Rios e Ruas, Rios de São Paulo e documentário Entre Rios (2009).